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Ali protagoniza principal momento de celebração
do enviado a Viena
Assim como aconteceu na festa
de abertura dos Jogos Olímpicos
de Atlanta em 1996, o ex-pugilista
norte-americano Muhammad Ali
foi o responsável pelo principal
momento de comoção anteontem durante a cerimônia do
"World Sports Awards", a eleição
dos melhores atletas do século.
A escolha dos organizadores em
conceder o último prêmio da noite à categoria de esportes de combate era mais do que conveniente.
Até mesmo o espanhol Juan
Antonio Samaranch, presidente
do Comitê Olímpico Internacional, em discurso modesto e apolítico, foi encaixado antes dele.
Ao lado de Pelé, Ali era o sujeito
mais fotografado em Viena desde
que desembarcou na capital austríaca, no dia da premiação.
E a noite de gala prometida pelos organizadores austríacos só
poderia ser encerrada por ele.
De tão evidente, seu nome não
foi nem citado no momento da
premiação. O mestre de cerimônia, em vez de falar Muhammad
Ali, disse apenas: "Aquele que um
dia se disse o maior".
E não era necessário falar mais.
Todos sabiam. Ali estava lá para
ser homenageado, não apenas para fazer figuração, como muitos
que compareceram ao evento.
Sugar Ray Leonard
A lista de indicados na categoria
já era um óbvio indício: além dele,
o único pugilista entre medalhistas olímpicos de luta, judocas e lutadores de sumô era Sugar Ray
Leonard, outro espetacular boxeador, mas que em nenhuma lista séria conseguiria superar Ali.
Talvez mais pela doença do que
por seu currículo como boxeador
internacional, ativista político ou
simples figura pública, Ali se
transformou em uma espécie de
pessoa a ser adorada.
Em Viena não foi diferente. Sua
premiação, de longe a mais aplaudida de toda a premiação -o público que lotou o Ópera o aclamou de pé por cerca de três minutos-, acabou por resumir seu
discurso de duas simples frases.
Até os organizadores contribuíram para isso, considerando que
Ali estava incapaz de falar.
Sua reação não poderia ser melhor. Ao primeiro que apareceu
em sua frente, Ali ergueu os pulsos e simulou jabs na direção do
infeliz. Justamente o mestre de cerimônias, que, quase em pranto,
tentava entregar-lhe o troféu, em
vez de ouvir o que ele tinha para
falar.
Apesar de o contrato lhe livrar
dessa obrigação, o mais notável
campeão dos pesos pesados teve,
porém, tempo suficiente para
murmurar que "nenhum campeonato, nenhum combate, fora
capaz de produzir maior emoção" do que aquela que ele sentia
naquele momento.
Um discurso pronto, como foram todos em Viena, mas carregado pela dramaticidade provocada pela doença que Ali sofre há
anos: o mal de Parkinson, que o
faz tremer a toda instante, a ponto
de obrigar as pessoas a reconhecê-lo como o maior de todos os
tempos neste final de século, concordem ou não com isso.
(FSx)
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