|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cesp vai a leilão pelo mínimo de R$ 6,6 bi
Ao menos 3 consórcios devem disputar geradora paulista no dia 26 de março na Bovespa, maior privatização desde 2000
Na última hora, governo paulista decide levar todas as ações do Estado a leilão; outros negócios no setor devem diminuir o ágio
TONI SCIARRETTA
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo paulista decidiu
ontem levar a leilão no dia 26
de março o controle da Cesp
(Companhia Energética de São
Paulo), terceira maior geradora
de eletricidade do país, por R$
6,6 bilhões. Será a maior privatização já feita no setor elétrico
e a maior desde o leilão do Banespa, em 2000.
O negócio acontece em meio
a dúvidas sobre a renovação das
licenças das usinas hidrelétricas da Cesp pela Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) e
a um cenário de pré-crise de
abastecimento, fato que pressupõe aumento nos preços e
torna ainda mais estratégica a
compra da geradora, localizada
no centro econômico do país.
Na avaliação do governo paulista, a crise nos mercados internacionais não deverá prejudicar o leilão. O governo estadual também desconsiderou
pressões para reduzir o preço
das ações. A expectativa é que a
venda levante cerca de R$ 7 bilhões para os cofres do Estado.
A Cesp tem seis usinas hidrelétricas, sendo que apenas a de
Porto Primavera -a segunda
mais importante- teve a sua
concessão renovada até 2028.
Já em 2011 vence a concessão
da usina Três Irmãos e, em
2015, a de Jupiá. Com todas as
concessões asseguradas, o valor da empresa poderia ser ainda maior, segundo analistas.
Na última hora, o governo
paulista decidiu vender também as ações em poder do Metrô, devendo assim sair completamente da Cesp.
Consolidação elétrica
A venda da geradora deve detonar uma consolidação sem
precedentes no setor elétrico,
como já aconteceu na telefonia
brasileira. A privatização só
não será o negócio do ano no
setor por conta da venda do
controle da Brasiliana, empresa que congrega a Eletropaulo
Metropolitana, distribuidora
na Grande São Paulo, além da
geradora Tietê e a termelétrica
Uruguaiana. A Brasiliana é avaliada em mais de R$ 10 bilhões,
e a venda deve acontecer também no primeiro trimestre.
A privatização da Cesp será
por meio de envelope fechado,
com direito a lances em viva-voz dos interessados, no antigo
pregão da Bovespa. Os detalhes
serão conhecidos a partir do
próximo dia 26, quando será
publicado o edital do leilão.
Pelo menos três consórcios
devem disputar a Cesp. No total, 12 empresas foram individualmente ao "data room", espécie de central de informações financeiras, da empresa.
Entre os favoritos, estão a
franco-belga Suez/Tractebel,
dona da Gerasul, a maior geradora privada no país, que deve
entrar na disputa com a Neoenergia, que tem entre os sócios
a espanhola Iberdrola.
A distribuidora paulista
CPFL, que tem capital de Votorantim, Camargo Corrêa, Bradesco e Previ, também deve
formar um consórcio próprio.
O terceiro consórcio teria a
participação da ítalo-espanhola Enel/Endesa, com uma possível adesão da portuguesa
EDP, dona das distribuidoras
Bandeirante (SP), Enersul
(MS) e Escelsa (ES).
Também correm por fora as
estatais Copel (PR) e Cemig
(MG), que negociam sua adesão a um dos consórcios. A participação das duas estatais, no
entanto, é vetada por lei paulista, que proíbe a venda de empresas em processo em privatização para outras estatais.
Na avaliação da corretora
Ativa, o negócio deve sair no
máximo 10% acima do preço
mínimo. Já o Unibanco vê pouca disputa por conta de outras
oportunidades no setor. "Não
acreditamos em uma grande
disputa pela empresa e entendemos que há melhores oportunidades no setor elétrico",
afirma Fernando Abdalla, analista do Unibanco.
Investimentos no Estado
Com os recursos obtidos com
a Cesp, o governador José Serra
(PSDB) pretende concentrar
investimentos em infra-estrutura, principalmente em transportes, habitação e saúde, que
levam o grosso dos recursos
previstos no PPA (Plano Plurianual) para o período 2008-2011 enviado à Assembléia.
Na área de transportes, o governo planeja recuperar 12.000
km de estradas vicinais, transformar em metrô de superfície
162 km de linhas da CPTM e
implantar o trem expresso até o
aeroporto de Guarulhos.
O plano para habitação inclui
a construção de ao menos
51.170 casas e intervenções em
áreas em que moram 70 mil famílias, como urbanização de favelas, além da possível retirada
de 12,8 mil famílias da serra do
Mar. O PPA ainda prevê a construção de 40 unidades de atendimento médico intermediárias entre postos de saúde e os
hospitais e a construção de presídios com 10 mil vagas.
Na área de saneamento, há
projeto de R$ 1 bilhão na Baixada Santista e para a continuação da despoluição do rio Tietê
na região metropolitana.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Dinheiro da Cesp vai para investimento, diz secretário Índice
|