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GOVERNO
Proposta é ampliar conselho
Lula evita comentar CMN com empresários
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Em jantar na quinta na Granja
do Torto com empresários do
CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou falar sobre a ampliação
de três para nove no número de
integrantes do CMN (Conselho
Monetário Nacional). Lula procurou falar só de amenidades.
Na reunião que ocorreu antes
do jantar, o Conselhão aprovou
uma moção para que sejam incluídos representantes da sociedade no CMN, cuja principal atribuição é a de fixar as metas de inflação. A expectativa era que Lula
emitisse alguma opinião sobre a
moção, mas ele preferiu não se
pronunciar.
Não foi tranqüila a aprovação
da moção pelo CDES, apesar de
ter sido sancionada pela imensa
maioria. O conselheiro Roberto
Setubal, presidente do Banco Itaú,
fez um pronunciamento veemente contra a proposta de ampliação
do CMN. Ele recebeu o apoio de
nomes como Abilio Diniz (Pão de
Açúcar), Fábio Barbosa (ABN
Amro), Horacio Lafer Piva (Klabin), Jorge Gerdau (Gerdau),
Paulo Godoy (Abdib) e Zilda
Arns.
Do outro lado do balcão, a proposta de ampliação do CMN foi
ardorosamente defendida por
Paulo Skaf, presidente da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), e Antoninho
Marmo Trevisan.
Setubal considera um risco
muito grande para o país a volta
do CMN à época quando chegou
a ter 27 membros. Para ele, esse
foi até um dos motivos que explicam a hiperinflação nos anos 80.
No seu entendimento, a ampliação do número de membros do
CMN representa um risco da volta da inflação no país.
Setubal deixa claro que ele não
faz essa defesa por ser contra a
queda dos juros. Pelo contrário.
"Os bancos ganham mais com os
juros baixos, em razão do aumento do crédito", diz ele.
No jantar, no entanto, o tema
principal da reunião do CDES
passou a largo. Os convidados foram divididos em mesas diferentes -em cada uma delas com a
presença de uma autoridade do
governo. Lula e a primeira-dama,
Marisa Letícia, sentaram-se numa
mesa com Fábio Barbosa (ABN
Amro), Roger Agnelli (Vale do
Rio Doce), Viviane Senna, Bebeto
de Freitas (presidente do Botafogo) e João Felício (CUT).
Lula conversou muito, no jantar, sobre a viagem ao Japão e a
Coréia do Sul, que se inicia na
próxima semana. Agnelli, que conhece bem os dois países, deu algumas "dicas" da viagem.
O ponto alto do jantar foram os
pratos. Foram servidos um prato
de tambaqui e outro feito com
cordeiro da Patagônia. Circulou
entre as mesas que o cordeiro foi
um presente dado pelo presidente
da Argentina, Nestor Kirchner, na
sua recente vinda ao Brasil para
participar da reunião de cúpula
dos países árabes e sul-americanos. A brincadeira que correu é
que o resultado do presente só seria conhecido no dia seguinte.
Não se sabe, no entanto, de nenhuma indigestão.
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