São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Nova avaliação russa é dúvida

DA REDAÇÃO

Quando o pior parecia já ter acontecido, o mercado de carne foi chacoalhado com mais uma péssima notícia. A esperada recuperação do setor, que se anunciava no início deste mês, antes do primeiro foco de febre aftosa, ficou ainda mais distante.
Pior: a imagem do país, parcialmente recuperada após as promessas do governo de que os focos em Mato Grosso do Sul já tinham sido controlados, volta a ficar bastante arranhada.
O avanço da febre aftosa para o Paraná -confirmados já quatro focos- muda o cenário de embargo sobre o país.
Embora não tenha a mesma importância de Mato Grosso do Sul e de São Paulo nas vendas externas de carne bovina, o Paraná poderá sofrer embargo também da carne suína.
Até então, os embargos sobre a suinocultura eram pouco representativos, já que a atividade não é muito desenvolvida em Mato Grosso do Sul, ao contrário do que ocorre no Paraná.
Os paranaenses ocupam a terceira posição no ranking das exportações de carne suína. Neste ano, até setembro, exportaram 70 mil toneladas, abaixo apenas do Rio Grande do Sul (112 mil) e Santa Catarina (215 mil).
Um problema na suinocultura vai refletir diretamente em outro setor bastante prejudicado no momento: o da agricultura.
A queda dos preços dos grãos deverá se acentuar ainda mais, com perda maior de renda no campo. A suinocultura utiliza muito milho para ração.
O foco de febre aftosa no Estado do Paraná "ilhou" o Estado de São Paulo, que poderá não ter resultado imediato no pedido de suspensão feito à União Européia para que suspendesse o embargo feito logo após o surgimento do foco da doença em Mato Grosso do Sul.
Os europeus incluíram não só os sul-mato-grossenses, mas também os paulistas e os paranaenses no embargo da carne bovina.

UE e Rússia preocupam
A preocupação agora passa a ser com a União Européia e a Rússia, os dois principais mercados de carne do Brasil. Os europeus, rígidos no início no bloqueio, podem não ficar só nos três Estados.
Já os russos, sempre imprevisíveis, podem continuar com uma restrição amena, como a feita nos primeiros focos, ou adotar uma posição semelhante à do ano passado, quando suspenderam as importações do país todo.
Dois fatores, no entanto, ainda são favoráveis ao país: oferta de gado e demanda mundial. A oferta de gado no Brasil continua apertada e só não é sentida nestes dias em razão da paralisação do mercado.
Já a procura mundial por carne se mantém forte -um dos motivos que levou a Rússia a ser moderada nas restrições referentes aos primeiros focos. Ela necessita tanto da carne bovina como da suína e da de frango.
Esses novos focos no Paraná vão tornar o mercado de carne ainda mais especulativo. Os frigoríficos vão continuar derrubando os preços da carne, à procura de pecuaristas menos avisados que aceitem seus valores. Baixada a poeira, o mercado não deverá apostar em preços tão baixos no mercado interno. (MZ)


Texto Anterior: Pecuaristas investem em novas técnicas e melhoramento genético
Próximo Texto: Integração: Venezuela quebrará a lógica do Mercosul
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.