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BC já trabalha
com IPCA de
8,6% este ano
SILVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília
O Banco Central já trabalha
com um IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Ampliado) de
8,65% para este ano, o que estaria
dentro da margem prevista pelo
sistema de metas de inflação. A
meta principal, porém, era de 8%.
O governo avalia que os meses
de novembro e dezembro serão
um "teste" para a inflação de demanda, que é a inflação motivada
pela maior procura pelos bens e
serviços. O economista da consultoria Tendências Roberto Padovani acha que a inflação de demanda levará o IPCA para 8,9%.
Para que a variação do IPCA seja de 8,65%, o índice terá que
manter uma média de 0,7% nestes dois últimos meses do ano. O
IPCA de outubro foi de 1,19%.
No último relatório de inflação,
divulgado em setembro, o BC
previa que a variação anual do IPCA em 1999 seria de 7,4% mantida a taxa de juros de 19% ao ano.
O pior cenário era o de uma variação igual ao da meta principal:
8%. No sistema de metas inflacionárias, há uma margem de flutuação de dois pontos percentuais
para cima e dois para baixo.
"Nós só teremos um nível de demanda igual ao de agora em meados do ano 2000", afirma o secretário-adjunto de Política Econômica, Fernando Montero. Por
causa disto, o secretário acredita
que a inflação de demanda será
testada até o final de dezembro.
O governo não acredita em inflação de demanda e está preparando um estudo para fazer frente
às teses do mercado. Para o economista Padovani, a inflação de
demanda é uma consequência da
inflação de custos que aconteceu:
alta do dólar e aumentos de tarifas
de serviços como energia elétrica
e telecomunicações.
O estudo será divulgado esta semana e mostrará que os IPCs (Índices de Preços ao Consumidor)
são afetados pela alta do dólar de
maneira diferente dos IPAs (Índices de Preços do Atacado), que já
superam os 2% mensais.
Segundo Montero, no máximo
metade dos IPCs é formada por
bens "tradables", ou seja, que sofrem competição com produtos
importados. "E a parcela "tradable" desses índices tem essa característica de uma maneira menos
forte que a dos IPAs", explica.
Um exemplo, segundo Montero, é o preço do trigo em relação
ao preço do pão ou do macarrão.
A longa cadeia de intermediários
entre os dois grupos acaba diluindo o aumento original no preço
do trigo. "O preço do pão não sobe como o do trigo porque estamos em uma economia desindexada", diz.
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