São Paulo, domingo, 20 de maio de 2001

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Governo concluirá só um terço das obras "prioritárias'

SÍLVIA MUGNATTO
HUMBERTO MEDINA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Das 44 obras de geração e transmissão de energia elétrica consideradas prioritárias pelo governo, só 14 (31,8%) devem ser concluídas este ano, de acordo com relatório de abril do Plano Plurianual de Investimentos. A partir desta semana, o governo começa a discutir como acelerá-las.
Os problemas de financiamento representam a principal dificuldade no momento. A idéia é fazer com que a Eletrobrás volte a investir mais no sistema.
Também se pretende resolver os problemas operacionais em relação aos financiamentos concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Nesta semana, o governo deve editar uma medida provisória que transfere o "risco cambial" dos projetos das termelétricas para a Petrobras. Os investidores aguardam essa definição porque não poderão repassar os custos de eventuais desvalorizações do real para as tarifas.
O principal insumo das termelétricas é o gás natural importado.
As 11 obras de geração prioritárias que devem ser concluídas este ano vão agregar 2.822 megawatts ao sistema. Mas três dessas obras -576 megawatts- são no Rio Grande do Sul, onde não há escassez de energia nem programa de racionamento. A conclusão de todo o programa prioritário até 2002 deve gerar 11.100 megawatts.
Entre as 22 termelétricas consideradas mais importantes, somente seis devem ser concluídas este ano. Das 15 hidrelétricas, o relatório cita a conclusão de cinco usinas. E entre as sete linhas de transmissão mais importantes, duas estão programadas para dezembro de 2001. A terceira linha deste ano é a Itaipu/São Paulo, que já está concluída.
As termelétricas Duke (SP), Termorio (RJ), Cubatão (SP) e Três Lagoas (MS), todas com previsão de término em 2002, não estão com os seus programas de financiamento acertados, segundo o relatório. No caso da Termoalagoas (AL), a obra nem foi iniciada.
No caso das hidrelétricas, pelo menos duas delas -Jauru (MT) e Guaporé (MT)- dependem de recursos financeiros e de linhas de transmissão para saírem do papel e poderem integrar o sistema.
A segunda etapa da usina de Tucuruí (PA) é uma das construções mais lentas e uma das poucas obras de geração com recursos públicos. As obras foram iniciadas em junho de 1998. Somente em novembro de 2002 deverá ser possível contar com mais 375 megawatts provenientes da usina.
A conclusão em 2001 das linhas de transmissão Lajeado/Miracema e Itá/Caxias ainda depende da solução de problemas relacionados aos proprietários das terras por onde elas devem passar.
O orçamento da Eletrobrás para 2001 previa investimentos de R$ 3,2 bilhões. Obras que estavam na previsão orçamentária de 2001 aparecem na previsão de 2002.
O governo sabia desde dezembro do ano passado que haveria uma crise de abastecimento de energia. Relatório da Secretaria de Energia do Ministério de Minas e Energia, entregue a todos os ministros do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), informava, já na época, o seguinte: "Vem sendo cada vez mais difícil encher os reservatórios apenas com regimes de chuvas médios".
Ainda segundo o relatório, a falta de usinas termelétricas criou dificuldades para que se armazenasse energia nos reservatórios. Apesar do documento, entregue a todos os ministros, o tema não foi tratado como urgente pelo CNPE.



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