São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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EMPRESA RESPONSÁVEL

Capacitação de desempregados beneficia imagem das companhias e a comunidade

Empresas buscam receita para a gestão responsável

Luana Fischer/Folha Imagem
O estudante João Batista Martins fez do hobby sua profissão, com um curso gratuito de barman em uma distribuidora de bebidas


Educação é o maior alvo de investimentos

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As empresas estão investindo mais em capacitação de pessoas de baixa renda e deficientes. Nada de benevolência ou caridade. Adotar o conceito de responsabilidade social faz bem à imagem e à competitividade das companhias.
A pesquisa "A Iniciativa Privada e o Espírito Público", do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), realizada entre 98 e 99 no Sudeste do país, mostra que, das 445 mil empresas entrevistadas, 43% das de grande porte financiam programas de educação.
Uma delas, a distribuidora de bebidas Guiness UDV, lançou, no ano passado, em parceira com o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), um curso de garçom e barman para pessoas carentes que já formou mais de 50 profissionais.
Na opinião de Cláudia de Souza, 48, diretora de assuntos externos, a iniciativa só traz vantagens. "Qualifica quem estava marginalizado, divulga a marca e aumenta o prestígio perante os clientes."
O estudante João Batista Martins, 19, fez o curso e acabou transformando um passatempo em profissão. "Gostava de ir a festas e fazer batidas para os amigos. Encontrei o trabalho ideal", diz.

Lição de casa
Para o coordenador do curso de responsabilidade social da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Marcos Lara, 42, os empresários devem olhar para as próprias empresas. "Ser responsável socialmente é primeiro cuidar dos funcionários. Senão, torna-se contraditório."
Nesse sentido, a pesquisa do Ipea aponta que 62% das companhias entrevistadas têm programas ligados a alimentação, saúde, qualificação profissional, educação e lazer de seus colaboradores.
As corporações perceberam o crescimento da exclusão social, diz o coordenador do Centro de Educação Comunitária para o Trabalho do Senac, Sérgio de Oliveira e Silva, 36. "Como obtêm lucros da sociedade, estão devolvendo a ela uma parte deles."
"A tecnologia está deixando os trabalhadores de baixa renda para trás", analisa Gilberto Galan, 55, diretor de assuntos corporativos da Hewlett-Packard, que iniciou a montagem de espaços de acesso a informática para educar habitantes de comunidades carentes, sobretudo crianças.
A Cisco, empresa de soluções para a internet, também investe na mão-de-obra especializada do futuro: começou a treinar, gratuitamente, em São Paulo, 4.600 jovens carentes.
(LUIS RENATO STRAUSS)



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