São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Rombo não é decisivo no preço


DA REPORTAGEM LOCAL

A existência de um rombo maior no Banespa não necessariamente reduz o preço a ser pago no seu leilão. Isso porque nem tudo é racionalidade nesse jogo.
O principal atrativo do banco, que é a carteira de 3 milhões de clientes, permanece intacta. É atrás disso que os nove pré-qualificados estão.
Acredita-se que alguns bancos seriam capazes de cometer loucuras para ter essa massa de clientes nas mãos.
O preço mínimo do Banespa ainda não foi apresentado. Será revelado no edital de privatização, a ser divulgado.
Certamente, na ponta do lápis, esses esqueletos serão levados em conta pelos candidatos. Porque, além do preço pago no leilão, mais dinheiro terá de ser injetado no banco depois para fechar esses buracos.
Supondo que o banco seja vendido por x. E o rombo encontrado seja de y. No fim das contas, o preço total do Banespa não será apenas x, mas sim x + y.
Isso certamente pode reduzir o apetite de alguns dos bancos candidatos, desde que eles considerem que o retorno não compensará o dinheiro investido.
A conta tende a variar de banco para banco. Tudo depende de como o Banespa se encaixa no plano de negócios do potencial comprador.
Para os três grandes bancos nacionais habilitados -Bradesco, Itaú e Unibanco- os esqueletos tendem a parecer mais pesados.
Porque esses bancos já terão um custo muito alto para desativar as agências do Banespa que estão próximas das suas. Esses três bancos tirarão menos proveito da estrutura atual do Banespa do que uma instituição que tem uma rede pequena de agências no Brasil.
Ou seja, eles estariam pagando o mesmo preço pelo Banespa para aproveitar uma porção menor do negócio.
O Bradesco é, de todos, o banco que terá mais custos após uma eventual compra. Isso porque 70% das agências do Banespa estão a menos de 300 metros de uma agência do Bradesco.
Já os bancos estrangeiros pré-qualificados tendem a destruir menos a estrutura do Banespa porque a sobreposição é menor ou até inexistente.
Só para ilustrar a diferença. Enquanto o Bradesco tem pouco mais de 2.400 agências, o espanhol Bilbao Vizcaya Argentaria tem cerca de 250.
(VANESSA ADACHI)







Texto Anterior: Luís Nassif: Rainha do samba-canção
Próximo Texto: Panorâmica: Governo adia anúncio de ajuste fiscal
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.