São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005

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IRB precisa ser competitivo, diz Lisboa

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Marcos Lisboa, 40, mergulhou há quase cinco meses na tarefa de preparar o mercado e o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) para o fim do monopólio da estatal nas operações de resseguros contratados no exterior.
Desde maio está em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei complementar que deverá tirar do IRB as atribuições de regulador do mercado e permitir a atuação de outras resseguradoras -nacionais ou estrangeiras- no país.
Para dar cabo da missão de preparar o IRB para ser competitivo, o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda teve de decifrar as entranhas da empresa, redesenhar métodos e processos de trabalho, resgatar o corpo técnico posto à margem das decisões pela administração anterior e recuperar a credibilidade do IRB manchada por duas gestões desastrosas que se sucederam desde o final de 2002.
A seguir, os principais trechos da entrevista concedida por Lisboa, na quinta-feira, na sede do IRB, no centro do Rio. (SB)
 

Folha - Quais as medidas tomadas para banir do IRB as práticas de favorecimento de corretoras e superfaturamento de taxas de corretagem que saltaram de 2,5% a 5% para 15% a 20% nos resseguros de "Property" (propriedades) na gestão anterior?
Marcos Lisboa -
A nova diretoria assumiu o IRB, em junho deste ano, para preparar a empresa e o mercado para a abertura. Isso significa estabelecer medidas regulatórias que estimulem a concorrência nesse mercado, por um lado, e, por outro, fortalecer a empresa para que ela possa competir em pé de igualdade no mercado.

Folha - A abertura passa pela privatização do IRB?
Lisboa -
Não. O projeto de lei em tramitação no Congresso não tem essa questão. Ele trata da abertura do mercado de resseguros, e nossa missão é preparar o mercado e a empresa para isso: torná-la mais competitiva, mas ágil, mais eficiente na relação ao mercado.

Folha - E o que já foi feito até agora nessa direção?
Lisboa -
Redefinimos o organograma do IRB com a transferência das áreas de negócios para diretorias. Foram criadas uma gerência de "compliance" e uma de ouvidoria, que será um canal de comunicação da empresa com o mercado e os funcionários para identificar problemas. Montamos forças-tarefas em cada área operacional para identificar, sistematizar e aprimorar processos. Foi criada, também, uma área de pesquisa subordinada à gerência de estratégia. A gerência de pesquisa é fundamental para que a empresa esteja sempre se modernizando na área de gestão de riscos.

Folha - A estrutura atual do IRB é eficiente, dá conta das exigências da abertura do mercado?
Lisboa -
O IRB tem boas bases de dados e um ótimo quadro de funcionários. O problema é que, por causa de todo o processo de abertura e não-abertura dos últimos anos, a empresa acabou não tendo os investimentos necessários para se manter atualizada. Nos últimos dez anos surgiram novos instrumentos de análise de risco, o mercado segurador e ressegurador internacional passou por profundas modificações. Nesse período, o IRB acabou não se beneficiando de investimentos que o mantivesse na fronteira tecnológica com as grandes seguradoras.


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