São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Treinador santista coloca triunfo de ontem acima do Mundial que conquistou como jogador em 1970, no México

Para Leão, título vale mais do que a Copa

FÁBIO SEIXAS
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO PAULO

Empolgado por levar o Santos a acabar com o jejum de 18 anos sem títulos importantes, Emerson Leão colocou o triunfo de ontem acima até da Copa do Mundo de 70 que conquistou como goleiro reserva da seleção brasileira.
"Já fui campeão do mundo e já tinha sido campeão brasileiro. Mas este título teve um gosto especial porque estamos revelando uma nova safra", afirmou ele.
Com a conquista, o treinador santista acredita que irá esquecer a frustração provocada nele por ter sido demitido pela CBF em 2001. Ele caiu após fracassar na Copa das Confederações.
"Essa vitória fecha uma cicatriz muito grande que foi aberta no meu coração no ano passado", desabafou, numa referência à sua saída da seleção brasileira.
Agora ele se diz responsável, ao lado de sua comissão técnica, por uma mudança que estaria acontecendo no futebol do Brasil.
"Estamos mudando o estilo do futebol brasileiro. Mostramos que nosso futebol não é retranca, é ousadia", declarou.
Apesar da empolgação com o título, o técnico não assegurou que irá continuar no clube. Seu compromisso termina no próximo dia 31, e a renovação deve ser difícil.
"Se for perguntar para o coração, todos ficaremos, mas o contrato está terminando e ainda não conversamos sobre renovação."
Mas o presidente do Santos, Marcelo Teixeira, disse que já começou a negociar com o treinador o novo compromisso.
Mesmo sem saber se ficará, Leão espera que o elenco seja mantido. "Quando decidimos fechar com essa turma, o presidente me prometeu que iria manter todos para o ano que vem."
Nem tudo foi festa para Leão ontem. Após ser expulso por reclamação, o treinador teve de comandar o time à distância, passando suas orientações para a comissão técnica por meio de um aparelho de comunicação.
"Foi angustiante. As substituições foram atrasadas por causa disso, mas o pessoal está ensaiado e soube o que fazer."
Na comemoração, Leão lembrou que teve de mudar o seu estilo durão para controlar a garotada santista. "Mudei bastante, às vezes, não sabia se mordia a orelha deles ou ensinava. Fiquei com a segunda opção, e deu certo", afirmou o técnico, que ontem comemorou 26 anos de casamento.
Ao final da partida, os torcedores reverenciaram o comandante. Seu nome foi gritado pelos fãs do clube logo que o jogo terminou. Graças à conquista, a organizada Torcida Jovem, ao final do jogo, virou a sua faixa na posição normal. Desde a derrota por 5 a 0 para o Corinthians no Paulista de 2001 a faixa ficava invertida, primeiro como protesto e, depois para dar sorte. Conforme prometido, a torcida voltou atrás ontem, aos 44min do segundo tempo.
"Falando a verdade me enchia muito o saco, muito mesmo, ver aquelas faixas de cabeça para baixo. Hoje, finalmente, voltaram à posição normal", disse o técnico.
Classificado por Leão como uma das peças decisivas das finais, Fábio Costa, goleiro, como foi seu treinador, era só empolgação. "Tivemos que acelerar minha recuperação, mas tudo deu certo", afirmou o atleta, que agrediu um torcedor que tentou beijá-lo nos festejos no gramado.


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