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SERVIÇOS BANCÁRIOS
Relação nos grandes bancos salta de 38% em 95 para 72% em 99
Tarifa cobre 70% do gasto com pessoal
GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO
A cobrança de tarifas na maioria
dos serviços bancários cobre mais
de 70% das despesas do setor com
seus funcionários. No início do
Plano Real, em 95, essa relação estava em torno de 40%.
A constatação é da EFC - Engenheiros Financeiros & Consultores, baseada na demonstração de
resultados de nove instituições financeiras, entre as maiores do
país.
Com base em informações extraídas dos balanços de 130 instituições financeiras, fornecidas pela consultoria Austin Asis, a Folha
chegou a percentuais semelhantes
em todos os anos de 95 a 99.
Os balanços de 99, segundo a
EFC, mostram que, na média, nove grandes bancos privados e estatais tiveram R$ 11,5 bilhões de
receitas com a prestação de serviços, basicamente de cobrança de
tarifas. As despesas com pessoal,
incluindo encargos trabalhistas,
somaram R$ 15,9 bilhões.
A relação média entre serviços e
gastos com pessoal, portanto, já
atinge 72%. Na ponta superior está o Itaú, com relação de 196% no
ano passado. Isso significa que as
receitas com serviços representaram quase o dobro das despesas
com pessoal.
No total de 130 instituições, R$
14,3 bilhões de receitas com serviços corresponderam a exatos 70%
das despesas com pessoal (R$ 20,4
bilhões).
A comparação com os totais de
apenas nove bancos também dá
uma idéia da concentração bancária no país.
Fim da inflação
O crescimento das receitas com
serviços está relacionado à estabilização dos preços na economia.
Até 1994, como a inflação era
muito elevada, boa parte do lucro
dos bancos vinha do chamado
"ganho inflacionário".
Como a inflação girava em torno de 1% ao dia, os ganhos dos
bancos cobriam com folga os custos de suas operações. Por exemplo, para fazer depósitos e aplicações. Por isso, os bancos não cobravam tarifas de forma explícita
de seus clientes.
Calcula-se que em 1993, último
ano de inflação elevada no Brasil,
os "ganhos inflacionários" dos
bancos somaram US$ 9,2 bilhões,
o que corresponderia hoje a R$ 17
bilhões.
Como os bancos viram secar essa fonte de lucros, passaram a cobrar tarifas pela maioria dos serviços que prestam. No terceiro trimestre de 94, aumentaram as tarifas em 41%, na média, em comparação com igual período do ano
anterior, segundo a EFC.
Mas o simples aumento das tarifas não consegue cobrir o que se
deixou de lucrar na época da inflação alta, mesmo porque, observa Daniel Coradi, presidente da
EFC, o encarecimento dos serviços tem limites. Pode afugentar o
cliente.
De fato, a relação mudou em todos esses anos não apenas porque
os bancos cobram mais e por uma
quantidade maior de serviços. A
automação colaborou para que os
bancos enxugassem seus quadros
de pessoal. As despesas praticamente não cresceram, considerados os 130 bancos, apesar de reajustes salariais no período.
Terceirização
A Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos)
não nega que a relação entre receitas de serviços e despesas com
pessoal próprio tenha se elevado
de 94 para cá, mas ressalva que a
análise dos balanços deve levar
em conta outra rubrica: o de "outras despesas administrativas".
Aí, segundo a entidade, encontram-se também pagamentos relacionados a pessoal, porém de
empresas que prestam serviços
aos bancos de forma terceirizada.
Por exemplo, na manutenção de
equipamentos de informática,
serviços gráficos, transporte de
numerário etc.
De fato, os dados agregados de
130 instituições financeiras mostram crescimento de 79% entre 95
e o ano passado no item "outras
despesas administrativas", que
passaram de R$ 9,7 bilhões para
R$ 17,4 bilhões.
É quase a evolução das receitas
com serviços (86%), e os R$ 17,4
bilhões não estão tão longe dos R$
20,4 bilhões despendidos com
pessoal próprio.
A Febraban destaca que não só
o número de clientes cresceu nos
últimos anos, como aumentou o
volume de serviços prestados,
principalmente por via eletrônica
ou telefônica.
Atualmente, 67% das transações bancárias são automatizadas, calcula a entidade.
A Febraban também alega que,
no caso do pagamento de contas
de concessionárias de serviços
públicos, os bancos acabam tendo
prejuízo.
Na média, estariam recebendo
R$ 0,80 por conta no débito automático, contra R$ 1,06 do que
chamam de tarifa interbancária
mínima (quando um banco cobra
do outro por serviço semelhante).
Dinah Barreto, assistente de direção do Procon-SP, responsável
pela pesquisa de tarifas bancárias
do órgão, diz que, mesmo havendo concorrência entre os bancos
no tamanho das tarifas, ela não
chega ao consumidor.
Na opinião de Dinah, a nomenclatura diferenciada entre os bancos e a enorme quantidade de tarifas impedem que o cliente faça
uma boa comparação.
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