São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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Pouco dinheiro secou hidrelétrica

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O problema que o governo tenta enfrentar com o racionamento não é de falta de capacidade de gerar energia. O Brasil tem usinas para produzir até 74 mil megawatts, enquanto a demanda máxima do país é de 56 mil megawatts.
O desafio que o governo tenta ultrapassar com o racionamento é de falta de matéria-prima para produzir energia. No caso do país, com 97% da energia oriunda de hidroelétricas, a matéria-prima é a água. A falta de água hoje não pode ser totalmente creditada a um ano ruim de chuvas. Desde 96, a cada fim de período chuvoso, os reservatórios das hidrelétricas se recuperam em níveis mais baixos.
Atualmente, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste estão com 31,55% de sua capacidade. Os da região Nordeste estão com 32,59%.
Até novembro, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste podem chegar, no máximo, a 10% de sua capacidade e os da região Nordeste, a 5%.
Para que a queda no nível dos reservatórios durante o período seco (maio a novembro) fosse normal, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste deveriam estar com aproximadamente 49% de sua capacidade e os da região Nordeste, com 50%.
O motivo disso é o crescimento da demanda por energia (em torno de 5% ao ano), a falta de investimentos em nova geração e a falta de diversificação do parque gerador -construção de termelétricas que não dependam de água.
Outro problema é que o sistema de linhas de transmissão, embora interligado na maior parte do país (é isolado na maior parte da região Amazônica), é insuficiente para que toda a energia que sobra no Sul e Norte (leste do Pará e Maranhão) se transfira para o Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
A falta de investimento acontece porque o governo decidiu privatizar o setor e congelou os investimentos das geradoras, todas estatais. O programa emergencial de termelétricas, criado em fevereiro do ano passado, ainda não deslanchou, porque deveria ter sido feito com dinheiro privado.


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