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BOXE
Na vitória contra veterano, brasileiro exibe dificuldades em encontrar a distância ideal e com a defesa
Popó expõe deficiências em "amistoso"
da Reportagem Local
O brasileiro Acelino Freitas, o
Popó, 24, exibiu deficiências ao
buscar a distância ideal e também
em sua defesa, mas venceu anteontem o veterano argentino
Claudio Martinet, 35, por nocaute
no terceiro assalto, no estádio da
Fonte Nova, em Salvador.
Com a vitória, o baiano agora
tem um cartel de 23 vitórias, todas
definidas por nocaute. Popó é
campeão pela OMB (Organização
Mundial de Boxe), quarta entidade em ordem de importância a
controlar o boxe mundial.
O cinturão não esteve em jogo,
pois a luta foi disputada acima do
limite dos superpenas (59,02 kg).
Isso é permitido quando um campeão participa de combates não-válidos pelo título.
O adversário é campeão argentino e sul-americano dos pesos-penas (limite de 57,2 kg), uma categoria abaixo à do brasileiro.
Martinet, que chegou a disputar o
título dos pesos-penas contra
Tom Johnson (perdeu em sete assaltos, em 1996), é um rival naturalmente mais leve que Popó.
Mesmo anteontem, ambos lutaram enquadrados em categorias
distintas, apesar de haver sido
anunciado que ambos se enfrentariam como leves (61,29 kg).
Popó, segundo os gráficos da
TV Globo, que promoveu e transmitiu a apresentação, estava com
61,9 kg, atuando portanto entre os
meio-médios-ligeiros. O argentino, por sua vez, com 60,6 kg, lutou
entre os leves, novamente uma
categoria abaixo à do brasileiro.
Visualmente, porém, Popó parecia estar ao menos duas categorias acima do oponente, que agora acumula 59 vitórias (26 nocautes), dez derrotas e cinco empates.
Outro problema que prejudicou
o argentino é o fato de, em seu
combate anterior (uma derrota
para Victor Hugo Paz), ter sofrido
um corte no supercílio, o que o
impediu de treinar com sparrings
(simulação de luta com outros
pugilistas) nos meses de agosto,
setembro e outubro.
Popó também não estava em
suas melhores condições.
Após sua primeira defesa de título, contra Anthony ""Maestrito"
Martinez, em outubro, engordou
oito quilos, necessitando ficar
duas semanas hospedado em um
spa para eliminar o excesso.
Segundo a equipe do lutador
baiano, sua participação em combates não-válidos pelo título seria
uma forma de forçar o pugilista a
permanecer sempre em forma.
Além de demonstrar dificuldades para encontrar a distância
ideal para enfrentar o adversário,
errando diversos golpes, o baiano
também exibiu algumas deficiências em sua defesa.
Em pelo menos duas oportunidades o brasileiro pareceu ter sentido os socos aplicados em contragolpes do argentino, dez centímetros mais baixo do que ele.
Após o término do combate, o
próprio Popó admitiu ter sentido
um golpe do oponente.
O argentino, canhoto, demonstrou, desde o assalto inicial, possuir boa movimentação, evitando
se tornar um alvo fixo para os potentes golpes do brasileiro.
Enquanto o baiano perseguia o
oponente, Martinet adotava os
contragolpes como arma.
No final do segundo assalto, o
brasileiro encurralou o adversário
em um córner, onde conseguiu
colocar golpes em combinação.
No terceiro assalto, Popó levou
Martinet novamente ao córner,
por duas vezes. Na última delas,
acertou golpe no rosto do oponente -mas não nos pontos mais
sensíveis, como a ponta do queixo
ou as têmporas.
Martinet agachou-se, forçando
o árbitro a abrir contagem e a encerrar a luta. Logo depois, o argentino ergueu-se e caminhou,
sem necessitar de auxílio, em direção a seu próprio córner.
(EDUARDO OHATA)
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