São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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BC já trabalha com IPCA de 8,6% este ano

SILVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília

O Banco Central já trabalha com um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado) de 8,65% para este ano, o que estaria dentro da margem prevista pelo sistema de metas de inflação. A meta principal, porém, era de 8%.
O governo avalia que os meses de novembro e dezembro serão um "teste" para a inflação de demanda, que é a inflação motivada pela maior procura pelos bens e serviços. O economista da consultoria Tendências Roberto Padovani acha que a inflação de demanda levará o IPCA para 8,9%.
Para que a variação do IPCA seja de 8,65%, o índice terá que manter uma média de 0,7% nestes dois últimos meses do ano. O IPCA de outubro foi de 1,19%.
No último relatório de inflação, divulgado em setembro, o BC previa que a variação anual do IPCA em 1999 seria de 7,4% mantida a taxa de juros de 19% ao ano. O pior cenário era o de uma variação igual ao da meta principal: 8%. No sistema de metas inflacionárias, há uma margem de flutuação de dois pontos percentuais para cima e dois para baixo.
"Nós só teremos um nível de demanda igual ao de agora em meados do ano 2000", afirma o secretário-adjunto de Política Econômica, Fernando Montero. Por causa disto, o secretário acredita que a inflação de demanda será testada até o final de dezembro.
O governo não acredita em inflação de demanda e está preparando um estudo para fazer frente às teses do mercado. Para o economista Padovani, a inflação de demanda é uma consequência da inflação de custos que aconteceu: alta do dólar e aumentos de tarifas de serviços como energia elétrica e telecomunicações.
O estudo será divulgado esta semana e mostrará que os IPCs (Índices de Preços ao Consumidor) são afetados pela alta do dólar de maneira diferente dos IPAs (Índices de Preços do Atacado), que já superam os 2% mensais.
Segundo Montero, no máximo metade dos IPCs é formada por bens "tradables", ou seja, que sofrem competição com produtos importados. "E a parcela "tradable" desses índices tem essa característica de uma maneira menos forte que a dos IPAs", explica.
Um exemplo, segundo Montero, é o preço do trigo em relação ao preço do pão ou do macarrão. A longa cadeia de intermediários entre os dois grupos acaba diluindo o aumento original no preço do trigo. "O preço do pão não sobe como o do trigo porque estamos em uma economia desindexada", diz.


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