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Juca Kfouri

Alegria e dor

O Tim�o foi o campe�o poss�vel. Imposs�vel � aceitar que o Doutor n�o p�de comemorar

PENTACAMPE�O BRASILEIRO por seus p�s e cabe�a, o Corinthians fecha 2011 em grande estilo, depois de come��-lo de maneira terr�vel.

E, por paradoxal que pare�a, a conquista do penta tem muito a ver com a derrota para o Tolima, porque a elimina��o precoce da Libertadores permitiu ao Corinthians a dedica��o exclusiva ao Brasileir�o.

A vantagem acumulada com nove vit�rias nos dez jogos iniciais, valeu-se em boa medida do enfrentamento com times que estavam priorizando ou a Libertadores ou a Copa do Brasil.

E o Corinthians cumpriu seu papel tamb�m depois que tudo se equilibrou, a� sem vantagem alguma, perdendo em determinados momentos at� mais do que ganhando, mas arrancando na reta final numa disparada cautelosa, a ambiguidade por excel�ncia, na conta do ch�.

E que culminou na apoteose mais contradit�ria dos 101 anos de vida corintiana.

Porque misturou a felicidade incontrol�vel de ganhar o t�tulo empatando com o rival mais tradicional com a tristeza infinita da morte do jogador mais original de sua longa hist�ria.

O Doutor S�crates de calcanhares m�gicos, o Magr�o, o Magro, de intelig�ncia e sensibilidade raras, o comandante da "Democracia Corinthiana", cujo cora��o corintiano parou de bater �s 4h30 da madrugada do domingo de festa e luto -branco e preto.

N�o poucas vezes foi dito que este Brasileir�o n�o teria como campe�o um time tecnicamente inesquec�vel. Mas as circunst�ncias deste 4 de dezembro o transformaram sim numa data inesquec�vel, provavelmente in�dita nos anais do futebol mundial: o dia em que uma das maiores torcidas do mundo chorou por ganhar um campeonato equilibrado do come�o ao fim e por perder um �dolo rom�ntico ainda no meio de sua trajet�ria.

Quatro d�cadas de carreira no jornalismo n�o tinham experimentado sensa��o parecida.

Bateu at� a vontade de chegar ao extremo da responsabilidade, ou da irresponsabilidade: abandonar a decis�o do Pacaembu pelo enterro em Ribeir�o Preto.

Mas a imagem dele sorridente, t�o rara ultimamente, e a placidez quase sem resist�ncia de suas �ltimas horas, recomendaram que fosse obedecido seu lema de vida, "carpe diem", viva o momento, aproveite a hora.

E a for�a da Fiel, sempre linda nos momentos cruciais, embalou estas poucas linhas, escritas com uma dor indescrit�vel.

blogdojuca@uol.com.br

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