São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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FUTEBOL
Diretoria e técnico divergem sobre "lei do silêncio" dos jogadores
Rachado e "concentrado", Corinthians pega Guarani

FERNANDO MELLO
da Reportagem Local

O Corinthians, apontado como um dos maiores favoritos para a conquista do Brasileiro-99, leva hoje a campo, às 18h30, contra o Guarani, no Morumbi, sua maior crise interna na "era HMTF", que teve início em abril.
A diretoria do clube e o técnico Oswaldo de Oliveira estão divergindo sobre a postura dos jogadores, que estão sem dar entrevistas.
A desculpa apresentada pelos atletas é a de que o time tem que se concentrar apenas no duelo com o Guarani, sem se preocupar em atender aos repórteres.
A divisão entre o diretor de futebol Carlos Nujud e Oswaldo de Oliveira ficou clara quando a diretoria resolveu, na última sexta-feira, apoiar a greve, ao contrário do que queria o treinador corintiano.
O "racha" sobre a decisão existe até dentro do grupo de atletas. De um lado, estão o volante Vampeta, o meia Ricardinho e o atacante Edílson, que lideram a represália. De outro, está o colombiano Freddy Rincón, que respeita o que foi determinado, mas não concorda com a greve de entrevistas.
O litígio com a imprensa começou após publicação de fotos de jogadores, especialmente de Vampeta, Edílson e Marcelinho, na noite paulistana.
Duas festas no início da semana passada tiveram presença de jogadores do Corinthians. No domingo, após o empate com o Guarani, o atacante Luizão comemorou seu 24� aniversário. No dia seguinte, foi a vez de a apresentadora Carla Perez festejar. Marcelinho, Edílson e Vampeta foram fotografados, e alguns jornais publicaram as fotos.
O temor dos jogadores é que a torcida ligue um eventual tropeço hoje à tarde com os passeios dos atletas, como aconteceu com o Palmeiras, quando, há duas semanas, integrantes da Mancha Alviverde invadiram o CT do clube e hostilizaram os jogadores. O maior alvo foi o atacante Paulo Nunes, que foi chamado de "cachaceiro" e "gandaieiro".
Para evitar que a badalação noturna atrapalhasse o desempenho da equipe, Oswaldo de Oliveira anunciou, na terça-feira, que os jogadores entrariam em regime de concentração três dias antes da partida com o Guarani.
No dia seguinte, foram publicadas novas fotos dos jogadores com modelos em casas noturnas.
Na quinta-feira, os corintianos anunciaram a decisão de não falar mais com os jornalistas, o que desagradou ao técnico Oswaldo de Oliveira. "Eu tentei demovê-los da idéia de não falar com a imprensa, porque acho salutar uma convivência pacífica. Mas eles estão irredutíveis e vão ter que arcar com as consequências. Não posso pegar a boca de um por um e forçá-los a falar. Eu vou continuar falando normalmente", afirmou.
Carlos Nujud apoiou a decisão dos jogadores. "É hora de concentração. Eu concordo com a postura deles. A diretoria está dando todo o respaldo para essa atitude."
No treino da última sexta-feira à tarde, os jogadores saíram em fila, ignorando a presença dos repórteres. "Eu estou com uma baita dor de garganta", ironizou o volante Vampeta, entrando no vestiário sem parar para conversar com os jornalistas.
A greve, de acordo com Oswaldo de Oliveira, dura até hoje, depois do jogo. Mas, se o time não vencer, ela pode ser prolongada, e os torcedores não terão acesso às explicações por mais um eventual resultado negativo.


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