São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2005

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VÔLEI

Perfil de campeão

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Deu pra assustar: o Brasil em pleno apagão e a Sérvia descendo a mão no saque, marcando pontos. A tragédia durou um set. Depois disso, o que se viu em quadra foram aqueles diferenciais que fazem um time campeão: o dom de se acertar em momentos adversos e a segurança na capacidade de vencer.
A virada brasileira, com bela atuação nos três sets seguintes, transferiu o apagão para a Sérvia. Os títulos acumulados na era Bernardinho pesam a favor em uma final. A seleção, campeã mundial e olímpica, é um time que conhece o caminho do pódio e já não se perde facilmente nessa trilha.
Na quadra, todos sabem que o Brasil tem um grande levantador, atacantes talentosos e que quando o time joga com o passe na mão dá show. A novidade na Liga foi a evolução do bloqueio. Nos três jogos das finais, o time fez 49 pontos de bloqueio, mais de 16 por jogo. Uma bela marca.
No quarto set, chegou a ser constrangedor. O Brasil fez quatro pontos seguidos de bloqueio, a maioria sobre Ivan Miljkovic, o herói da Sérvia, e abriu uma vantagem de 7 a 1. Resultado: o time chegou ao pentacampeonato da Liga e, mais uma vez, mostrou uma qualidade de jogo bem superior à dos adversários.
O que preocupa é que com a transferência de Nalbert para a praia e as aposentadorias de Maurício e Giovane, o time já não tem 12 jogadores, como nos Jogos de Atenas. Os ponteiros, Murilo e Samuel, ainda são bem inexperientes. Ânderson jogou a Liga longe de sua melhor forma.
Sorte que os titulares foram bem nos três jogos da fase final da Liga. Caso contrário, o técnico Bernardinho iria ter problemas para substituir qualquer um deles, com exceção no meio de rede. Para o futuro imediato, o trabalho é dar experiência e formar dois bons ponteiros para serem reservas de Giba e Dante.
Os outros participantes da fase final, Cuba e Polônia, estão com uma nova geração, que vai dar trabalho no Mundial de 2006. Os dois times têm saques poderosos e jovens atacantes, como o cubano Juantorena, 19, que vão evoluir muito. No duelo pelo terceiro lugar, Cuba derrotou a Polônia por 3 sets a 2.
Vale uma crítica ao regulamento das finais da Liga. Na primeira rodada, os dois jogos não valeram nada: os confrontos entre Brasil x Sérvia e Cuba x Polônia só serviram para definir quem enfrentaria quem nas semifinais. Com isso, nem sempre quem se classifica para a decisão do título tem a melhor campanha.
Polônia e Sérvia tiveram uma vitória e uma derrota, mas os poloneses, mesmo em vantagem na média dos sets, ficaram fora. O mais justo seria que todos se enfrentassem. Com isso, outra falha seria corrigida: o Brasil foi campeão jogando duas vezes com a Sérvia e nenhuma com a Polônia.
O critério mais correto será usado na final do Grand Prix, em Sendai, no Japão. A partir de quarta-feira, as seis seleções femininas classificadas China, Brasil, Cuba, Itália, Japão e Holanda vão se enfrentar. Cada time fará cinco jogos. Quem tiver a melhor campanha, será o campeão.

A façanha
As italianas demoraram a acreditar na façanha que conseguiram ontem, na última rodada da fase de classificação do Grand Prix. O time, que está disputando o torneio com base bem jovem e sem as principais estrelas, derrotou a China por 3 a 0. Até ontem, a atual campeã olímpica estava invicta e tinha perdido apenas um set no torneio.

A decepção
Não foi a estréia que a chinesa Lang Ping sonhou no comando dos Estados Unidos. O time acabou em oitavo lugar e ficou fora das finais do Grand Prix. Mas Lang Ping não pode fazer milagres. A equipe perdeu cinco jogadoras: Tara Cross e Keba Phipps se aposentaram; a atacante Logan Tom e a líbero Stacy Sykora foram para a praia; e Heather Bown só volta para seleção em 2006.

E-mail cidasan@uol.com.br

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