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ELEIÇÕES ARMADAS
Suprimento de energia em Bagdá encerrou 2004 em situação pior que em julho de 2003
Renda média do iraquiano passou de US$ 860/ano em 2001, para US$ 700 em 2004
Dados reforçam as teses daqueles que vêem motivações econômicas na invasão do Iraque
EUA atingem os seus objetivos com relação ao petróleo
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
CONSIDERADO POR MUITOS como o motivo central para a invasão americana, o petróleo iraquiano representa hoje uma das únicas áreas onde os
EUA atingiram seus objetivos. No final de 2004, alcançaram 88% da meta para a produção e passaram a obter
uma receita de US$ 1,5 bilhão ao mês. Como comparação, o suprimento de energia elétrica dentro e fora de
Bagdá encerrou 2004 em situação pior do que em julho
de 2003, logo após o fim da fase dos principais combates.
Os dados, compilados pelo Instituto Brookings, ""think-tank" independente de Washington, reforçam a tese de especialistas que
vêem motivações geopolíticas e
econômicas para a campanha
americana no Iraque.
A invasão, no coração de uma
região que concentra dois terços
das reservas petrolíferas do mundo, ocorreu ao mesmo tempo em
que os EUA deram início ao
maior deslocamento de suas tropas militares pelo globo desde a
Segunda Guerra Mundial.
Bases militares na Europa começaram a ser desmontadas e
houve a criação de novas unidades em regiões da África, onde se
concentram outras matérias-primas minerais, e em países vizinhos às principais ""ameaças" à
futura hegemonia americana, como a China e a Índia.
Michael O'Hanlon, analista do
Brookings, afirma que, com a exceção do setor petrolífero, ""quase
nada vem sendo produzido no
Iraque ocupado".
Na área de petróleo, cuja produção já alcança 2,1 milhões de barris/dia, foi a Halliburton, empresa
já presidida pelo vice-presidente
americano, Dick Cheney, a maior
beneficiada por contratos.
Além do ódio aos americanos, a
total falta de perspectivas econômicas no país é apontada por especialistas como uma das principais fontes de ""incentivo" ao crescimento da insurgência rebelde.
Desemprego acima de 50%, empresas estatais destruídas e a quase total ausência de investimentos
privados mantêm um ciclo vicioso: a falta de perspectiva leva à insurgência; a insurgência, à redução das chances de recuperação.
A economia iraquiana sofreu
uma queda de 22% em 2003, ano
da invasão americana. Nos anos
anteriores, 2001 e 2002, já havia
caído 12% e 21%, respectivamente, segundo o Banco Mundial.
Já a renda média dos iraquianos, que era de US$ 860/ano em
2001 (e de US$ 3.600 na década de
80), fechou 2004 pouco acima de
US$ 700, segundo estimativas.
O Departamento de Estado dos
EUA acredita que o crescimento
econômico no Iraque tenha atingido a casa dos dois dígitos no ano
passado -mas sobre uma base
muito deprimida.
Contribuiu para essa recuperação o fato de o governo provisório
iraquiano ter praticamente dobrado o salário de seus mais de 1
milhão de funcionários para tentar impulsionar a economia.
David Phillips, analista do
Council on Foreign Relations, de
Nova York, afirma, no entanto,
que mesmo a recuperação iraquiana de 2004 é parcial.
Segundo Phillips, a retomada
será ""dramaticamente menor" se
for retirada da média do país as
áreas curdas ao norte do Iraque,
onde a economia não vem sendo
afetada pela ação dos insurgentes.
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