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COMÉRCIO EXTERIOR
Com concorrência asiática crescente, governo decide proteger indústria com possibilidade de adoção de salvaguardas
País adotará barreiras contra produto chinês
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Brasil vai impor barreiras comerciais aos produtos chineses.
Diante do forte crescimento das
importações de produtos do país
asiático, o governo resolveu adotar os instrumentos de salvaguarda permitidos pela Organização
Mundial do Comércio, como a
definição de cotas para mercadorias e alíquotas de impostos adicionais à TEC (Tarifa Externa Comum do Mercosul).
O Brasil segue o caminho já trilhado por União Européia, Estados Unidos e Argentina para proteger seus mercados de produtos
chineses. Com o reconhecimento
da China como economia de mercado na OMC, em dezembro, o
Brasil passou a contar com a possibilidade de regulamentar salvaguardas para itens daquele país.
O anúncio foi feito pelo secretário-executivo da Camex (Câmara
de Comércio Exterior), Mário
Mugnaini, e pelo secretário de
Comércio Exterior do Ministério
do Desenvolvimento, Ivan Ramalho. Enquanto explicavam as medidas em Brasília, o ministro Luiz
Fernando Furlan (Desenvolvimento) as divulgava para fabricantes de calçados da região de
Franca (SP), um dos setores mais
afetados pela concorrência.
Segundo Furlan, a adoção de
salvaguardas vai atingir os setores
têxtil, de confecções, calçados,
brinquedos e alguns segmentos
eletroeletrônicos. "Nós temos recebido muitas reclamações. Com
essa regulamentação, podemos
agilizar a investigação e, eventualmente, propor ao governo medidas que possam atenuar o efeito
danoso da concorrência desleal."
As barreiras poderão ser estabelecidas para qualquer produto,
mas não serão impostas automaticamente. Segundo Mugnaini, os
segmentos da indústria que se
sentirem prejudicados terão de
protocolar petição no Departamento de Defesa Comercial do
ministério, "com provas" de danos causados pelo ingresso dos
produtos chineses. O governo só
poderá definir que salvaguardas
serão adotadas após a análise.
As regras para a imposição das
salvaguardas constarão de dois
decretos que deverão ser assinados pelo presidente Luiz Inácio da
Silva nos próximos dias.
Quando entrou com o pedido
para ingressar na OMC, em 2001,
a China aceitou a imposição de
salvaguardas para os seus produtos têxteis até 2008. Para os demais produtos, até 2015. A princípio, esses serão os prazos com os
quais o Brasil vai trabalhar.
A medida foi aprovada pelo presidente da Associação Brasileira
das Indústrias de Calçados, Élcio
Jacometti. "Queremos igualdade
de competitividade, não estamos
pedindo nada mais que isso."
O presidente do Ciesp (Centro
das Indústrias do Estado de São
Paulo), Claudio Vaz, citou exemplo de importados fora dos preços
de mercado. Segundo ele, lâmpadas fluorescentes chegaram a São
Paulo nesta semana por "preços
figurativos", como US$ 0,01.
Comércio bilateral
A China é o terceiro maior mercado consumidor de produtos
brasileiros e o quarto maior fornecedor de mercadorias para o
país. As importações, porém,
crescem num ritmo muito maior
do que o das exportações. No primeiro quadrimestre, enquanto as
exportações brasileiras (US$ 1,628
bilhão) aumentaram apenas
3,9%, em comparação com igual
período do ano passado, as importações de mercadorias chinesas (US$ 1,437 bilhão) cresceram
58,3%. No caso de filamentos, fios
e tecidos, as compras de produtos
chineses cresceram 170%. No de
equipamentos de vídeo, 267%.
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