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TEORIA ECONÔMICA
Economista James Montier afirma que ``tigres'' têm pouco de original para ensinar aos brasileiros
Sucesso do `milagre' asiático está na gestão
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
A Ásia tem muito pouco de original a ensinar ao Brasil e aos países
latino-americanos sobre crescimento, a não ser repetir os mesmos e surrados conceitos oferecidos pelos modelos econômicos
neo-clássicos.
Em outras palavras, as economias que querem alcançar as altas
taxas de crescimento obtidas pelos
países do sudeste asiático devem
procurar apoio nos fundamentos
da teoria econômica: aumentar as
taxas de poupança e de investimento.
A opinião é do economista inglês
James Montier, que após anos de
estudo das economias dos ``tigres
asiáticos'', se dedica agora a estudar a economia dos países latino-americanos no departamento
de pesquisas do grupo financeiro
Dresdner Kleinwort Benson, de
Londres.
Na esteira do economista norte-americano Paul Krugman,
Montier tem causado arrepios nos
mercados com artigos e palestras
que visam a derrubar dois mitos
sobre o chamado ``milagre econômico'' dos tigres asiáticos.
Em primeiro lugar, diz que ``não
houve milagre algum'', porque o
bem-sucedido desempenho econômico dos países asiáticos poderia ter sido previsto por qualquer
economista familiarizado com os
modelos clássicos de crescimento
econômico.
Em segundo, qualifica como
``uma falácia'' o mito segundo o
qual o sucesso de crescimento dos
países asiáticos é baseado nas exportações.
Educação
Montier, que virá ao Brasil no
mês que vem para reuniões no Ministério da Fazenda e Banco Central, diz que o ministro Pedro Malan (Fazenda) e os demais formuladores da política econômica no
Brasil e América Latina não devem
se admirar com o ``desempenho
miraculoso'' da Ásia.
Para ele, o foco da política econômica deve ser o aumento do emprego de forma quantitativa (reduzindo o setor informal) e qualitativa (investindo em educação).
Ao lado disso, devem adotar diretrizes para encorajar tanto a poupança quanto o investimento.
Montier diz que, para alcançar as
taxas asiáticas de crescimento, o
Brasil precisa estimular a poupança do setor privado e reduzir a
``despoupança'' do setor público
(o déficit fiscal).
Exportação
Montier discorda da crença generalizada segundo a qual o modelo asiático é também um milagre
de exportação.
``Isso não é verdade. O sucesso
das exportações da Ásia é baseado
num surto de investimento'', afirma o economista.
Para ele, a Coréia e Taiwan são
bons exemplos disso. São países
que levaram a cabo mudanças fundamentais, passando de uma situação de economias muito fechadas para muito abertas.
``Com isso, atraíram grande volume de capital estrangeiro, que lá
fez plataformas de exportação,
provocando primeiro um surto de
importações de máquinas e equipamentos e, depois, um surto de
exportações'', disse.
Segundo Montier, aí está a lição
para o Brasil, que nada tem a ver
com milagres, mas com gestão
econômica.
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