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IRB precisa ser competitivo, diz Lisboa
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Marcos Lisboa,
40, mergulhou há quase cinco
meses na tarefa de preparar o
mercado e o IRB (Instituto de
Resseguros do Brasil) para o fim
do monopólio da estatal nas operações de resseguros contratados
no exterior.
Desde maio está em tramitação
no Congresso Nacional um projeto de lei complementar que deverá tirar do IRB as atribuições de
regulador do mercado e permitir
a atuação de outras resseguradoras -nacionais ou estrangeiras- no país.
Para dar cabo da missão de preparar o IRB para ser competitivo,
o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda teve de decifrar as entranhas da empresa, redesenhar métodos e processos de trabalho, resgatar o corpo técnico posto à margem das
decisões pela administração anterior e recuperar a credibilidade do
IRB manchada por duas gestões
desastrosas que se sucederam
desde o final de 2002.
A seguir, os principais trechos
da entrevista concedida por Lisboa, na quinta-feira, na sede do
IRB, no centro do Rio.
(SB)
Folha - Quais as medidas tomadas para banir do IRB as práticas de
favorecimento de corretoras e superfaturamento de taxas de corretagem que saltaram de 2,5% a 5%
para 15% a 20% nos resseguros de
"Property" (propriedades) na gestão anterior?
Marcos Lisboa - A nova diretoria
assumiu o IRB, em junho deste
ano, para preparar a empresa e o
mercado para a abertura. Isso significa estabelecer medidas regulatórias que estimulem a concorrência nesse mercado, por um lado, e, por outro, fortalecer a empresa para que ela possa competir
em pé de igualdade no mercado.
Folha - A abertura passa pela privatização do IRB?
Lisboa - Não. O projeto de lei em
tramitação no Congresso não tem
essa questão. Ele trata da abertura
do mercado de resseguros, e nossa missão é preparar o mercado e
a empresa para isso: torná-la mais
competitiva, mas ágil, mais eficiente na relação ao mercado.
Folha - E o que já foi feito até agora nessa direção?
Lisboa - Redefinimos o organograma do IRB com a transferência
das áreas de negócios para diretorias. Foram criadas uma gerência
de "compliance" e uma de ouvidoria, que será um canal de comunicação da empresa com o
mercado e os funcionários para
identificar problemas. Montamos
forças-tarefas em cada área operacional para identificar, sistematizar e aprimorar processos. Foi
criada, também, uma área de pesquisa subordinada à gerência de
estratégia. A gerência de pesquisa
é fundamental para que a empresa esteja sempre se modernizando
na área de gestão de riscos.
Folha - A estrutura atual do IRB é
eficiente, dá conta das exigências
da abertura do mercado?
Lisboa - O IRB tem boas bases de
dados e um ótimo quadro de funcionários. O problema é que, por
causa de todo o processo de abertura e não-abertura dos últimos
anos, a empresa acabou não tendo os investimentos necessários
para se manter atualizada. Nos últimos dez anos surgiram novos
instrumentos de análise de risco,
o mercado segurador e ressegurador internacional passou por profundas modificações. Nesse período, o IRB acabou não se beneficiando de investimentos que o
mantivesse na fronteira tecnológica com as grandes seguradoras.
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