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MOTOR
Adeus Jacarepaguá
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
A semana foi marcada pela confusão em torno de Jacarepaguá.
Dentro do possível, a coluna manteve distância segura da disputa
CBA x Piquet por perceber poucos
méritos de ambos os lados.
Mas, no momento em que o público sai perdendo, e não apenas
os cariocas saíram perdendo com
a débâcle de Jacarepaguá, o comentário se faz necessário.
Revoltado com a barbaridade
que era e é o automobilismo nacional, Piquet resolveu assumir
autódromos, criar categorias e
fundar uma liga independente,
respaldado pela Lei Pelé.
A resposta da CBA e das federações foi cancelar homologações,
ameaçar cassar licença de jovens
pilotos e pedir penico para a FIA
-que, acertadamente, tratou o
assunto como algo doméstico, interferindo ao mínimo.
No calor da disputa, Piquet
aceitou se associar a Emerson para desenterrar o autódromo do
Rio e transformá-lo numa espécie
de cabeça de ponte dessa batalha.
Quem conhece minimamente
Piquet e Emerson não se surpreendeu com o final melancólico
da novela nesta semana.
Sobraram os processos, o sarcasmo desprezível dos cartolas e o
mato crescendo em Jacarepaguá.
E o fã do automobilismo, como
de hábito, ficou na mão.
Deixar claro que a nova Ferrari
não passa de um belo Antônio sobre rodas é a missão da escuderia
italiana nos próximos dias.
Aparentemente, o carro é bom,
extremamente leve e com uma solução aerodinâmica eficiente.
O pepino parece ser mesmo o
motor, como revelou a Folha na
última segunda-feira, que tenta
seguir a tendência de miniaturização lançada pela Ford e seguida
pela Mercedes.
O caso faz lembrar o último carro feito por Barnard para a escuderia, que tentou baixar o centro
de gravidade do conjunto encolhendo ao máximo a caixa de
câmbio. Não deu certo, o carro teve que ser reformulado às pressas,
e o projetista levou pouco tempo
para ser fritado por Schumacher e
seu clubinho, então em formação.
(A solução de Barnard era genial, mas, como sempre, por demais à frente do seu tempo. O que
ele tentou fazer apenas com a caixa de câmbio, a Ford fez, anos depois, com o motor inteiro).
Não há, porém, paralelo com a
situação atual. Tanto a Ferrari
como a McLaren têm problemas
sérios para resolver a um mês do
início do Mundial. Mas é importante lembrar que as duas equipes
já conseguem trabalhar em um
ritmo muito diferente das demais.
Enquanto Jordan, Jaguar e Williams, esta por causa da BMW,
cumprem um intenso programa
de testes, Ferrari e McLaren estão
confiando cada vez mais em seus
laboratórios, o que não significa
que haja o descompasso tecnológico entre as duas e as demais.
A mágica é que Ferrari e McLaren podem se dar ao luxo de confiar nas simulações de computador e retardar os testes de pista. E
por um simples motivo: estão à
frente, bem à frente das rivais.
NOTAS
Gangorra
Depois de uma temporada
completa no papel de grande
teta de fomento ao automobilismo nacional, patrocinando
de piloto a jornalista, de monoposto a caminhão, a Petrobras
sinaliza ao mercado que a festa
acabou. Na contramão, o cigarro volta. Sem gastar um tostão, a Philip Morris do Brasil
terá Barrichello na F-1 e a dupla
Gil-Castro Neves na Indy.
Crônico
Depois de matar dois no ano
passado, a Indy manda Franchitti para o hospital logo no
primeiro dia de Spring Training, o tradicional teste de pré-temporada. É óbvio que alguma coisa não está certa na categoria. E não é pouca coisa.
Frase
De Sylvester Stallone, ao explicar por que trocou a F-1 pela
Indy em seu prometido filme
sobre corridas: "Há um senhor
naquela categoria que tem
uma agenda muito cheia".
E-mail mariante@uol.com.br
José Henrique Mariante escreve aos sábados
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