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Dunga já admite que está sob pressão
Após segunda derrota, treinador cobra mudança de atitude do time amanhã
"Todos querem mandar
na casa, quero ver pegar a chave e organizá-la. Isso é
difícil", afirma técnico, que
descarta mudar seu estilo
DOS ENVIADOS A BELO HORIZONTE
Depois da segunda derrota
seguida da seleção brasileira, o
técnico Dunga admitiu ontem
que se sente "pressionado" e
disse que vai usar "a conversa
para mudar" o time no clássico
contra a Argentina, amanhã.
Na derrota para os paraguaios, por 2 a 0, anteontem,
em Assunção, o treinador foi
criticado por parte dos torcedores, que pediu sua saída.
Com o resultado, a seleção
está em quatro lugar, a última
colocação na zona de classificação das eliminatórias para a
Copa do Mundo de 2010. Antes,
no dia 6, o time perdera pela
primeira vez na história para a
Venezuela, por 2 a 0, em amistoso em Boston (EUA).
"Eu e todos os jogadores nos
sentimos pressionados. Queremos sempre vencer. No futebol,
nem sempre é possível", disse o
treinador, que ouviu os gritos
de "fora, Dunga" de brasileiros
no Defensores del Chaco.
"Isso é natural quando se
perde. Quando ganhamos a Copa América, ninguém falou nada e passa a ser obrigação. Todos querem mandar na casa, quero ver pegar a chave e organizá-la. Isso é difícil."
Capitão da equipe na conquista da Copa de 94, Dunga estreou como técnico em agosto
de 2006. Sem experiência anterior no cargo, já dirigiu a seleção em 29 jogos. Nesse período,
a equipe tem 72,4 % de aproveitamento -acumula 19 vitórias,
seis empates e quatro derrotas.
Se a seleção perder para a Argentina, o treinador fica em situação delicada no cargo. O
clássico será visto por 57 mil
pessoas. Todos os ingressos se
esgotaram em apenas dois dias.
"Vamos ter mais carinho dos
torcedores. Só o calor humano
dos mineiros já vai dar uma força maior para os jogadores",
acredita o técnico brasileiro.
Ontem, Dunga não contestou
as críticas ao desempenho do
time no Paraguai. "Futebol é
assim. Temos que conviver
com as críticas. Já ganhamos e
perdemos com este time. Mas
não jogamos bem [em Assunção]", disse ele, que vai comandar a seleção também nos Jogos de Pequim, em agosto.
No domingo, o time olímpico
fará um amistoso contra um
combinado de times pequenos
do Rio, em Volta Redonda. A
partida deverá ser a última antes da convocação final dos 18
atletas que vão para a China.
Apesar da pressão por uma
vitória no Mineirão, Dunga deixou claro que não pretende mexer muito no time. O volante
Anderson é o único cotado para
entrar na equipe. "Às vezes, a
mudança de atitude é melhor
do que mudar a equipe", disse.
Sem muito tempo para treinar, Dunga disse que a "preparação será na base da conversa". "Os jogadores já mostraram qualidade. São acostumados a receber as críticas no momento certo. Não será por causa de uma partida que vamos
mudar as convicções e nossa
forma de trabalhar", disse Dunga.
(PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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