São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005

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DINHEIRO

Bois de fazendas paulistas tiveram contato com animais de MS com possível contaminação durante evento no Paraná

Gado de SP esteve em feira suspeita de aftosa

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A Secretaria da Agricultura do Paraná informou ontem que 37 bois procedentes do Estado de São Paulo tiveram contato com animais de Mato Grosso do Sul suspeitos de contaminação pela aftosa, durante a feira agropecuária Eurozebu, de Londrina (370 km ao norte de Curitiba), no início deste mês.
Realizada entre os dias 1� e 9 deste mês, a feira é apontada como local do surgimento de focos da doença no Paraná, por expor gado trazido da região infectada de Mato Grosso do Sul.
Um levantamento de ontem do setor de defesa da sanidade animal do governo paranaense informa que 19 cabeças de gado Limousain, de Itapetininga (163 km a oeste de São Paulo), participaram da feira de Londrina e voltaram ao município. Outros 13 animais de São Carlos (231 km a noroeste da capital) e 5 de Restinga (389 km ao norte) fizeram o mesmo deslocamento: foram mostrados na feira e voltaram à origem.
"Isso quer dizer que esses animais tiveram contato, ao menos indireto, com o vírus da aftosa, desde que se confirmem as suspeitas do Paraná", disse ontem o chefe do Defis (Departamento de Defesa e Sanidade Agropecuária) do Paraná, Felisberto Baptista.
Por ora, ele descartou o trânsito de animais de outros Estados ou países na feira realizada em Londrina, ao contrário da informação dada anteontem.
O secretário da Agricultura do Estado e vice-governador, Orlando Pessuti, disse que o governo de São Paulo foi alertado da suspeita ainda anteontem, quando também se deu a comunicação ao Ministério da Agricultura.
Ontem, Pessuti determinou o bloqueio das quatro cidades do Paraná onde estão localizadas as propriedades com gado suspeito de ter contraído aftosa durante a feira de Londrina.
Rastreamento da defesa sanitária localizou 19 animais com sintomas nos municípios de Maringá (1), Amaporã (3) e Loanda (3), no noroeste, e Grandes Rios (12), no centro do Estado. O laboratório do Mapa de Belém (PA) deve divulgar o resultado das análises na terça-feira. O governo paranaense detectou os primeiros indícios de aftosa na última quinta.
Por precaução, interditou 40 propriedades, que receberam gado sul-matogrossense nos últimos 60 dias. Em Toledo, no oeste, há outros 635 animais de uma outra exposição agropecuária retidos em quarentena, esperando descarte para o vírus da aftosa. Nesse plantel, há cinco animais procedentes daquele Estado.
Os casos suspeitos estão incluídos na relação, e a provável contaminação se deu na Eurozebu. O Paraná tem confirmação de 43 cabeças de gado saídas da região de Eldorado -cidade do primeiro foco de Mato Grosso do Sul- para a feira de Londrina no dia 24 de setembro. Um levantamento ainda preliminar apontou que o Paraná recebeu 1.994 animais daquele Estado nos últimos 60 dias. Cem eram da região de Eldorado.
O mercado brasileiro absorve 88% da carne produzida no Paraná, segundo o sindicato da indústria do setor. O secretário da Agricultura disse ontem temer maior impacto da aftosa para o Estado se a doença atingir a suinocultura, setor em que o Paraná é forte em exportação. "Nosso medo é que a doença do boi atinja o suíno."

Rastreamento
A Secretaria da Agricultura de São Paulo informou que já está rastreando as 37 cabeças de gado procedentes do Estado que participaram da feira em Londrina.
Segundo a assessoria da secretaria, depois de identificadas as propriedades onde estão os animais, as áreas serão interditadas para monitoramento, e o gado será submetido a testes de sorologia.
O rastreamento teve início na manhã de ontem, segundo o o órgão, depois que a secretaria paranaense encaminhou as GTAs (Guias de Trânsito de Animais) para São Paulo. Com esses dados, a secretaria paulista pretende identificar as propriedades.


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