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VIOLÊNCIA NO TRABALHO
Estresse pós-traumático é o quadro mais comum apresentado por quem passa por uma situação violenta
Drama persiste para os que sobrevivem
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os acidentes de trabalho são um
grave problema de saúde pública
em São Paulo. Calcula-se que
ocorram aproximadamente 180
mil por ano, ligados ao cotidiano
do trabalhador paulistano, e que
só 10% deles sejam notificados.
A subnotificação dos acidentes
de trabalho e, especialmente, dos
registros de óbito são o principal
entrave para estimar a real dimensão da população atingida.
Para agravar a situação, os registros existentes refletem, em geral, apenas os transtornos ocorridos com funcionários segurados
pelo INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social), excluindo, dessa
forma, os empregados informais.
Com isso, a luta pelo direito à indenização em casos de acidente
de trabalho acaba, muitas vezes,
tornando-se maior que o dano.
Impossibilitada de clinicar, a
médica Aparecida Suely Messa,
58, evita pensar no passado.
A oftalmologista ficou paraplégica ao ser baleada durante um assalto ocorrido há cinco anos.
Agora aposentada por invalidez, ela diz que vive um drama.
"Eu tive de esquecer tudo e fazer
outra vida", conta. Atualmente, a
médica move uma ação contra o
Estado, em que pede indenização
por danos morais e materiais.
E sobrevive com a aposentadoria.
Ao voltar do trabalho para casa,
a gerente E.B.S., 30, foi recepcionada em casa por um ladrão e tornou-se vítima de uma quadrilha
especializada em bancos. Foram
20 horas como refém junto a seu
marido, mais tarde levado a um
cativeiro. "Era dia de pagamento.
Tive de retirar o dinheiro do cofre,
sob a ameaça de que matariam o
meu marido." Além de não receber assistência psicológica, ela
conta que foi transferida para
quatro agências diferentes nos
três meses seguintes ao episódio.
"Tiraram-me do cargo de gerência e, mais tarde, fui despedida
sem justificativa. Acusaram-me
de não ter avisado a polícia, mas,
se eu fizesse isso, o meu marido
seria assassinado", defende-se.
No momento, a profissional está afastada do trabalho, sofre de
síndrome do pânico e passa por
um intenso tratamento psiquiátrico para superar o trauma. Com
ajuda do Sindicato dos Bancários,
move um processo contra o banco, no qual reivindica indenização
por danos morais, assédio moral e
reintegração à função.
Seqüelas
As complicações de alguém que
passa por uma situação violenta
podem ser das mais variadas, mas
o quadro mais comum é o estresse pós-traumático. "Alguém que
vive um trauma no local de trabalho tende a repetir o quadro em
um lugar que remeta àquela situação", explica o psiquiatra forense
Guido Palomba. Normalmente, a
pessoa tem pesadelos, baixo rendimento profissional e depressão.
A reforma do Código Civil, em
2002, possibilitou a indenização
por danos psíquicos ao profissional que passa por uma vivência
traumática no trabalho. "Se houver nexo em relação ao que está
sendo apresentado, o trabalhador
certamente ganhará o caso."
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