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FUTEBOL
Final feliz
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Uma grande final para consagrar um grande campeão.
Foi isso o que se viu na tarde de
ontem no Morumbi.
Quem imaginava uma partida
truncada e descolorida se enganou completamente.
Houve muitos gols, reviravoltas
no placar, defesas milagrosas, jogadas espetaculares.
Foi uma verdadeira celebração
do futebol, enfim.
O Santos foi campeão porque,
na fase decisiva do campeonato,
soube combinar marcação e ofensividade, futebol solidário e talento individual.
O time parece ter amadurecido
e crescido no momento certo.
Sua vitória sobre o São Paulo,
nas quartas-de-final, foi simbólica: suplantou a equipe que chegou ao ápice antes da hora.
Dali para a frente, foi só alegria.
Ontem, o time não foi tão perfeito quanto na primeira partida
da final (o que deu chance para o
Corinthians ganhar força), mas
dois de seus jogadores estavam
em estado de graça e fizeram a diferença: o milagroso Fábio Costa
e o endiabrado Robinho.
Se não fosse a defesa extraordinária do goleiro santista no primeiro minuto de jogo, quando o
time sofria o baque da contusão
de Diego, talvez a história da final
fosse diferente.
Depois disso, ele defendeu mais
quatro ou cinco outras bolas ""impossíveis".
Robinho, por sua vez, desmontou a defesa corintiana com seus
dribles desconcertantes e com a
mera ameaça de sua presença.
O garoto nasceu com estrela.
Para ser considerado craque,
um bom jogador depende de regularidade e de títulos, mas depende também de brilhar no momento certo.
Com a saída de Diego, todos os
olhos do país estavam fixos no jovem atacante -e ele brindou a
todos com um futebol leve e feliz
como uma molecagem de rua.
O torcedor corintiano, por sua
vez, se reencontrou com sua vocação sofredora.
Viu o time ser ferido no primeiro tempo, soube reerguê-lo com
seus gritos e sua energia, assistiu à
virada sensacional, voltou a ter
esperança e tomou por fim a ducha de água fria do gol de empate
santista, sacramentado depois pelo tiro de misericórdia de Léo.
Penso que, tudo somado, foi um
jogo abençoado, do qual santistas
e corintianos podem se orgulhar.
Os primeiros, porque conquistaram com méritos um título esperado há quase duas décadas.
Os últimos, porque seu time
mostrou força e disposição, vendendo muito caro a derrota.
Encerrado com fecho de ouro o
campeonato nacional de 2002, ficam no ar algumas dúvidas para
o ano que vem.
O torcedor santista quer saber
se o clube vai conseguir manter
seus jovens craques na equipe para enfrentar os grandes desafios
que tem pela frente, sendo o principal deles a Taça Libertadores da
América.
O corintiano sente a necessidade de reforçar a equipe, sobretudo
com jogadores de criatividade no
meio-de-campo, onde havia fartura algum tempo atrás (Ricardinho, Marcelinho, Rincón).
Com relação ao campeonato
em si, a dúvida é quanto à fórmula a ser adotada. Turno e returno?
Pontos corridos? Mata-mata
(neste caso, a partir de que fase)?
Conforme publicado na edição
desta Folha de ontem, deverá prevalecer no ano que vem um Campeonato Brasileiro em turno e returno coroado com um mata-mata, provavelmente a partir da fase
de semifinais.
Ainda o racismo
A coluna de anteontem, sobre racismo, provocou fortes
reações. Foram tantas as
mensagens (a favor e contra)
que não consegui responder
a cada uma delas individualmente. Os protestos mais
pertinentes são contra o fato
de eu ter assumido como verdade a ofensa racista denunciada por jogadores corintianos. Talvez eu tenha mesmo
me precipitado. É a palavra
do atleta santista Diego contra a de três jogadores do Corinthians (Deivid, Renato e
Kléber). Nunca teremos certeza do que realmente ocorreu. Mas discordo radicalmente dos que disseram que
xingamentos desse tipo devem ser relevados porque são
corriqueiros dentro do campo de futebol. Se são, não deveriam ser. É corriqueiro
também impedir empregados de usarem o elevador dito social. Há quem queria
manter a situação assim. Não
contem comigo.
E-mail:jgcouto@uol.com.br
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