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FUTEBOL
Clube se vê obrigado a investir nas categorias de base e a caçar patrocínio por não ter como faturar com jogadores
Sem passe, Botafogo precisa ser moderno
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
RICARDO PERRONE
ENVIADOS ESPECIAIS A RIBEIRÃO PRETO
O Botafogo pode até não conquistar o título do Paulista deste
ano, mas poderá sair da decisão
como um clube revolucionário,
menos por opção ideológica e
mais por contingência.
Se quiser crescer a partir da final
inédita em sua história, o clube de
Ribeirão Preto, com quase R$ 22
milhões de dívida, terá que consultar a cartilha dos "gurus" que
bradaram nos últimos anos pelo
fim do passe, pois o desmanche
inevitável do time não renderá
bons dividendos. Até então, vinha
sendo regra: clube pequeno que
chega à final, vende todo o time
para ganhar dinheiro.
Só que pelo menos seis dos
principais atletas do Botafogo têm
passe livre e querem sair após a final. Nesses casos, o clube nada recebe pelos negócios.
Diz a cartilha do futebol moderno que as novas fontes de receita
dos clubes têm que vir da TV, da
bilheteria, da venda de produtos
licenciados e dos acordos de patrocínio e parceria.
A diretoria do clube luta para
obter com a final bons contratos
de patrocínio para o Brasileiro,
onde o risco de rebaixamento é
grande, já que quatro times cairão
para a segunda divisão.
Os contratos dos jogadores que
possuem passe livre terminaram
antes mesmo da semifinal, mas,
diante da classificação surpreendente, a diretoria botafoguense os
prorrogou até o final deste mês.
E depois?
"Não gosto de falar sobre o futuro antes da final, mas é claro que
tenho pretensão de jogar em uma
equipe grande", diz o atacante
Robert, que, mesmo aos 20 anos,
tem passe livre.
Na mesma condição estão o zagueiro Chris, o lateral Jadílson, o
volante Douglas, o zagueiro Augusto e o meia Robson Nesse, todos destaques do time.
Robert, um dos artilheiros do
Botafogo (seis gols), conseguiu o
passe na Justiça após disputa com
o Coritiba, do Paraná. A liberdade
veio em janeiro, portanto antes da
lei que pôs fim ao passe, baixada
por medida provisória em março.
A medida manteve os direitos
dos clubes sobre os passes apenas
no caso de jogadores formados
nas categorias de base.
Para contratos firmados antes
de março último, ainda não há
consenso no que diz respeito ao
direito de o clube obter recursos
com a venda dos atletas.
"Daqui pra frente, só vai ganhar
com venda de passe quem tiver
estrutura e investir na base. É isso
que eu digo para o Botafogo fazer,
investir em centro de treinamento, caso contrário, disputa o título
neste ano e cai no ano que vem",
disse o técnico Lori Sandri.
Quase todos os demais "libertos" botafoguenses estão em situação parecida ou igual a do atacante Robert. Chris também ganhou o passe em disputa jurídica
e pode voltar a jogar na Escócia, já
que o Glasgow Rangers tem a preferência para comprar seu passe,
avaliado em US$ 1 milhão.
O presidente do clube, Ricardo
Cristiano Ribeiro, disse torcer para que algum jogador que tenha o
seu passe preso ao Botafogo se
destaque nas finais, o que poderia
atrair compradores, antes que o
contrato termine.
Esse é o caso do goleiro Doni,
que tem compromisso até o fim
do ano. "O clube sempre investiu
na gente pensando em fazer dinheiro. Não quero sair como um
bandido, sem deixar que o Botafogo tenha retorno com a minha
saída", afirmou o jogador.
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