São Paulo, sábado, 21 de maio de 2005

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GOVERNO

Proposta é ampliar conselho

Lula evita comentar CMN com empresários

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

Em jantar na quinta na Granja do Torto com empresários do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou falar sobre a ampliação de três para nove no número de integrantes do CMN (Conselho Monetário Nacional). Lula procurou falar só de amenidades.
Na reunião que ocorreu antes do jantar, o Conselhão aprovou uma moção para que sejam incluídos representantes da sociedade no CMN, cuja principal atribuição é a de fixar as metas de inflação. A expectativa era que Lula emitisse alguma opinião sobre a moção, mas ele preferiu não se pronunciar.
Não foi tranqüila a aprovação da moção pelo CDES, apesar de ter sido sancionada pela imensa maioria. O conselheiro Roberto Setubal, presidente do Banco Itaú, fez um pronunciamento veemente contra a proposta de ampliação do CMN. Ele recebeu o apoio de nomes como Abilio Diniz (Pão de Açúcar), Fábio Barbosa (ABN Amro), Horacio Lafer Piva (Klabin), Jorge Gerdau (Gerdau), Paulo Godoy (Abdib) e Zilda Arns.
Do outro lado do balcão, a proposta de ampliação do CMN foi ardorosamente defendida por Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), e Antoninho Marmo Trevisan.
Setubal considera um risco muito grande para o país a volta do CMN à época quando chegou a ter 27 membros. Para ele, esse foi até um dos motivos que explicam a hiperinflação nos anos 80. No seu entendimento, a ampliação do número de membros do CMN representa um risco da volta da inflação no país.
Setubal deixa claro que ele não faz essa defesa por ser contra a queda dos juros. Pelo contrário. "Os bancos ganham mais com os juros baixos, em razão do aumento do crédito", diz ele.
No jantar, no entanto, o tema principal da reunião do CDES passou a largo. Os convidados foram divididos em mesas diferentes -em cada uma delas com a presença de uma autoridade do governo. Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia, sentaram-se numa mesa com Fábio Barbosa (ABN Amro), Roger Agnelli (Vale do Rio Doce), Viviane Senna, Bebeto de Freitas (presidente do Botafogo) e João Felício (CUT).
Lula conversou muito, no jantar, sobre a viagem ao Japão e a Coréia do Sul, que se inicia na próxima semana. Agnelli, que conhece bem os dois países, deu algumas "dicas" da viagem.
O ponto alto do jantar foram os pratos. Foram servidos um prato de tambaqui e outro feito com cordeiro da Patagônia. Circulou entre as mesas que o cordeiro foi um presente dado pelo presidente da Argentina, Nestor Kirchner, na sua recente vinda ao Brasil para participar da reunião de cúpula dos países árabes e sul-americanos. A brincadeira que correu é que o resultado do presente só seria conhecido no dia seguinte. Não se sabe, no entanto, de nenhuma indigestão.


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