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FUTEBOL
Diretoria e técnico divergem sobre "lei do silêncio" dos jogadores
Rachado e "concentrado",
Corinthians pega Guarani
FERNANDO MELLO
da Reportagem Local
O Corinthians, apontado como
um dos maiores favoritos para a
conquista do Brasileiro-99, leva
hoje a campo, às 18h30, contra o
Guarani, no Morumbi, sua maior
crise interna na "era HMTF", que
teve início em abril.
A diretoria do clube e o técnico
Oswaldo de Oliveira estão divergindo sobre a postura dos jogadores, que estão sem dar entrevistas.
A desculpa apresentada pelos
atletas é a de que o time tem que se
concentrar apenas no duelo com
o Guarani, sem se preocupar em
atender aos repórteres.
A divisão entre o diretor de futebol Carlos Nujud e Oswaldo de
Oliveira ficou clara quando a diretoria resolveu, na última sexta-feira, apoiar a greve, ao contrário do
que queria o treinador corintiano.
O "racha" sobre a decisão existe
até dentro do grupo de atletas. De
um lado, estão o volante Vampeta, o meia Ricardinho e o atacante
Edílson, que lideram a represália.
De outro, está o colombiano
Freddy Rincón, que respeita o que
foi determinado, mas não concorda com a greve de entrevistas.
O litígio com a imprensa começou após publicação de fotos de
jogadores, especialmente de
Vampeta, Edílson e Marcelinho,
na noite paulistana.
Duas festas no início da semana
passada tiveram presença de jogadores do Corinthians. No domingo, após o empate com o Guarani, o atacante Luizão comemorou seu 24� aniversário. No dia seguinte, foi a vez de a apresentadora Carla Perez festejar. Marcelinho, Edílson e Vampeta foram fotografados, e alguns jornais publicaram as fotos.
O temor dos jogadores é que a
torcida ligue um eventual tropeço
hoje à tarde com os passeios dos
atletas, como aconteceu com o
Palmeiras, quando, há duas semanas, integrantes da Mancha
Alviverde invadiram o CT do clube e hostilizaram os jogadores. O
maior alvo foi o atacante Paulo
Nunes, que foi chamado de "cachaceiro" e "gandaieiro".
Para evitar que a badalação noturna atrapalhasse o desempenho
da equipe, Oswaldo de Oliveira
anunciou, na terça-feira, que os
jogadores entrariam em regime
de concentração três dias antes da
partida com o Guarani.
No dia seguinte, foram publicadas novas fotos dos jogadores
com modelos em casas noturnas.
Na quinta-feira, os corintianos
anunciaram a decisão de não falar
mais com os jornalistas, o que desagradou ao técnico Oswaldo de
Oliveira. "Eu tentei demovê-los
da idéia de não falar com a imprensa, porque acho salutar uma
convivência pacífica. Mas eles estão irredutíveis e vão ter que arcar
com as consequências. Não posso
pegar a boca de um por um e forçá-los a falar. Eu vou continuar falando normalmente", afirmou.
Carlos Nujud apoiou a decisão
dos jogadores. "É hora de concentração. Eu concordo com a postura deles. A diretoria está dando todo o respaldo para essa atitude."
No treino da última sexta-feira à
tarde, os jogadores saíram em fila,
ignorando a presença dos repórteres. "Eu estou com uma baita
dor de garganta", ironizou o volante Vampeta, entrando no vestiário sem parar para conversar
com os jornalistas.
A greve, de acordo com Oswaldo de Oliveira, dura até hoje, depois do jogo. Mas, se o time não
vencer, ela pode ser prolongada, e
os torcedores não terão acesso às
explicações por mais um eventual
resultado negativo.
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