São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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ANÁLISE

Recuo atenua a pressão sobre juros

OSCAR PILAGALLO
Editor de Dinheiro

A inflação tem surpreendido a maioria dos analistas desde o início do ano, quando o real sofreu a maxidesvalorização decorrente da livre flutuação do câmbio.
Num primeiro momento, temeu-se a disparada das taxas, o que acabou não acontecendo devido ao ambiente econômico marcado pelo desaquecimento.
Depois veio o tarifaço, que teve impacto limitado sobre os preços ao consumidor porque as empresas, já com as vendas baixas, não conseguiram repassar parte dos reajustes. Foram afetados principalmente os índices que captam as variações de preços no atacado.
O governo aproveitou a conjuntura adversa e autorizou uma série reajustes sem correr o risco de pressionar a inflação. Só no caso da gasolina foram liberados cinco aumentos neste ano.
Essa distância entre o comportamento de preços e índices chegou a provocar uma desconfiança desinformada sobre a metodologia dos institutos de pesquisa que acompanham a evolução média dos preços.
Mas o importante é notar que a desaceleração da inflação, agora registrada, abre espaço, em tese, para uma redução dos juros.
Afinal, os juros estão altos principalmente porque o governo teme que o reaquecimento da economia, resultado de taxas substancialmente mais baixas, traria pressões inflacionárias.
A preocupação está expressa no último relatório do Fundo Monetário Internacional sobre a economia brasileira. O FMI sugere que o governo eleve ainda mais as taxas de juros se houver pressão inflacionária.
Como se observa o contrário, é razoável supor que diminuiria a pressão para que os juros fossem mantidos no patamar atual.
O governo quer promover algum crescimento, tanto que escolheu uma meta de inflação folgada para este ano (entre 6% e 10%).


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