São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Time explora jogo aéreo, marca duas vezes com cabeçadas, mas leva dribles de Robinho e apela para a violência

Corinthians usa e perde a cabeça no jogo

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians usou e perdeu a cabeça ontem no Morumbi.
O time do técnico Carlos Alberto Parreira, que chegou à final com seu estilo de toque de bola pelo chão, criou suas melhores chances contra o Santos das ""torres gêmeas" em jogadas pelo alto. As cabeçadas não iam surtindo o efeito desejado, e, com o passar dos minutos, os corintianos acabaram se enervando.
Com média de altura de 1,83 m, o Corinthians teve boa chance por cima logo nos primeiros segundos -Guilherme cabeceou e viu Fábio Costa desviar a bola.
Parreira prometeu antes do jogo um time mais ousado. ""Temos que decidir, ter atitude."
A ousadia se transformou em erro. O time corintiano acertou apenas 78% dos passes no primeiro tempo -sua média de acerto era de 89,3% no torneio.
A saída precoce do santista Diego, principal desafeto dos corintianos, especialmente Renato e Kléber, deveria dar mais tranquilidade aos jogadores do time da capital. Mas não foi o que aconteceu. Especialmente Robinho, com seus dribles, perturbou os defensores do Corinthians.
Fabinho, que voltou ao time após cumprir suspensão, foi um dos melhores do time tecnicamente ontem, mas recebeu um cartão amarelo no primeiro tempo após uma ""caçada" a Robinho -no segundo tempo, agrediria com um soco Robert.
Os torcedores da Gaviões da Fiel, maior organizada do clube, invadiram a concentração da equipe em Extrema para cobrar uma ""chegada" dura nos santistas que passassem muito o pé em cima da bola. Foi o que Rogério fez no pênalti em Robinho.
Após esse lance, Fábio Luciano, capitão do time, levou cartão amarelo por reclamação e poderia receber um vermelho por agredir o atacante William, um dos chamados meninos da Vila.
No segundo tempo, Parreira ousou mais, colocando primeiro Marcinho no lugar de Renato e depois Leandro no lugar de Guilherme. O plano inicial era chegar aos 20min da segunda etapa no mínimo com igualdade no placar -mas o jogo já estava 1 a 0 para o rival e só três gols dariam o título para o time do Parque São Jorge.
As jogadas de bola parada eram boas armas do Corinthians, que pouco chegou pela esquerda com Kléber e Gil -Parreira chegou a dizer que o lado esquerdo de seu time é o melhor do mundo.
Fábio Costa fez ótimas defesas que impediram gols de cabeça do Corinthians, mas Deivid, um ex-santista, conseguiu marcar o seu dessa forma. Uma luta pela bola entre o atacante e o goleiro santista aconteceu dentro do gol.
Alguns minutos depois, a bola estaria de novo dentro do gol após outra cabeçada. Anderson, zagueiro que voltou ao time titular no lugar de Scheidt, foi ao ataque e conseguiu virar o jogo.
O Corinthians ficava só a um gol de ""ir para as cabeças", como se diz na gíria. Mas a alegria viraria dor de cabeça com os dois gols santistas nos minutos finais.
Era a quinta derrota do Corinthians em cinco jogos contra o Santos na temporada (três pelo Brasileiro), o que deixa os novos meninos da Vila como os maiores algozes corintianos em um ano, como revelou a Folha.
Nervoso, o reserva Fabrício, que no primeiro jogo havia errado um passe que resultou em gol santista, agrediu um adversário com um pontapé, o que gerou confusão com o santista Léo. No final, com o título sanstista, a confusão passou a ser entre os torcedores.
O time de Parreira, um técnico que pode ser chamado de ""cabeça" por ser mais racional que passional, não conseguiu fechar o ano com a chamada ""tríplice coroa" nem com a posse definitiva da taça de campeão brasileiro.
Mas o Corinthians saiu aplaudido por sua torcida: foi o único time a chegar à final do Nacional após ter ganho a Copa do Brasil.


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