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INVESTIMENTOS
Setor pleiteia recursos para não perder bonde tecnológico
Eletrônica quer ajuda do
BNDES para virar balança
LUCIA REGGIANI
da Reportagem Local
Dona de uma capacidade ociosa
na casa de 50% e de um déficit comercial de US$ 8 bilhões anuais, a
indústria eletroeletrônica instalada no país ambiciona ocupar o
vazio das linhas de montagem
com produtos exportáveis e tornar sua balança superavitária.
O caminho passa pela porta do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), onde a Eletros, associação
que reúne a indústria dos produtos eletroeletrônicos de consumo,
voltou a bater na semana passada.
O setor quer que o banco financie a instalação ou a ampliação de
fábricas de componentes. O argumento da indústria é forte: ou o
país atrai investimentos para
substituir importações de componentes ou perde o bonde tecnológico e aprofunda seu déficit comercial pelo resto da vida.
Nas contas da Abinee, associação que reúne os segmentos da indústria eletroeletrônica, as importações de componentes vão
somar US$ 4,6 bilhões neste ano e
chegarão a US$ 7,1 bilhões em
2002, se não houver desenvolvimento de fornecedor interno.
As importações do setor diminuíram um pouco neste ano, em
decorrência da alta do dólar. No
acumulado de janeiro a setembro,
as compras de aparelhos eletrônicos de consumo estrangeiros caíram 33,8%, as de informática,
22,5%, e as de telecomunicações,
21,8% sobre o mesmo período de
98. Mas as importações de componentes só diminuíram 2,2%.
Utilizando 55% de componentes importados, a indústria do
produto final reclama da vulnerabilidade às flutuações do dólar,
que encarece seus custos.
"É preciso atrair fabricantes de
componentes e dar a eles perspectiva de exportação. Até porque o
mercado interno encolheu e sozinho não justifica o investimento",
diz Nelson Wortsman, presidente
do conselho da Eletros.
E para conseguir investimentos
é necessário um conjunto de atrativos. "Todos os países do mundo
disputam essas empresas porque
o componente aumenta o valor
agregado do produto e garante a
dianteira tecnológica, a inovação", justifica Wortsman.
A vinda de algumas empresas
de alta tecnologia, como as fabricantes de microprocessadores e
chips de memória, nem é cogitada, porque depende de uma escala de produção e de investimentos
na casa dos bilhões de dólares.
O que a Abinee propõe é a atração de fábricas de produtos como
circuitos impressos e transistores,
que se viabilizariam com a demanda interna, e de produtores
de circuitos integrados dedicados,
por exemplo, que exportariam até
60% da produção.
Os investimentos necessários,
nas contas da Abinee, somam
US$ 1,15 bilhão, a maior parte para semicondutores (US$ 600 milhões), responsáveis pela "inteligência" dos produtos. Mas só o
dinheiro não basta. "Precisamos
ter igualdade de condições para
competir com o fabricante estrangeiro", defende Sérgio Galdieri,
vice-presidente da Abinee.
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