São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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ENERGIA

Com lei que cria impostos e muda contratos, empresa estima que valor dos investimentos no país vizinho caia à metade

Perda da Petrobras na Bolívia deve ser de 50%

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os investimentos em produção de gás da Petrobras na Bolívia perdem metade do seu valor com a nova Lei dos Hidrocarbonetos daquele país, segundo avaliação preliminar da estatal brasileira. O cálculo se refere aos ganhos esperados ao longo do período de concessão dos projetos, até 2023.
A lei boliviana, promulgada na terça-feira, cria um imposto de 32% para empresas que atuam no setor de petróleo e gás e determina a alteração dos contratos vigentes em até 180 dias.
"A nova lei aponta para uma diminuição do valor presente líquido desses projetos da ordem de 50%", disse José Eduardo Dutra, presidente da Petrobras.
Ele falou após reunião sobre o assunto com os ministros Dilma Rousseff (Minas e Energia) e José Dirceu (Casa Civil) e os bolivianos Guillermo Torres (Hidrocarbonetos), Juan Ignácio Siles Del Valle (chanceler) e Francesco Zaratti (Capitalização).
A Petrobras tem aproximadamente US$ 1 bilhão investido na Bolívia, e os rendimentos desses recursos respondem por cerca de 1,5% da receita total da empresa.
Os bolivianos temem que, com a entrada em vigor da lei, investidores estrangeiros, como a Petrobras, deixem o país. Por isso, a delegação de ministros está visitando os países-sede das principais multinacionais que operam na exploração de gás e petróleo na Bolívia. "Esperamos paciência do governo brasileiro", disse Torres.

Novos projetos podem parar
Dutra disse que a Petrobras não deixará a Bolívia, mas não confirmou a continuidade dos investimentos previstos. "Em relação a novos projetos, nós não temos segurança ainda para afirmar que vão ser mantidos. Essa lei tem uma taxação muito maior, portanto reduz a atratividade."
O presidente da Petrobras disse que os preços de fornecimento de gás entre a Petrobras e a YPFB (Yacimentos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) não serão modificados. "A lei não incide sobre o contrato de comercialização de gás entre o Brasil e a Bolívia."
Na interpretação do governo brasileiro, a lei afeta apenas os contratos de exploração e produção. Para tratar desses contratos, foi criado um grupo de trabalho. Outro grupo de trabalho tratará de como ficarão os investimentos em integração energética envolvendo Brasil, Bolívia e Argentina.


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