São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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COB e Timemania não têm nada a ver, afirma Teixeira

Presidente da CBF diz que não há motivo para comitê receber porcentagem da nova loteria

RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A pretensão do COB de receber dinheiro da Timemania, loteria criada para os clubes sanearem suas dívidas públicas, ganhou uma opositora de peso, a CBF.
À Folha, Ricardo Teixeira, presidente da entidade, condenou a idéia do Comitê Olímpico Brasileiro. Ele também diz se recusar a receber Kia Joorabchian, da MSI, parceira corintiana, e planeja mais uma reeleição na CBF, pois afirma precisar do cargo para trazer a Copa de 2014 ao Brasil.
 

Folha - Os organizadores do Pan-07, no Rio, enfrentam dificuldades. Aumentaram a previsão de gastos, pediram 7.500 celulares...
Teixeira -
7.500 celulares? Isso nem em Copa do Mundo.

Folha - Problemas no Pan podem atrapalhar a candidatura do Brasil à Copa de 2014?
Teixeira -
Não. A Copa é autofinanciável, dá receita e não é de uma cidade, é de um país. Não é o mesmo prefeito, o mesmo governador. Os investidores, empresários são diferentes. Não vai prejudicar a nossa imagem. O futebol brasileiro é isolado da estrutura dos nossos esportes. Na Olimpíada, a seleção não usa dinheiro do COB, do governo.

Folha - Qual sua opinião sobre o COB pleitear dinheiro da Timemania? E o Ministério do Esporte ser beneficiado?
Teixeira -
O Ministério do Esporte receber dinheiro da Timemania tem tudo a ver, ele criou a loteria. Agora, o COB não tem nada a ver. Nesse caso, cada esporte cuida do seu. O futebol, como instituição, não recebe do governo.

Folha - A CBF pensa em pedir verba da Timemania?
Teixeira -
Não, nós não queremos dinheiro do governo.

Folha - É para evitar investigações das autoridades ?
Teixeira -
Não, nem é por isso só, não. Primeiro, porque a CBF não precisa. Segundo, porque, quanto mais independente você for, melhor será. Em 1990, recebemos US$ 50 mil da Loteria Esportiva, isso e nada para seleção é a mesma coisa. Mas você bota isso no bolo de US$ 7 milhões ou US$ 8 milhões. Então você suja toda essa operação por causa de US$ 50 mil.

Folha - O senhor não tem interesse em receber dinheiro da Lei Piva?
Teixeira -
Nenhum. Alguns esportes, futebol, vôlei, tem um monte aí que dá para ir sozinho.

Folha - A CBF proibiu a saída de atletas durante o Brasileiro, mas a resolução cita casos excepcionais...
Teixeira -
Não pode sair. Mas, se você virou um come-dorme no Palmeiras, por exemplo, não vou deixar você encostado lá, sem trabalhar. Agora, esses jogadores bravos não vão sair.

Folha - O clube alegar que, se não vender o atleta, não terá como pagar salários é um caso excepcional?
Teixeira -
Entendo que não, mas passarei ao nosso [setor] jurídico.

Folha - Então o Robinho não sai do Brasil neste ano, mesmo se o Santos mudar de idéia?
Teixeira -
Vamos dificultar ao máximo qualquer saída.

Folha - O senhor acredita que a Europa aceitará ficar duas vezes seguidas sem a Copa para que o Brasil receba o Mundial de 2014?
Teixeira -
Se puder, eles tiram da gente mesmo, você não pode bobear, tem que trabalhar. Se bobeasse, a gente não era pentacampeão do mundo.

Folha - Os procuradores do Ministério Público Federal dizem que vão denunciá-lo até o fim do ano...
Teixeira -
Pode denunciar. Quem vai analisar é a Justiça. Não conheço ninguém na Polícia Federal. Eles me investigaram e pediram para tudo ser arquivado. Agora, o procurador diz que tem prova. Só posso colaborar. Não discutir porque pagava US$ 300 mil para o Felipão e US$ 100 mil para o Parreira [motivo de um dos inquéritos]. O Felipão recebia US$ 200 mil no Cruzeiro. O Parreira foi contratado com o Brasil pentacampeão e o futebol se adequando à nova realidade. Insinuam que pago o Parreira por fora. Não recolho o imposto, quem recolhe aí é quem recebe.

Folha - Com a MSI no Corinthians, os valores voltaram a subir. Qual sua opinião sobre a parceria?
Teixeira -
Se o dinheiro entra legalmente no país, tudo bem.

Folha - O senhor já recebeu o Kia Joorabchian, presidente da MSI?
Teixeira -
Não, não recebo, ele não é dirigente de clube. Se recebê-lo, tenho que receber todos os patrocinadores. Não o conheci, ele não me procurou.

Folha - Em 2005 o senhor completa 16 anos no poder, pensa em sair?
Teixeira -
Quero ser eleito como membro do Comitê Executivo da Fifa mais uma vez para ajudar a trazer a Copa para o Brasil. A eleição será em 2007 [a da CBF, no segundo semestre de 2006], então tenho que ficar mais um mandato. Até porque, se ganhar outra Copa, em 2006, para mim chega.


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