São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2000


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MOTOR
Adeus Jacarepaguá

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

A semana foi marcada pela confusão em torno de Jacarepaguá. Dentro do possível, a coluna manteve distância segura da disputa CBA x Piquet por perceber poucos méritos de ambos os lados.
Mas, no momento em que o público sai perdendo, e não apenas os cariocas saíram perdendo com a débâcle de Jacarepaguá, o comentário se faz necessário.
Revoltado com a barbaridade que era e é o automobilismo nacional, Piquet resolveu assumir autódromos, criar categorias e fundar uma liga independente, respaldado pela Lei Pelé.
A resposta da CBA e das federações foi cancelar homologações, ameaçar cassar licença de jovens pilotos e pedir penico para a FIA -que, acertadamente, tratou o assunto como algo doméstico, interferindo ao mínimo.
No calor da disputa, Piquet aceitou se associar a Emerson para desenterrar o autódromo do Rio e transformá-lo numa espécie de cabeça de ponte dessa batalha.
Quem conhece minimamente Piquet e Emerson não se surpreendeu com o final melancólico da novela nesta semana.
Sobraram os processos, o sarcasmo desprezível dos cartolas e o mato crescendo em Jacarepaguá.
E o fã do automobilismo, como de hábito, ficou na mão.

Deixar claro que a nova Ferrari não passa de um belo Antônio sobre rodas é a missão da escuderia italiana nos próximos dias.
Aparentemente, o carro é bom, extremamente leve e com uma solução aerodinâmica eficiente.
O pepino parece ser mesmo o motor, como revelou a Folha na última segunda-feira, que tenta seguir a tendência de miniaturização lançada pela Ford e seguida pela Mercedes.
O caso faz lembrar o último carro feito por Barnard para a escuderia, que tentou baixar o centro de gravidade do conjunto encolhendo ao máximo a caixa de câmbio. Não deu certo, o carro teve que ser reformulado às pressas, e o projetista levou pouco tempo para ser fritado por Schumacher e seu clubinho, então em formação.
(A solução de Barnard era genial, mas, como sempre, por demais à frente do seu tempo. O que ele tentou fazer apenas com a caixa de câmbio, a Ford fez, anos depois, com o motor inteiro).
Não há, porém, paralelo com a situação atual. Tanto a Ferrari como a McLaren têm problemas sérios para resolver a um mês do início do Mundial. Mas é importante lembrar que as duas equipes já conseguem trabalhar em um ritmo muito diferente das demais.
Enquanto Jordan, Jaguar e Williams, esta por causa da BMW, cumprem um intenso programa de testes, Ferrari e McLaren estão confiando cada vez mais em seus laboratórios, o que não significa que haja o descompasso tecnológico entre as duas e as demais.
A mágica é que Ferrari e McLaren podem se dar ao luxo de confiar nas simulações de computador e retardar os testes de pista. E por um simples motivo: estão à frente, bem à frente das rivais.

NOTAS

Gangorra
Depois de uma temporada completa no papel de grande teta de fomento ao automobilismo nacional, patrocinando de piloto a jornalista, de monoposto a caminhão, a Petrobras sinaliza ao mercado que a festa acabou. Na contramão, o cigarro volta. Sem gastar um tostão, a Philip Morris do Brasil terá Barrichello na F-1 e a dupla Gil-Castro Neves na Indy.

Crônico
Depois de matar dois no ano passado, a Indy manda Franchitti para o hospital logo no primeiro dia de Spring Training, o tradicional teste de pré-temporada. É óbvio que alguma coisa não está certa na categoria. E não é pouca coisa.

Frase
De Sylvester Stallone, ao explicar por que trocou a F-1 pela Indy em seu prometido filme sobre corridas: "Há um senhor naquela categoria que tem uma agenda muito cheia".

E-mail mariante@uol.com.br


José Henrique Mariante escreve aos sábados


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