São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

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SUA CARREIRA

Especialistas dizem que efeitos de técnicas não convencionais dependem de seriedade no planejamento

Firmas usam até mágica para treinar equipe

DA REPORTAGEM LOCAL

Esqueça o auditório da empresa e as sonolentas apresentações multimídia, seguidas de explicação do palestrante. À caça de novas maneiras para incentivar a motivação dos colaboradores, as empresas vêm investindo em treinamentos nada convencionais.
Vale tudo, de aulas de teatro a truques de mágica, passando por apresentações de jazz e espetáculos circenses. Observando as opções adotadas pelo mercado, a impressão que se tem é que qualquer atividade pode render analogias com a vivência corporativa.
"As técnicas têm de ser usadas não porque são novidade, mas porque trazem um determinado resultado", observa Paulo Celso de Toledo Jr., sócio da consultoria de RH Konsult. "Tem de ser aplicado no momento certo e necessariamente deve haver, após o treinamento, uma preocupação em correlacionar a atividade com os objetivos da empresa."
As comparações com o universo empresarial envolvem temas como improviso, tomada de decisões, liderança, reação a desafios e melhoria de relacionamento interno, entre outros. À frente dos novos treinamentos estão empresas especializadas, que encontraram um filão a ser explorado.
Na Vicunha Têxtil, ilusionismo é a receita adotada para combater fatores negativos como estresse e baixa auto-estima. "Cuidar das emoções dos funcionários é fundamental para mantê-los motivados", explica a psicóloga organizacional Meiry Kamia, 31, sócia-diretora da Kamia Eventos.
Kamia concebeu um método batizado de Kamia Training, que combina técnicas de espetáculo como o ilusionismo a atividades lúdicas com brinquedos como parede de escalada e tobogã.
"Tentamos trabalhar menos o lado racional e mais o emocional", enfatiza ela.
Na Whaton do Brasil, um "pocket show" de jazz serviu para construir uma metáfora entre empresa e orquestra e gerência e regência. O Jazz Up é conduzido pelo grupo musical Zimbo Trio. "Na música, é preciso lidar com imprevistos de forma criativa. Essa visão é a contribuição que podemos dar às empresas que visitamos", comenta o músico Amilton Godoy, integrante do trio.

Espetáculo
Já Pizza Hut e Spoleto, ambas do ramo alimentício, recorreram ao teatro como ferramenta para "destravar" os funcionários. O resultado da inovação veio na melhora do atendimento.
"É um curso rápido, com três módulos de quatro horas. Experimentamos em uma loja e agora vamos levar às outras unidades", diz o diretor de comunicação da Pizza Hut Reinaldo Zani, 32.
"Foi uma experiência que melhorou minha autoconfiança na hora de conversar com os clientes. Também me ajudou a rever meus pontos fortes e fracos", analisa a assistente de marketing Anna Carolina Salles, 22, que participou do programa da Pizza Hut.
Para a consultora de RH Denise Hind Kamel, da Selectus, é uma forma lúdica e até caricata de destacar posturas positivas e negativas. "No caso de uma apresentação circense, o condutor do treinamento vai pôr em primeiro plano a importância do planejamento e do treinamento, já que, sem eles, tudo pode dar errado."
E é justamente o circo que a Onity, do ramo de segurança eletrônica, quer como parceiro. "Buscávamos um treinamento diferente, e vi que outras empresas usaram o picadeiro para incentivar o trabalho em equipe, exatamente nosso objetivo", conta Monica Judite de Souza Barranco, 39. "Ainda estamos pesquisando, mas o circo demonstra muito bem essa idéia da importância do trabalho do grupo no resultado."
Pegando carona no modismo do esporte radical, a Base 84 usa uma fazenda como cenário para treinamento ao ar livre. "O que oferecemos é a chance de tirar o funcionário do escritório e levá-lo a um lugar mais despojado, com uma roupa diferente. Isso promove uma quebra na hierarquia que leva ao descobrimento de novas lideranças", comenta o sócio-proprietário Gilberto Tarantino, 42. (TATIANA DINIZ)

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