São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


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MOTIVAÇÃO

Empresas investem em "salário espiritual"


DA REPORTAGEM LOCAL

Você aceitaria mudar de emprego em troca de um bom "salário espiritual"? Segundo o consultor e terapeuta Gustavo Boog, da Boog Associados, várias empresas estão reestruturando sua área de recursos humanos para dar benefícios não-mensuráveis ou impalpáveis, mas cada vez mais solicitados pelos profissionais.
"O sentido da palavra "motivação" é "motivar para a ação". E isso ocorre por meio de uma série de trocas, entre as mais comuns o salário e os benefícios. Mas as empresas esquecem a realização pessoal dos funcionários", avalia.
Segundo Boog, o profissional que vê um significado no trabalho, tem qualidade de vida e participa de decisões importantes da empresa dificilmente troca de emprego por dinheiro. "As duas formas de remunerar se complementam. Assim como o dinheiro, somente tapinhas nas costas não motivam ninguém."
Para o consultor Gutemberg de Macedo, grande parte do descontentamento dos executivos, mesmo os bem pagos, é não ver sentido no que fazem pela empresa.
"A pressão e a busca por resultados é tão grande que as pessoas não tomam mais iniciativas com medo de errar. A falta de liberdade e prazer esconde o talento."

Videocassete x viagem
A motivação baseada só em bens materiais ou em dinheiro não tem sustentação, segundo o consultor e antropólogo Luiz Almeida Marins Filho, autor do livro "Socorro, Preciso de Motivação" (editora Harbra).
"O que as empresas ainda não enxergaram é que, às vezes, um curso para aumentar a empregabilidade do funcionário é muito mais valorizado que um videocassete dado com prêmio", afirma.
Além disso, o incentivo financeiro, segundo ele, acaba indo para o pagamento de dívidas e nunca reverte num presente. "Apesar de sempre dizer que prefere o dinheiro, o funcionário em geral espera ganhar algo que ele nunca compraria, como um laptop de última geração", avalia.
Os métodos de premiação modernos excluem dinheiro porque o efeito é quase nulo, garante Djalma Papin, gerente de novos negócios da Incentive House, empresa especializada em montar políticas de incentivo.
"As lembranças de uma viagem ficam na mente por cerca de oito anos, dizem as pesquisas, enquanto o prêmio em dinheiro se esvai com as despesas do mês."
Outra forma de agradar ao funcionário é dar um prêmio personalizado. "Em pesquisas, já descobrimos que aquilo que a pessoa mais desejava era uma festa de casamento." E foi o que ganhou.


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