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VÔLEI
Perfil de campeão
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Deu pra assustar: o Brasil em
pleno apagão e a Sérvia descendo a mão no saque, marcando
pontos. A tragédia durou um set.
Depois disso, o que se viu em quadra foram aqueles diferenciais
que fazem um time campeão: o
dom de se acertar em momentos
adversos e a segurança na capacidade de vencer.
A virada brasileira, com bela
atuação nos três sets seguintes,
transferiu o apagão para a Sérvia.
Os títulos acumulados na era Bernardinho pesam a favor em uma
final. A seleção, campeã mundial
e olímpica, é um time que conhece o caminho do pódio e já não se
perde facilmente nessa trilha.
Na quadra, todos sabem que o
Brasil tem um grande levantador,
atacantes talentosos e que quando o time joga com o passe na
mão dá show. A novidade na Liga
foi a evolução do bloqueio. Nos
três jogos das finais, o time fez 49
pontos de bloqueio, mais de 16
por jogo. Uma bela marca.
No quarto set, chegou a ser
constrangedor. O Brasil fez quatro pontos seguidos de bloqueio, a
maioria sobre Ivan Miljkovic, o
herói da Sérvia, e abriu uma vantagem de 7 a 1. Resultado: o time
chegou ao pentacampeonato da
Liga e, mais uma vez, mostrou
uma qualidade de jogo bem superior à dos adversários.
O que preocupa é que com a
transferência de Nalbert para a
praia e as aposentadorias de
Maurício e Giovane, o time já não
tem 12 jogadores, como nos Jogos
de Atenas. Os ponteiros, Murilo e
Samuel, ainda são bem inexperientes. Ânderson jogou a Liga
longe de sua melhor forma.
Sorte que os titulares foram
bem nos três jogos da fase final da
Liga. Caso contrário, o técnico
Bernardinho iria ter problemas
para substituir qualquer um deles, com exceção no meio de rede.
Para o futuro imediato, o trabalho é dar experiência e formar
dois bons ponteiros para serem
reservas de Giba e Dante.
Os outros participantes da fase
final, Cuba e Polônia, estão com
uma nova geração, que vai dar
trabalho no Mundial de 2006. Os
dois times têm saques poderosos e
jovens atacantes, como o cubano
Juantorena, 19, que vão evoluir
muito. No duelo pelo terceiro lugar, Cuba derrotou a Polônia por
3 sets a 2.
Vale uma crítica ao regulamento das finais da Liga. Na primeira
rodada, os dois jogos não valeram
nada: os confrontos entre Brasil x
Sérvia e Cuba x Polônia só serviram para definir quem enfrentaria quem nas semifinais. Com isso, nem sempre quem se classifica
para a decisão do título tem a melhor campanha.
Polônia e Sérvia tiveram uma
vitória e uma derrota, mas os poloneses, mesmo em vantagem na
média dos sets, ficaram fora. O
mais justo seria que todos se enfrentassem. Com isso, outra falha
seria corrigida: o Brasil foi campeão jogando duas vezes com a
Sérvia e nenhuma com a Polônia.
O critério mais correto será usado na final do Grand Prix, em
Sendai, no Japão. A partir de
quarta-feira, as seis seleções femininas classificadas China, Brasil,
Cuba, Itália, Japão e Holanda
vão se enfrentar. Cada time fará
cinco jogos. Quem tiver a melhor
campanha, será o campeão.
A façanha
As italianas demoraram a acreditar na façanha que conseguiram ontem, na última rodada da fase de classificação do Grand Prix. O time,
que está disputando o torneio com base bem jovem e sem as principais estrelas, derrotou a China por 3 a 0. Até ontem, a atual campeã
olímpica estava invicta e tinha perdido apenas um set no torneio.
A decepção
Não foi a estréia que a chinesa Lang Ping sonhou no comando dos
Estados Unidos. O time acabou em oitavo lugar e ficou fora das finais
do Grand Prix. Mas Lang Ping não pode fazer milagres. A equipe perdeu cinco jogadoras: Tara Cross e Keba Phipps se aposentaram; a
atacante Logan Tom e a líbero Stacy Sykora foram para a praia; e
Heather Bown só volta para seleção em 2006.
E-mail cidasan@uol.com.br
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