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COB e Timemania não têm nada a ver, afirma Teixeira
Presidente da CBF diz que não há motivo para comitê receber porcentagem
da nova loteria
RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A pretensão do COB de receber
dinheiro da Timemania, loteria
criada para os clubes sanearem
suas dívidas públicas, ganhou
uma opositora de peso, a CBF.
À Folha, Ricardo Teixeira, presidente da entidade, condenou a
idéia do Comitê Olímpico Brasileiro. Ele também diz se recusar a
receber Kia Joorabchian, da MSI,
parceira corintiana, e planeja
mais uma reeleição na CBF, pois
afirma precisar do cargo para trazer a Copa de 2014 ao Brasil.
Folha - Os organizadores do Pan-07, no Rio, enfrentam dificuldades.
Aumentaram a previsão de gastos,
pediram 7.500 celulares...
Teixeira - 7.500 celulares? Isso
nem em Copa do Mundo.
Folha - Problemas no Pan podem
atrapalhar a candidatura do Brasil
à Copa de 2014?
Teixeira - Não. A Copa é autofinanciável, dá receita e não é de
uma cidade, é de um país. Não é o
mesmo prefeito, o mesmo governador. Os investidores, empresários são diferentes. Não vai prejudicar a nossa imagem. O futebol
brasileiro é isolado da estrutura
dos nossos esportes. Na Olimpíada, a seleção não usa dinheiro do
COB, do governo.
Folha - Qual sua opinião sobre o
COB pleitear dinheiro da Timemania? E o Ministério do Esporte ser
beneficiado?
Teixeira - O Ministério do Esporte receber dinheiro da Timemania tem tudo a ver, ele criou a
loteria. Agora, o COB não tem nada a ver. Nesse caso, cada esporte
cuida do seu. O futebol, como instituição, não recebe do governo.
Folha - A CBF pensa em pedir verba da Timemania?
Teixeira - Não, nós não queremos dinheiro do governo.
Folha - É para evitar investigações das autoridades ?
Teixeira - Não, nem é por isso só,
não. Primeiro, porque a CBF não
precisa. Segundo, porque, quanto
mais independente você for, melhor será. Em 1990, recebemos
US$ 50 mil da Loteria Esportiva,
isso e nada para seleção é a mesma coisa. Mas você bota isso no
bolo de US$ 7 milhões ou US$ 8
milhões. Então você suja toda essa
operação por causa de US$ 50 mil.
Folha - O senhor não tem interesse em receber dinheiro da Lei Piva?
Teixeira - Nenhum. Alguns esportes, futebol, vôlei, tem um
monte aí que dá para ir sozinho.
Folha - A CBF proibiu a saída de
atletas durante o Brasileiro, mas a
resolução cita casos excepcionais...
Teixeira - Não pode sair. Mas, se
você virou um come-dorme no
Palmeiras, por exemplo, não vou
deixar você encostado lá, sem trabalhar. Agora, esses jogadores
bravos não vão sair.
Folha - O clube alegar que, se não
vender o atleta, não terá como pagar salários é um caso excepcional?
Teixeira - Entendo que não, mas
passarei ao nosso [setor] jurídico.
Folha - Então o Robinho não sai
do Brasil neste ano, mesmo se o
Santos mudar de idéia?
Teixeira - Vamos dificultar ao
máximo qualquer saída.
Folha - O senhor acredita que a
Europa aceitará ficar duas vezes seguidas sem a Copa para que o Brasil receba o Mundial de 2014?
Teixeira - Se puder, eles tiram da
gente mesmo, você não pode bobear, tem que trabalhar. Se bobeasse, a gente não era pentacampeão do mundo.
Folha - Os procuradores do Ministério Público Federal dizem que
vão denunciá-lo até o fim do ano...
Teixeira - Pode denunciar.
Quem vai analisar é a Justiça. Não
conheço ninguém na Polícia Federal. Eles me investigaram e pediram para tudo ser arquivado.
Agora, o procurador diz que tem
prova. Só posso colaborar. Não
discutir porque pagava US$ 300
mil para o Felipão e US$ 100 mil
para o Parreira [motivo de um dos
inquéritos]. O Felipão recebia
US$ 200 mil no Cruzeiro. O Parreira foi contratado com o Brasil
pentacampeão e o futebol se adequando à nova realidade. Insinuam que pago o Parreira por fora. Não recolho o imposto, quem
recolhe aí é quem recebe.
Folha - Com a MSI no Corinthians,
os valores voltaram a subir. Qual
sua opinião sobre a parceria?
Teixeira - Se o dinheiro entra legalmente no país, tudo bem.
Folha - O senhor já recebeu o Kia
Joorabchian, presidente da MSI?
Teixeira - Não, não recebo, ele
não é dirigente de clube. Se recebê-lo, tenho que receber todos os
patrocinadores. Não o conheci,
ele não me procurou.
Folha - Em 2005 o senhor completa 16 anos no poder, pensa em sair?
Teixeira - Quero ser eleito como
membro do Comitê Executivo da
Fifa mais uma vez para ajudar a
trazer a Copa para o Brasil. A eleição será em 2007 [a da CBF, no
segundo semestre de 2006], então
tenho que ficar mais um mandato. Até porque, se ganhar outra
Copa, em 2006, para mim chega.
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