São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

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ELEIÇÕES ARMADAS

Véspera da votação tem 17 mortos e muito medo

Dia Hamid/France Presse
Menino vê chão coberto de sangue após ataque a posto eleitoral na véspera da eleição


DA REDAÇÃO

Com a promessa de abrir guerra total contra a histórica eleição de hoje no Iraque, insurgentes mantiveram ontem a onda de violência no país, matando 17 pessoas em ataques com bombas e foguetes em oito cidades.
Forças de segurança fizeram barricadas nas ruas, fecharam as fronteiras do país e o aeroporto de Bagdá, mas ataques violentos marcaram a contagem regressiva para a votação. O medo dos iraquianos é grande, e as lideranças do Iraque e dos EUA se viram na necessidade de fazer apelos para que os eleitores votem.
Um suicida se explodiu na saída de um centro de segurança americano e iraquiano em Khanaqin, a nordeste de Bagdá, próximo da fronteira com o Irã. Segundo o Exército americano, três soldados e cinco civis iraquianos morreram no ataque.
A maioria dos ataques estiveram concentrados nas áreas sunitas ao norte de Bagdá, onde a ação da insurgência tem sido feroz e onde muitos dos árabes sunitas prometeram boicotar as eleições.
Três civis foram mortos na explosão de uma bomba em Samarra, e um ataque com foguetes contra uma base iraquiana em Duluiya matou três soldados.
Insurgentes detonaram uma carroça cheia de explosivos perto de um posto de votação, matando um guarda, em Shargat, ao sul de Mossul, segundo testemunhas. Disparos de morteiros atingiram outro posto de votação em Beiji, ferindo quatro guardas.
Três seguranças iraquianos seqüestrados há uma semana foram encontrados mortos a tiros em Balad. Os insurgentes consideram traidores todos os iraquianos que trabalham para as forças americanas e já mataram centenas deles.
Na capital, insurgentes lançaram granadas contra o Hotel Bagdá, mas não houve vítimas.
No sul de Bagdá, uma iraquiana e seu filho foram mortos quando disparos de morteiros direcionados para a base americana em Musayyib atingiu sua casa.
Dois iraquianos foram mortos num carro por soldados dos EUA perto de Ramadi, mas as circunstâncias não eram conhecidas.
O terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi e grupos ligados a ele prometeram matar as pessoas que decidam votar. Segundo o Exército americano, ataques da insurgência mais do que triplicaram nos últimos dias, subindo de 29 no último sábado para 98 na quinta-feira.
Líderes fizeram apelos para que os iraquianos não deixassem de votar. O presidente americano, George W. Bush, instou os iraquianos a "desafiar os terroristas". Somou-se ao apelo o premiê interino iraquiano, Iyad Allawi.
O presidente interino do Iraque, Ghazi al Yawar, afirmou porém acreditar que a maioria dos iraquianos vai deixar de votar por causa da violência. Mais tarde, tentou se retratar, dizendo que havia sido mal interpretado.
A população não esconde o medo. "Se houver polícia e soldados suficientes, votarei", disse Firas Adnan, 30, taxista em Bagdá. "Se não, não arriscarei minha vida".
Com agências internacionais

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