São Paulo, Domingo, 21 de Novembro de 1999
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Economista vê estímulo à demissão

da Reportagem Local

O problema do atual sistema, na opinião do economista José Márcio Camargo, é que o trabalhador só pode sacar o FGTS basicamente quando é demitido ou se aposenta. Como o dinheiro fica muito tempo parado no FGTS com rendimento baixo (TR mais 3% ao ano), muitas pessoas até preferem ser demitidas para pegar a bolada.
"Quando a economia está crescendo, isso ocorre com frequência porque as pessoas acham que podem arrumar emprego com alguma facilidade. Muitas empresas até fazem acordos para demitir os empregados e pagar "por fora", sem carteira assinada", diz o economista.
Uma pesquisa que serviu de base para o estudo mostra que 60% dos que sacaram o FGTS pediram aos patrões para serem demitidos. Além disso, 40% dos que recebem o seguro-desemprego têm alguma ocupação que não foi declarada ao Ministério do Trabalho.
Mesmo com todos os problemas, dizem os sindicalistas, o seguro-desemprego e o FGTS são uma forma de proteção social que deve ser mantida a qualquer custo.
Os dirigentes das duas principais centrais sindicais consideram as propostas uma "afronta" ao trabalhador.
"Os arquitetos do governo, sem conhecer o povo, fazem projetos mirabolantes, sempre acabando com direitos. Se o governo usasse os recursos do FGTS para os seus fins, criaria emprego e resolveria boa parte do problema de pobreza no Brasil, disse Vicente Paulo da Silva, presidente da CUT.
De acordo com ele, o discurso de proteção à informalidade é demagogo. "Se implantadas, essas propostas vão precarizar ainda mais as condições de trabalho."

Críticas
"A proposta é ruim agora e ruim depois. Os únicos que ganham com isso são os economistas que a fizeram", disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, da Força Sindical.
De acordo com o sindicalista, a multa do FGTS e as parcelas do seguro-desemprego são a garantia de sobrevivência do trabalhador demitido.
Segundo ele, se o governo pensar em implementar as sugestões, as duas centrais sindicais podem promover a maior greve geral.
O argumento de que há fraude de acordo com ele não é convincente. "Se há fraude, o que os economistas tinham que propor era como inibi-las."


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