São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2008
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SONINHA Competência, "justiça" e emoção
AS ÚLTIMAS semanas têm sido repletas de fatos atraentes até para quem não é aficionado por futebol, só marginalmente interessado (talvez seja o caso de parte dos leitores do caderno): jogos finais de Libertadores e Copa do Brasil, Eliminatórias de 2010, Eurocopa... Eventos como esses reavivam, com novos elementos, as discussões de sempre a influência da arbitragem, da torcida e da mídia no desempenho das equipes (sim, da mídia -quantas vezes já foi dito que o "favoritismo exagerado" de um time acabou prejudicando sua apresentação e/ou servindo como motivação decisiva para o adversário?); a divisão de responsabilidade entre comissão técnica, jogadores e dirigentes por bons e maus resultados; a proporção ideal de talento e esforço, confiança e humildade, união e "personalidade" (ou "individualidade") para que um trabalho dê frutos; a distribuição nem sempre compreensível de mérito e sorte... Até a seleção brasileira, que já não provoca comoção como antes (de tanto que perdeu a graça), voltou a ser debatida com algum fervor depois de empatar com a Argentina e terminar a rodada fora do grupo garantido na Copa da África do Sul. Se alguém acreditasse seriamente que o Brasil pode ficar fora de uma Copa, o calor da discussão seria maior. O problema é que jogadores, dirigentes, comissão técnica e a própria torcida têm, lá no fundo, a certeza de que a América do Sul enviará como representantes Argentina, Brasil e mais dois (ou três). Mesmo que as duas seleções estejam jogando um futebol meia-boca, ninguém consegue conceber que fiquem abaixo de três outros países do continente. Por duas razões, uma delas menos confessável que a outra: porque cremos na superioridade infalível de nosso futebol, ainda que ela demore a aparecer, e porque duvidamos que as autoridades do esporte não interfiram a nosso favor caso a Copa corra o risco de acontecer sem nossa presença. O que seria do maior evento esportivo do planeta sem os pentacampeões? Isso me leva, mais uma vez (tudo no futebol é tão repetitivo como na vida...) a pensar no formato das eliminatórias. Já foi um progresso ter dois jogos de cada vez, economizando em viagens e ganhando mais tempo para o grupo ficar reunido. Ainda são rodadas demais, diluindo o impacto daquilo que é tão cruel e fascinante no futebol: o acaso. No Brasileiro, sou a favor de pontos corridos em turno e returno. É o tal prêmio à regularidade -em contraposição à interessantíssima Copa do Brasil, que recompensa outras qualidades. Mas que regularidade é possível ao longo de quase três anos? Se as eliminatórias são a primeira fase da Copa do Mundo, que se use aqui formato semelhante ao da fase final: divisão em grupos e um torneio curto e fulminante. Pode haver "injustiças", mas esse equilíbrio fajuto do formato atual não tem feito nada bem ao esporte. ![]() Nos próximos meses, estarei afastada das discussões sobre futebol, ao menos em público, mas é provável que nos encontremos em outros cadernos do jornal... Este espaço deverá ser ocupado por outros inquilinos, e eu voltarei (a menos que não me queiram mais) em outubro ou novembro. Até mais. soninha.folha@uol.com.br Texto Anterior: Finanças: Beckham é líder em ranking de salários Próximo Texto: Santos leva goleada e amplia sua crise Índice |
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