São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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INVESTIMENTOS
Setor pleiteia recursos para não perder bonde tecnológico
Eletrônica quer ajuda do BNDES para virar balança

LUCIA REGGIANI
da Reportagem Local

Dona de uma capacidade ociosa na casa de 50% e de um déficit comercial de US$ 8 bilhões anuais, a indústria eletroeletrônica instalada no país ambiciona ocupar o vazio das linhas de montagem com produtos exportáveis e tornar sua balança superavitária.
O caminho passa pela porta do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), onde a Eletros, associação que reúne a indústria dos produtos eletroeletrônicos de consumo, voltou a bater na semana passada.
O setor quer que o banco financie a instalação ou a ampliação de fábricas de componentes. O argumento da indústria é forte: ou o país atrai investimentos para substituir importações de componentes ou perde o bonde tecnológico e aprofunda seu déficit comercial pelo resto da vida.
Nas contas da Abinee, associação que reúne os segmentos da indústria eletroeletrônica, as importações de componentes vão somar US$ 4,6 bilhões neste ano e chegarão a US$ 7,1 bilhões em 2002, se não houver desenvolvimento de fornecedor interno.
As importações do setor diminuíram um pouco neste ano, em decorrência da alta do dólar. No acumulado de janeiro a setembro, as compras de aparelhos eletrônicos de consumo estrangeiros caíram 33,8%, as de informática, 22,5%, e as de telecomunicações, 21,8% sobre o mesmo período de 98. Mas as importações de componentes só diminuíram 2,2%.
Utilizando 55% de componentes importados, a indústria do produto final reclama da vulnerabilidade às flutuações do dólar, que encarece seus custos.
"É preciso atrair fabricantes de componentes e dar a eles perspectiva de exportação. Até porque o mercado interno encolheu e sozinho não justifica o investimento", diz Nelson Wortsman, presidente do conselho da Eletros.
E para conseguir investimentos é necessário um conjunto de atrativos. "Todos os países do mundo disputam essas empresas porque o componente aumenta o valor agregado do produto e garante a dianteira tecnológica, a inovação", justifica Wortsman.
A vinda de algumas empresas de alta tecnologia, como as fabricantes de microprocessadores e chips de memória, nem é cogitada, porque depende de uma escala de produção e de investimentos na casa dos bilhões de dólares.
O que a Abinee propõe é a atração de fábricas de produtos como circuitos impressos e transistores, que se viabilizariam com a demanda interna, e de produtores de circuitos integrados dedicados, por exemplo, que exportariam até 60% da produção.
Os investimentos necessários, nas contas da Abinee, somam US$ 1,15 bilhão, a maior parte para semicondutores (US$ 600 milhões), responsáveis pela "inteligência" dos produtos. Mas só o dinheiro não basta. "Precisamos ter igualdade de condições para competir com o fabricante estrangeiro", defende Sérgio Galdieri, vice-presidente da Abinee.



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