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Depoimento aponta 2 furtos na Petrobras
Segundo funcionário da Halliburton, equipamentos com dados sigilosos da estatal não estavam em contêiner arrombado
Perito criminal que trabalha no caso fala em "ocorrência paralela" sem "correlação com o local do crime examinado"
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ (RJ)
Os dois discos rígidos com
supostas informações reservadas da Petrobras furtados no
mês passado em Macaé (cidade
litorânea 188 km ao norte do
Rio) não estavam no contêiner
arrombado, comunicou a empresa americana Halliburton à
PF (Polícia Federal).
Segundo depoimento de um
dos funcionários, o furto dos
discos rígidos aconteceu -provavelmente em um galpão- em
data anterior à troca de cadeado que permitiu o furto do contêiner.
Essa informação vem sendo
mantida em sigilo pela PF. Junto com dois pentes de memória,
os discos rígidos chegaram a
Macaé no dia 11 de janeiro. Armazenavam dados sobre a perfuração de poços de petróleo no
litoral brasileiro.
A afirmação de que nem os
discos rígidos nem os pentes de
memória estavam no contêiner
foi feita à equipe da PF que periciou o contêiner pelo supervisor Reginaldo Mattos, da Halliburton. Mais tarde foram confirmadas em depoimentos de
representantes da empresa na
Delegacia da PF em Macaé.
No documento (número
027/2008) em que relata ao
Núcleo de Criminalística da PF
no Rio o trabalho realizado em
Macaé, o perito criminal Isaque
Morais diz que Mattos mostrou
a ele e ao gerente setorial de segurança Clóvis José Amaral, da
Petrobras, a CPU (sigla em inglês para Unidade Central de
Processamento) de onde foram
retirados os discos e pentes.
A CPU estava em um galpão a
cerca de 150 metros do contêiner, na sede da Halliburton em
Macaé. Também desapareceu
do local um computador clone,
com cópia do conteúdo de um
disco rígido.
No relatório, Morais informa
que, como o contêiner não tinha sido preservado após a descoberta do arrombamento, não
havia como apresentar conclusões a respeito do crime. Mas
relata o que chamou de "ocorrência paralela", que não mantinha "correlação com o local
do crime examinado".
A seguir, o perito diz ter sido
informado que os HDs, os pentes e um gravador de DVD foram furtados bem antes da chegada do contêiner a Macaé, no
dia 30 de janeiro. Esses equipamentos não estavam no interior do contêiner. Tinham chegado ao local em 11 de janeiro.
Do contêiner, foram levados
apenas quatro computadores
portáteis e uma impressora, de
acordo com que o foi dito na
ocasião ao perito. O ladrão deixou no compartimento três
monitores de tela plana de 20
polegadas, possivelmente por
não ter como carregá-los junto
com os laptops e a impressora.
Não havia no contêiner mais
notebooks, diferentemente do
que dissera anteontem o superintendente da PF no Rio, Jacinto Caetano.
O registro sobre o arrombamento do contêiner feito em 1�
de fevereiro pela Petrobras na
sede da PF no Rio limita-se a
listar as peças furtadas. Na relação aparecem os laptops, os
HDs e os pentes. Não há referência ao furto anterior.
Também o registro da Polícia
Civil, feito pela Halliburton na
123� DP (Delegacia de Polícia),
em Macaé, omite o episódio anterior relatado no documento
pericial. A Folha tentou ouvir o
perito criminal Isaque Morais.
Ele recusou-se a dar entrevista,
sob a alegação de não ter autorização da PF.
Na Petrobras em Macaé, o
gerente Clóvis José Amaral
não poderia falar porque passou o dia em reuniões. De manhã, ele esteve na PF em Macaé
para acompanhar os depoimentos de três funcionários.
Não deu entrevistas.
Na sede da Halliburton em
Macaé, funcionários informavam que ninguém falaria sobre
o furto dos equipamentos de
informática. O supervisor Reginaldo Mattos prestou depoimento ontem na PF em Macaé,
mas não respondeu aos questionamentos da Folha a respeito.
Colaborou CIRILO JUNIOR, da FOLHA ONLINE, NO RIO
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