São Paulo, quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

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TÊNIS

Happy Slam ou Bad Slam?


Aberto australiano, sempre diferente, vê torcedores "arrombarem a porta" e bagunçarem a festa


RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

A AUSTRÁLIA sempre foi vista como uma terra receptiva, calorosa e, ao mesmo tempo, misteriosa, distante, com um interior longínquo e selvagem, mas também com um lado cosmopolita forte, com cidades grandes e vibrantes.
Em Melbourne, um brasileiro com jeito de surfista e cara de japonês jantando com um indiano, bebendo vinho neozelandês em um restaurante chinês, servido por um grego, por exemplo, não espanta. O Aberto da Austrália deste ano reflete essa naturalidade no mix de culturas, crenças, tipos e estilos. Na chave masculina, por exemplo, sete países foram representados pelos oito quadrifinalistas. Além dos tradicionais suíço, espanhol e sérvio, teve francês, russo, americano e até um finlandês. O feminino viu, além das óbvias belga, russa, americanas e sérvias, uma vibrante polonesa e uma simpática dinamarquesa.
Junte o calor e o clima festivo, e o Aberto foi rotulado por Roger Federer como "Happy Slam", dados alegria, bom humor e descontração que o cercam. Faz sentido. O fato é que o Aberto da Austrália bate neste ano recorde de público. Na semana passada, um único dia teve 63 mil pessoas para ver os jogos, número nunca antes registrado em torneio de tênis. A média da primeira semana superou 50 mil pagantes todos os dias. Mas o clima liberal tem levado a situações de tensão nas arquibancadas, nunca antes vistas no circuito profissional de tênis. Começou com inocente bebedeira. Passou para grande bebedeira. Virou uma grande disputa verbal de torcedores, comum só nas mais disputadas edições da Copa Davis, até interromper jogo, trazer a polícia para a arquibancada para acalmar os ânimos.
Registra-se, assim, o primeiro caso de "torcedores de futebol" em um Grand Slam. Tomara que, diferentemente de muitos boleiros, os tenistas, suíços, russos, espanhóis, americanos, franceses, e até finlandeses, acalmem o coro, exijam silêncio e ajudem a parar com a baderna. Senão, com um bando de engraçadinhos virando a turma do barulho e da agressão, como se fosse futebol, o tênis vai perder toda a graça.

GLOBALIZAÇÃO
Os chineses não escondem: querem o Aberto da Austrália. A idéia é "manter" o primeiro Grand Slam do ano no Pacífico. Mas na China e sem o "Austrália" no nome.

DESAPONTADO
Flavio Saretta se disse "desapontado" por não ter sido convidado para jogar na Costa do Sauípe. A organização quis Marcos Daniel e Thomaz Bellucci. O site oficial é: www. tenisbrasil.com.br/brasilopen.

NA REDE
E, por falar em Tenisbrasil, o site, que festeja dez anos, aproveita a despedida de Guga para sortear raquete autografada pelo tenista.

reandaku@uol.com.br


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