|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Proposta apresentada ao governo sugere que dinheiro do fundo vá para o empregado após quatro anos
Estudo prevê incorporar FGTS a salário
FÁBIA PRATES
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
O Ministério do Trabalho começa a analisar, nesta semana,
uma proposta que prevê mudanças radicais no sistema de proteção social ao trabalhador como,
por exemplo, o fim do direito à
multa de 40% do FGTS (Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço)
que a empresa paga ao funcionário quando o demite.
A proposta prevê ainda que o
dinheiro pago pelas empresas ao
FGTS (8% do salário mensal) vá
para o bolso do empregado e para
a criação de instrumentos de proteção aos trabalhadores do mercado informal.
O estudo, que está nas mãos do
ministro Francisco Dornelles
(Trabalho), já enfrenta oposição
da CUT e da Força Sindical antes
mesmo de ser levado a debate. Foi
elaborado, a pedido do governo,
por quatro economistas especializados em trabalho e renda.
Depois de quatro meses estudando o FGTS e o seguro-desemprego, eles concluíram que o sistema de proteção social brasileiro
trabalha com os sinais invertidos.
Do jeito que está, dizem, o sistema estimula fraudes, incentiva as
demissões e atende menos da metade dos trabalhadores.
"O atual sistema não protege os
15 milhões sem carteira assinada e
incentiva a alta rotatividade nos
empregos", critica José Márcio
Camargo, da PUC do Rio de Janeiro, autor do estudo, junto com
Hélio Zylberstajn e José Paulo
Chahad, da USP, e Ricardo Paes
de Barros, do Ipea.
Poupança
Na prática, os economistas propõem o fim do seguro-desemprego e do FGTS da forma como existem hoje. Eles montaram uma espécie de engenharia que prevê a
redução em 60% dos gastos do
governo com o seguro-desemprego, hoje de R$ 5 bilhões anuais.
A proposta prevê a abertura de
uma espécie de "caderneta de
poupança" para financiar o novo
seguro-desemprego. A base desse
fundo seria o "velho" FGTS.
A diferença é que, além da contribuição de 8% do salário feita
hoje pelas empresas, o governo
também participará depositando,
no primeiro ano de trabalho, o
dobro dessa contribuição. O governo só contribuirá com recursos para quem ganha até 2,5 salários mínimos (hoje, R$ 340).
A "poupança" será formada durante quatro anos. É o tempo suficiente para acumular uma reserva
equivalente a seis meses de salário
do trabalhador.
O empregado só poderá mexer
nesses recursos se for demitido,
como já funciona no sistema
atual. É esse dinheiro, liberado em
seis parcelas, que funcionará como seguro-desemprego.
A principal mudança vem depois que o trabalhador acumula o
equivalente aos seis meses de seguro-desemprego. A partir daí, o
dinheiro que a empresa recolhe
ao FGTS (8% do salário) poderá
ser embolsado pelo empregado.
Na prática, pode virar um aumento de salário. Mas, se quiser, o empregado poderá deixar o dinheiro
no FGTS, como hoje.
Outra mudança é que, hoje em
dia, a empresa paga ao trabalhador 40% do FGTS como multa pela demissão. Pela proposta, a empresa pagará uma multa menor e
o dinheiro irá custear a parte do
governo no seguro-desemprego.
Os economistas sugerem que os
R$ 5 bilhões do PIS/Pasep que hoje custeiam o seguro-desemprego
sejam destinados à criação de instrumentos de proteção social para
aqueles que trabalham no mercado informal.
Entre as idéias em estudo estão
dar dinheiro para as famílias de
baixa renda que mantêm filhos na
escola ou distribuir recursos para
os idosos sem aposentadoria.
Texto Anterior: Aposentadoria por idade prevê a opção Próximo Texto: Economista vê estímulo à demissão Índice
|