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ANÁLISE
Nova avaliação russa é dúvida
DA REDAÇÃO
Quando o pior parecia já ter
acontecido, o mercado de
carne foi chacoalhado com mais
uma péssima notícia. A esperada
recuperação do setor, que se
anunciava no início deste mês,
antes do primeiro foco de febre
aftosa, ficou ainda mais distante.
Pior: a imagem do país, parcialmente recuperada após as promessas do governo de que os focos em Mato Grosso do Sul já tinham sido controlados, volta a ficar bastante arranhada.
O avanço da febre aftosa para o
Paraná -confirmados já quatro
focos- muda o cenário de embargo sobre o país.
Embora não tenha a mesma importância de Mato Grosso do Sul e
de São Paulo nas vendas externas
de carne bovina, o Paraná poderá
sofrer embargo também da carne
suína.
Até então, os embargos sobre a
suinocultura eram pouco representativos, já que a atividade não é
muito desenvolvida em Mato
Grosso do Sul, ao contrário do
que ocorre no Paraná.
Os paranaenses ocupam a terceira posição no ranking das exportações de carne suína. Neste
ano, até setembro, exportaram 70
mil toneladas, abaixo apenas do
Rio Grande do Sul (112 mil) e Santa Catarina (215 mil).
Um problema na suinocultura
vai refletir diretamente em outro
setor bastante prejudicado no
momento: o da agricultura.
A queda dos preços dos grãos
deverá se acentuar ainda mais,
com perda maior de renda no
campo. A suinocultura utiliza
muito milho para ração.
O foco de febre aftosa no Estado
do Paraná "ilhou" o Estado de São
Paulo, que poderá não ter resultado imediato no pedido de suspensão feito à União Européia para
que suspendesse o embargo feito
logo após o surgimento do foco
da doença em Mato Grosso do
Sul.
Os europeus incluíram não só
os sul-mato-grossenses, mas também os paulistas e os paranaenses
no embargo da carne bovina.
UE e Rússia preocupam
A preocupação agora passa a ser
com a União Européia e a Rússia,
os dois principais mercados de
carne do Brasil. Os europeus, rígidos no início no bloqueio, podem
não ficar só nos três Estados.
Já os russos, sempre imprevisíveis, podem continuar com uma
restrição amena, como a feita nos
primeiros focos, ou adotar uma
posição semelhante à do ano passado, quando suspenderam as
importações do país todo.
Dois fatores, no entanto, ainda
são favoráveis ao país: oferta de
gado e demanda mundial. A oferta de gado no Brasil continua
apertada e só não é sentida nestes
dias em razão da paralisação do
mercado.
Já a procura mundial por carne
se mantém forte -um dos motivos que levou a Rússia a ser moderada nas restrições referentes
aos primeiros focos. Ela necessita
tanto da carne bovina como da
suína e da de frango.
Esses novos focos no Paraná
vão tornar o mercado de carne
ainda mais especulativo. Os frigoríficos vão continuar derrubando
os preços da carne, à procura de
pecuaristas menos avisados que
aceitem seus valores. Baixada a
poeira, o mercado não deverá
apostar em preços tão baixos no
mercado interno.
(MZ)
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