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MOTOR
Sinais de entressafra
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mônaco é o GP para ver e
ser visto, diz uma máxima
da F-1. No paddock improvisado
no porto, executivos circulam pra
lá e pra cá atrás de bons negócios,
modelos desfilam ao lado de celebridades na esperança de serem
clicadas, pilotos de categorias de
base tentam se fazer conhecidos.
Como Heikki Kovalainen. Finlandês, 23 anos, líder da GP2, ele
estava ontem em frente à catraca
que dá acesso a esse mundo de
fantasia. Do lado de fora, junto a
torcedores e curiosos, ainda de
macacão. E atendia a todos que
pediam para serem fotografados
ao seu lado, mesmo sabendo que
aqueles novos "fãs" muito provavelmente não sabiam seu nome.
Sem credencial para superar a
barreira, Kovalainen estava esperando alguém da FIA puxá-lo para o paddock, onde concederia
entrevista coletiva por ter conquistado a pole para a corrida de
hoje. Assim que a obrigação acabasse, porém, seria escoltado até a
saída. E se reuniria aos curiosos.
Um dia talvez essa imagem precise ser resgatada. O finlandês é
um dos melhores da safra, ao lado
de Scott Speed e Adam Carroll. Já
tem contrato com a Renault, deve
colocar uma credencial de F-1 no
peito em dois anos, e, sei lá, vai
que um dia conquista um título...
Ontem, pelo menos, cumpriu
seu papel. Foi pra pista num dia
de folga para a categoria-mãe, ficou em primeiro lugar no grid,
atravessou o paddock -ainda
que rapidamente. Foi visto. Mais
importante ainda, foi notado.
O que chamou a atenção foi o
contraste com cenas registradas
pouco antes, por ali mesmo.
Primeiro, Xandinho Negrão,
atual campeão da F-3 sul-americana, perdeu o controle do carro
na Sainte Devote, bateu, só voltou
à pista no final do treino classificatório e ficou fora do limite de
107% para largar hoje. Logo depois, Nelsinho Piquet, que em
2004 faturou a F-3 inglesa, acertou em cheio o turco Can Artam,
que estava lento, esquentando os
pneus. Voltou a pé para os boxes,
também acima do tempo limite.
Os dois pediram -e conseguiram- autorização para largar.
Para alcançar a F-1, porém, o
buraco é mais embaixo. Nelsinho
deve até chegar lá, tem sobrenome famoso, o pai conhece todo
mundo, e o rapaz passou a quinta-feira no caminhão da Minardi.
Mas o fato é que não há, no cenário, um Kovalainen, um Speed ou
um Carroll brasileiros.
Pode ser coincidência. Pode ser
resultado do esfacelamento das
categorias nacionais de monopostos. Pode ser reflexo do boom dos
campeonatos de turismo. Pode
ser outro diagnóstico qualquer.
Mas o sintoma que começa a se
formar é de entressafra.
Barrichello deve correr mais
dois ou três anos, se tanto. Massa
ainda precisa desencantar. Pizzonia, Zonta e Bernoldi, hoje pilotos
de testes, têm mínimas chances de
serem promovidos. A disponibilidade de apenas 20 vagas no grid
complica ainda mais a situação.
E, assim, ou surge um Guga do
volante, um fenômeno espontâneo, um "salvador da pátria" que
até agora passou despercebido, ou
daqui a alguns anos não haverá
um brasileiro no paddock, para
ver ou ser visto. Pelo menos não
do lado que interessa da catraca.
Seca
Segundo o "Tuttosport", diário esportivo da Itália, a Ferrari já cogita
dispensar Barrichello. Na fase ruim, sua função de tomar pontos de
adversários deixou de fazer sentido. A saída seria mandá-lo para a
Red Bull, que terá os motores italianos em 2006.
Estiagem
Prestes a anunciar a compra da Sauber, a BMW quer pilotos alemães.
A opção lógica para Massa, mantido na estufa pela Ferrari, seria a
Red Bull. Mas se Barrichello for para lá...
Aridez
Para completar, a Toyota anunciou que Panis, e não Zonta, será seu
terceiro piloto em Magny-Cours.
E-mail fseixas@folhasp.com.br
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