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Pouco dinheiro secou hidrelétrica
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O problema que o governo tenta enfrentar com o racionamento
não é de falta de capacidade de gerar energia. O Brasil tem usinas
para produzir até 74 mil megawatts, enquanto a demanda máxima do país é de 56 mil megawatts.
O desafio que o governo tenta
ultrapassar com o racionamento é
de falta de matéria-prima para
produzir energia. No caso do país,
com 97% da energia oriunda de
hidroelétricas, a matéria-prima é
a água. A falta de água hoje não
pode ser totalmente creditada a
um ano ruim de chuvas. Desde 96,
a cada fim de período chuvoso, os
reservatórios das hidrelétricas se
recuperam em níveis mais baixos.
Atualmente, os reservatórios
das regiões Sudeste e Centro-Oeste estão com 31,55% de sua capacidade. Os da região Nordeste estão com 32,59%.
Até novembro, os reservatórios
das regiões Sudeste e Centro-Oeste podem chegar, no máximo, a
10% de sua capacidade e os da região Nordeste, a 5%.
Para que a queda no nível dos
reservatórios durante o período
seco (maio a novembro) fosse
normal, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste deveriam estar com aproximadamente 49% de sua capacidade e os
da região Nordeste, com 50%.
O motivo disso é o crescimento
da demanda por energia (em torno de 5% ao ano), a falta de investimentos em nova geração e a falta
de diversificação do parque gerador -construção de termelétricas que não dependam de água.
Outro problema é que o sistema
de linhas de transmissão, embora
interligado na maior parte do país
(é isolado na maior parte da região Amazônica), é insuficiente
para que toda a energia que sobra
no Sul e Norte (leste do Pará e Maranhão) se transfira para o Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
A falta de investimento acontece porque o governo decidiu privatizar o setor e congelou os investimentos das geradoras, todas
estatais. O programa emergencial
de termelétricas, criado em fevereiro do ano passado, ainda não
deslanchou, porque deveria ter sido feito com dinheiro privado.
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