São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005

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SUA CARREIRA

Competitividade e sobrecarga levam à proliferação de "personagens" no trabalho

Profissional deve afastar-se de estereótipos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem não conhece, na empresa em que trabalha, alguém que seja famoso por achar-se o sabichão da turma? Ou, ainda, o tradicional "caxias", que faz questão de acender e apagar as luzes do escritório, sem esquecer-se, é claro, de dar uma "passadinha rápida" no serviço durante o fim de semana?
Motivos diversos, como sobrecarga de atividades e competitividade, têm sido apontados como os responsáveis pela proliferação de personagens desse tipo nas organizações.
Muitas empresas, entretanto, já perceberam que os funcionários estereotipados podem tornar-se uma pedra no meio dos negócios -o que coloca em risco a carreira não só dos que apelam para tal imagem mas também dos que estão no mesmo grupo daqueles.
Foi o caso do engenheiro mecânico Pedro (nome fictício), contratado por uma indústria de fundição para integrar uma equipe cujo gerente acabara de assumir o posto -que não era da sua área de especialidade. "Ele dizia que sabia tudo, mas jogava os problemas nas costas dos colegas. E ainda tínhamos de cuidar para que não fizesse besteira." A saída, conta o engenheiro, foi demitir-se.
Segundo o professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) de São Paulo Cláudio Tomanini, todo profissional adota, em maior ou menor grau, uma postura que atrapalha o alcance de resultados. "É uma tentativa de minimizar as próprias responsabilidades." Segundo ele, cada um deve esforçar-se para perceber e corrigir seus defeitos antes que seja tarde.
Na avaliação de especialistas, o acentuado corte de pessoal ocorrido nos últimos anos é um dos principais motivos que levaram os profissionais a adotar estereótipos no trabalho. "A sobrecarga de tarefas faz com que muitos percam o foco", explica a gerente de mercado Cynthia Durand, da Consultoria Integration.
Para o psiquiatra Roberto Shinyashiki, a proliferação dos personagens vem da contratação de funcionários descomprometidos. "A maioria das firmas tem pessoas incompetentes porque o sistema foi feito para preservá-las."
Mas, para a consultora Laís Passarelli, da Passarelli Consultores, da área de seleção de executivos, "esses estereótipos, como o dos fechados para a inovação [caretas], estão fadados à extinção". (DÉBORA DIDONÊ)


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