São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005

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MERCADO ABERTO

Fraga e Leme divergem sobre expansão

Nas últimas semanas, o mundo começou a dar sinais de que a fase de grande expansão que tem marcado esta década pode estar com os dias contados. As ameaças vêm de todos os lados: preço do petróleo, aumento da inflação e elevação dos juros nos Estados Unidos, desequilíbrio cambial e até mesmo a sucessão no Fed (o BC americano). A economia no mundo começa a perder forças.
Diante desse quadro, o economista Paulo Leme, do Goldman Sachs, afirma que o essencial mesmo é saber se o Brasil desperdiçou ou não a oportunidade de aumentar o seu potencial de crescimento. Até agora, o próprio Leme diz que a noção geral é a de que o país deixou passar essa chance. "A sensação, por exemplo, é a de uma paralisia quase que total no processo de reformas, que poderia ter ajudado bastante o país a melhorar o seu PIB potencial", afirma.
Já o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, diz, no entanto, que a avaliação do desempenho da economia brasileira depende do parâmetro. Quando se olha a confusão política que se formou e a paralisia no processo de reformas, e mesmo assim o país cresce 3,5%, o resultado pode ser considerado bom. Agora, quando se olha para o mundo, que tem crescido a taxas de 4,5%, o desempenho do país não pode ser considerado bom. "O país não está surfando na onda global, mas, no meio de uma crise política, é até natural que não se atinja o desempenho máximo", diz Fraga.
Leme acha, no entanto, que a crise política é um pretexto muito pouco convincente para o país não implantar reformas importantes, como a tributária e a previdenciária. O economista considera que ainda há tempo. Afinal, segundo ele, o ritmo de crescimento do mundo vai se desacelerar, mas ainda continuar alto, até pelo menos 2007. Para Leme, o foco do país tem que ser o crescimento, e não se o mundo vai acabar. "O Brasil não pode perder essa oportunidade."

PROJEÇÃO
Joaquim Levy, secretário do Tesouro, diz que, se melhorar em 0,65 ponto percentual a atual trajetória de queda da taxa de juro demonstrada na pesquisa Focus do BC, o país tende a fechar a década com uma relação dívida/PIB de 40% (hoje em 51%).

EMPREGO NO AR
A TAM vai encerrar o ano com 2.284 novos funcionários. Esse número representa um crescimento de 31,2% em relação ao contingente de colaboradores no final de 2004. Do total de contratados, 26% são comissários.

NOVA LOJA
O grupo Expand, um dos maiores importadores de vinhos da América Latina, inaugura na terça no ABC paulista uma nova loja, após investir R$ 800 mil.

BAIXO CUSTO
Com a proposta de oferecer alta gastronomia a preços baixos, a Brasserie Paulistta chegou à marca de 2.550 clientes atendidos por mês, com apenas 28 lugares. "O cliente não pode se sentir enganado. Tento oferecer um preço honesto. Com esse preço posso atender mais clientes, conhecer mais gente", diz Henrique Michalany, dono e chef do restaurante. Ele diz conseguir preços menores por meio da negociação com os fornecedores. "Sou um bom pagador. O fornecedor não quer me perder. Consigo negociar prazos maiores." Michalany era sócio do Virô Bistrô, na Vila Madalena, porém largou o negócio para abrir o restaurante. "Trabalho melhor sozinho. Lá eram sete sócios." Michalany espera abrir um novo restaurante em três anos.

VIDA APÓS A MORTE
Armínio Fraga acaba de voltar da Rússia. Ficou impressionado com o boom de crescimento do país, apesar do calote da dívida em 98. Segundo ele, o país se beneficiou do fato de ser uma grande produtora de petróleo e gás. O país pagou a dívida pública. Ele diz que a melhora não pode ser atribuída ao calote. "O calote não foi bom para nenhum país. A Argentina, por exemplo, só agora está conseguindo chegar à época que antecedeu a crise."

NO MEIO DO FURACÃO
Morador há dois anos de Miami, Paulo Leme passou a sexta e ontem preparando sua casa para a chegada do furacão Wilma, prevista para segunda. Lacrou as portas, pôs tudo de fora da casa para dentro e viajou com a mulher e os dois filhos para Nova York, até que o furacão passe.

BRASIL NOS PLANOS
A Land Rover não deixará o Brasil, diz John Peart, presidente da empresa no Brasil. O crescimento do interesse do consumidor brasileiro por carros utilitários ajudou a marca a registrar no país o seu maior crescimento no mundo: 25% de alta. "Não sei de onde tiraram isso [a saída do Brasil]. Nós queremos até aumentar a presença no país." Na semana que passou, ela anunciou que vai parar de produzir localmente um de seus modelos, o Defender. Peart, brasileiro filho de inglês, diz que a decisão foi baseada na queda nas vendas desse modelo. O Defender foi o carro dado de presente ao ex-secretário-geral do PT, Sílvio Pereira.

MEGACOMPLEXO
A Matec irá construir o complexo de exposições e feiras de 70 mil m2 que será erguido até o fim de 2006 próximo ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP). O projeto, maior que o Anhembi e concebido pela gigante mundial de eventos Fieira Milano, da Itália, em parceria com a Feira Brasil, terá 240 mil m2 de área total numa primeira etapa, mas poderá chegar a 900 mil m2 se as três fases planejadas forem concluídas. O investimento na fase inicial será de R$ 150 milhões.

PARCERIA
A Casas Bahia, o Bradesco e a Walt Disney Brasil, entre outras, anunciam na semana que começa uma parceria inédita para comemorar o terceiro ano da Super Casas Bahia. A ação será promovida pela agência de marketing promocional B/Ferraz.


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