da Reportagem Local

O contrato de Rincón ameaça tumultuar a participação corintiana na decisão do Campeonato Brasileiro, na próxima quarta-feira, e até no Mundial de Clubes, que começa em 5 de janeiro.
A contusão que o jogador sofreu na primeira partida das finais do Campeonato Brasileiro, no último dia 12, no Mineirão, não teria sido o único motivo para que ele ficasse fora do jogo de ontem, no Morumbi, dando lugar ao reserva Gilmar.
O outro motivo é financeiro. Rincón, que não quis falar sobre o assunto ontem, não está conseguindo receber o seu pagamento, fixado em US$ 80 mil mensais, entre salários e aluguel de passe, de acordo com a cotação do dia da moeda norte-americana.
O dólar estava cotado a R$ 1,81 na sexta-feira, mas ele vem recebendo seu salário como se o valor fosse R$ 1,40.
O dólar, que no início de seu contrato estava em torno de R$ 1,00, chegou a R$ 2,10 este ano, mas o salário não acompanhou a cotação.
Encarando a dificuldade de negociação como uma falta de reconhecimento ao seu trabalho, o jogador teria decido aceitar a oferta do Flamengo, de US$ 120 mil mensais, mais o pagamento da multa pela rescisão do contrato, que expira em junho de 2001.
O presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, já chegou a anunciar a sua contratação na última semana.
Ele é o único do grupo com salário em dólar. O zagueiro paraguaio Gamarra, que foi para o Atlético de Madrid após o Paulista, também tinha contrato em dólar e também teve problemas para receber pela cotação real.
A diretoria e a comissão técnica do clube negaram a existência do problema. "Isso é terrorismo, é besteira. O Rincón tem contrato de dois anos com o Corinthians. Ele vive em São Paulo, tem mulher e filho paulistas. É mais um terrorismo dos cariocas contra o Corinthians", disse ontem o presidente do clube, Alberto Dualib.
Já o médico Joaquim Grava disse que Rincón só não jogou ontem porque apresentou dores no teste que fez antes do jogo. "Optamos por não escalá-lo para que o problema não se agravasse, diante da possibilidade de haver um terceiro jogo para decidir o título."
Caso se confirme a saída do colombiano, o Corinthians perderá um dos responsáveis por colocar o time entre os melhores do Brasil desde o início do ano passado.
Rincón, que defendeu o Palmeiras nas temporadas de 1994 e 1996 e estava no Real Madrid antes de se transferir para o Corinthians, em 1997, foi titular da seleção da Colômbia nas três últimas Copas do Mundo.
No jogo de ontem, a presença de Gilmar mudou um pouco a forma de o time atuar. Com menos técnica e liderança, mas mais vigor do que o titular, Gilmar fixou-se à frente dos zagueiros, tapando o buraco que vinha expondo o time ao longo do Brasileiro.
Ao contrário de Rincón, Gilmar praticamente desaparecia quando o time recuperava a posse de bola, mas anulou o meia atleticano que caía por seu setor, Belletti ou Robert. (MS, AGZ e JAB)