São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2000


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FUTEBOL
Atletas obtêm participação em lucro da liga feminina e aumento salarial na seleção norte-americana
EUA dividem torneio com jogadoras

das agências internacionais

Uma ação sindical bem-sucedida proporcionou às jogadores de futebol dos Estados Unidos uma conquista que os homens esportistas perseguem há décadas, em várias modalidades, sempre com resultado negativo.
As jogadoras, que conquistaram a Copa do Mundo feminina em meados no ano passado, acertaram com a Federação de Futebol dos EUA (USSF) uma participação nos lucros da liga de futebol para mulheres, que deverá iniciar sua primeira temporada dentro de 14 meses.
Além disso, ficou estabelecido que nenhuma jogadora da seleção receberá menos do que US$ 5.000 por mês -um aumento de 59% sobre os US$ 3.150 oferecidos inicialmente pela USSF.
O valor do piso salarial é exatamente o mesmo que se paga na seleção masculina. Esse é um caso único de igualdade salarial entre homens e mulheres no esporte norte-americano.
A negociação aconteceu com a federação porque ainda não está definido quem vai administrar a liga. Dois grupos disputam o privilégio de controlar o campeonato do esporte mais popular do país na categoria feminina.
Um é a própria Major League Soccer (MLS), a liga de futebol masculina. O outro é o conglomerado que detém o Discovery Channel, um canal de TV especializado em ciência e tecnologia.
A decisão tem que sair até o fim do semestre.
O acordo salarial na seleção local provocou um aumento para a maioria das jogadoras, que ganhava entre US$ 2.000 e US$ 3.150.
Na fase de preparação para os Jogos Olímpicos de Sydney, que começou há uma semana, as jogadoras que participarem de pelo menos três jogos por mês receberão US$ 2.000 por partida. Isso poderá dar uma renda de até US$ 16 mil/mês às titulares.
Além disso, cada jogadora receberá prêmios de 1.000 a 2.000 dólares por vitória e de 500 a 1.000 dólares por empate.
Haverá também prêmios para a Olimpíada. A USSF vai distribuir entre as jogadoras US$ 100 mil, caso o time chegue à semifinal, e valores maiores, em caso de medalha: US$ 150 mil pelo bronze, US$ 300 mil pela prata e US$ 700 mil pelo ouro.
Os valores são proporcionalmente iguais (relativamente à arrecadação da USSF) aos pagos aos homens na Copa do Mundo da França, em 1998.
Mas, como na competição da Fifa o time dos EUA recebeu US$ 800 mil por jogo, os jogadores receberam um pouco mais.
Já estão também acertados valores mínimos de prêmio por vitória em jogos futuros, caso a equipe dos EUA consiga a medalha de ouro em Sydney, com direito a aumento em caso de nova vitória no próximo Mundial da categoria, que será em 2002 ou 2003.
Ao contrário do Brasil, onde os jogadores mais bem pagos se mantêm afastados dos sindicatos, nos Estados Unidos, o acordo foi forçado pelas jogadoras da seleção nacional.
Em dois amistosos, elas se recusaram a competir pela seleção. Durante o boicote, chegaram a vir ao Brasil para jogar partidas de futebol de areia.
Mia Hamm, a mais famosa jogadora de futebol do planeta, disse que o boicote foi fundamental. ""Essa foi uma causa na qual acreditamos muito."
A próxima ação das jogadoras, que estão preocupadas com o cumprimento das regras acertadas, deverá ser a criação de um sindicato. ""Algumas de nós jogarão só um ano. Outras um pouco mais. Mas o contrato é mais longo, de cinco anos", explicou a meia Hamm.


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