RODRIGO BUENO

Definidos todos os times e os cabeças-de-chave da Eurocopa-2000, fica ainda mais indefinido o provável campeão do torneio.
O que esperar de uma competição que tem quatro fortes cabeças-de-chave e pelo menos outras quatro seleções em condições de ocupar tal posto?
Antes da Euro-96, fiz pouco da República Tcheca. E o time foi à final, passando por Itália, Rússia, Portugal e França, só perdendo da Alemanha na ""morte súbita". Pela previsão (ou falta dela), sou gozado até hoje.
Para a Euro-2000, me antecipei. Já errei logo na escolha dos cabeças-de-grupo. Dava como certa a opção pela França, campeã do mundo, semifinalista na Euro-96, campeã de sua chave nas eliminatórias, segunda no ranking da Fifa e por aí vai.
A Espanha, por liderar o ranking da Uefa, tão ou mais confuso que o da Fifa, teve a honraria de ser cabeça-de-chave. Assim como as sedes Bélgica e Holanda, e a Alemanha, que, mesmo em baixa, é a atual campeã, maior vencedora do torneio e, por sua história, merece o posto.
Injustiça com as campeãs mundiais Itália e Inglaterra, que podem cair no mesmo grupo (poderá haver até três campeões mundiais na mesma chave)?
Creio que não, tendo em conta o que as equipes vêm conquistando. E até os técnicos das duas potências sabem que, especialmente na Eurocopa, ser cabeça-de-chave não traz muitas vantagens. Exceção feita à Eslovênia (tomara não seja a minha República Tcheca do ano 2000), toda equipe presente oferece perigo.
Com a queda dos times mais tradicionais, como Alemanha, Itália e Inglaterra (não estão convencendo nem seus torcedores), com a romântica Holanda sofrendo com Rijkaard (não venceu ninguém em 99), com a instabilidade de França e Espanha (alternam vitórias convincentes com tropeços históricos) e com o crescimento de outras seleções, como República Tcheca, Noruega e Turquia, o que mais impera é a imprevisibilidade.

Notas

Imprevisível 1
A Argentina perde do Español por 2 a 0 e ganha da Espanha pelo mesmo placar. Por que seleções de prestígio ainda aceitam jogar contra clubes?

Imprevisível 2
O goleiro argentino Burgos, de volta à sua seleção, continua dividindo opiniões, agora dentro e fora de campo. Ele e seu grupo musical, Simpatia, lançaram o primeiro CD, que vendeu até agora 10 mil cópias na Argentina e na Espanha.
Imprevisível 3
Cruyff esteve para assumir o Real Madrid, mas está almejando a presidência do Barcelona.

Imprevisível 4
A Escócia caiu na Euro-2000, mas com façanha. Não vencia a Inglaterra em Wembley desde 1981 e não fazia gols na antiga rival havia cinco confrontos. Agora, são 110 jogos, com 45 vitórias inglesas e 41 escocesas.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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