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FUTEBOL
Time explora jogo aéreo, marca duas vezes com cabeçadas, mas leva dribles de Robinho e apela para a violência
Corinthians usa e perde a cabeça no jogo
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Corinthians usou e perdeu a
cabeça ontem no Morumbi.
O time do técnico Carlos Alberto Parreira, que chegou à final
com seu estilo de toque de bola
pelo chão, criou suas melhores
chances contra o Santos das ""torres gêmeas" em jogadas pelo alto.
As cabeçadas não iam surtindo o
efeito desejado, e, com o passar
dos minutos, os corintianos acabaram se enervando.
Com média de altura de 1,83 m,
o Corinthians teve boa chance por
cima logo nos primeiros segundos -Guilherme cabeceou e viu
Fábio Costa desviar a bola.
Parreira prometeu antes do jogo um time mais ousado. ""Temos
que decidir, ter atitude."
A ousadia se transformou em
erro. O time corintiano acertou
apenas 78% dos passes no primeiro tempo -sua média de acerto
era de 89,3% no torneio.
A saída precoce do santista Diego, principal desafeto dos corintianos, especialmente Renato e
Kléber, deveria dar mais tranquilidade aos jogadores do time da
capital. Mas não foi o que aconteceu. Especialmente Robinho, com
seus dribles, perturbou os defensores do Corinthians.
Fabinho, que voltou ao time
após cumprir suspensão, foi um
dos melhores do time tecnicamente ontem, mas recebeu um
cartão amarelo no primeiro tempo após uma ""caçada" a Robinho
-no segundo tempo, agrediria
com um soco Robert.
Os torcedores da Gaviões da
Fiel, maior organizada do clube,
invadiram a concentração da
equipe em Extrema para cobrar
uma ""chegada" dura nos santistas
que passassem muito o pé em cima da bola. Foi o que Rogério fez
no pênalti em Robinho.
Após esse lance, Fábio Luciano,
capitão do time, levou cartão
amarelo por reclamação e poderia
receber um vermelho por agredir
o atacante William, um dos chamados meninos da Vila.
No segundo tempo, Parreira
ousou mais, colocando primeiro
Marcinho no lugar de Renato e
depois Leandro no lugar de Guilherme. O plano inicial era chegar
aos 20min da segunda etapa no
mínimo com igualdade no placar
-mas o jogo já estava 1 a 0 para o
rival e só três gols dariam o título
para o time do Parque São Jorge.
As jogadas de bola parada eram
boas armas do Corinthians, que
pouco chegou pela esquerda com
Kléber e Gil -Parreira chegou a
dizer que o lado esquerdo de seu
time é o melhor do mundo.
Fábio Costa fez ótimas defesas
que impediram gols de cabeça do
Corinthians, mas Deivid, um ex-santista, conseguiu marcar o seu
dessa forma. Uma luta pela bola
entre o atacante e o goleiro santista aconteceu dentro do gol.
Alguns minutos depois, a bola
estaria de novo dentro do gol após
outra cabeçada. Anderson, zagueiro que voltou ao time titular
no lugar de Scheidt, foi ao ataque
e conseguiu virar o jogo.
O Corinthians ficava só a um gol
de ""ir para as cabeças", como se
diz na gíria. Mas a alegria viraria
dor de cabeça com os dois gols
santistas nos minutos finais.
Era a quinta derrota do Corinthians em cinco jogos contra o
Santos na temporada (três pelo
Brasileiro), o que deixa os novos
meninos da Vila como os maiores
algozes corintianos em um ano,
como revelou a Folha.
Nervoso, o reserva Fabrício, que
no primeiro jogo havia errado um
passe que resultou em gol santista, agrediu um adversário com
um pontapé, o que gerou confusão com o santista Léo. No final,
com o título sanstista, a confusão
passou a ser entre os torcedores.
O time de Parreira, um técnico
que pode ser chamado de ""cabeça" por ser mais racional que passional, não conseguiu fechar o
ano com a chamada ""tríplice coroa" nem com a posse definitiva
da taça de campeão brasileiro.
Mas o Corinthians saiu aplaudido por sua torcida: foi o único time a chegar à final do Nacional
após ter ganho a Copa do Brasil.
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