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Governo concluirá só um terço das obras "prioritárias'
SÍLVIA MUGNATTO
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Das 44 obras de geração e transmissão de energia elétrica consideradas prioritárias pelo governo,
só 14 (31,8%) devem ser concluídas este ano, de acordo com relatório de abril do Plano Plurianual
de Investimentos. A partir desta
semana, o governo começa a discutir como acelerá-las.
Os problemas de financiamento
representam a principal dificuldade no momento. A idéia é fazer
com que a Eletrobrás volte a investir mais no sistema.
Também se pretende resolver
os problemas operacionais em relação aos financiamentos concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Nesta semana, o
governo deve editar uma medida
provisória que transfere o "risco
cambial" dos projetos das termelétricas para a Petrobras. Os investidores aguardam essa definição porque não poderão repassar
os custos de eventuais desvalorizações do real para as tarifas.
O principal insumo das termelétricas é o gás natural importado.
As 11 obras de geração prioritárias que devem ser concluídas este
ano vão agregar 2.822 megawatts
ao sistema. Mas três dessas obras
-576 megawatts- são no Rio
Grande do Sul, onde não há escassez de energia nem programa de
racionamento. A conclusão de todo o programa prioritário até
2002 deve gerar 11.100 megawatts.
Entre as 22 termelétricas consideradas mais importantes, somente seis devem ser concluídas
este ano. Das 15 hidrelétricas, o relatório cita a conclusão de cinco
usinas. E entre as sete linhas de
transmissão mais importantes,
duas estão programadas para dezembro de 2001. A terceira linha
deste ano é a Itaipu/São Paulo,
que já está concluída.
As termelétricas Duke (SP),
Termorio (RJ), Cubatão (SP) e
Três Lagoas (MS), todas com previsão de término em 2002, não estão com os seus programas de financiamento acertados, segundo
o relatório. No caso da Termoalagoas (AL), a obra nem foi iniciada.
No caso das hidrelétricas, pelo
menos duas delas -Jauru (MT) e
Guaporé (MT)- dependem de
recursos financeiros e de linhas de
transmissão para saírem do papel
e poderem integrar o sistema.
A segunda etapa da usina de Tucuruí (PA) é uma das construções
mais lentas e uma das poucas
obras de geração com recursos
públicos. As obras foram iniciadas em junho de 1998. Somente
em novembro de 2002 deverá ser
possível contar com mais 375 megawatts provenientes da usina.
A conclusão em 2001 das linhas
de transmissão Lajeado/Miracema e Itá/Caxias ainda depende da
solução de problemas relacionados aos proprietários das terras
por onde elas devem passar.
O orçamento da Eletrobrás para
2001 previa investimentos de R$
3,2 bilhões. Obras que estavam na
previsão orçamentária de 2001
aparecem na previsão de 2002.
O governo sabia desde dezembro do ano passado que haveria
uma crise de abastecimento de
energia. Relatório da Secretaria de
Energia do Ministério de Minas e
Energia, entregue a todos os ministros do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), informava, já na época, o seguinte:
"Vem sendo cada vez mais difícil
encher os reservatórios apenas
com regimes de chuvas médios".
Ainda segundo o relatório, a falta de usinas termelétricas criou
dificuldades para que se armazenasse energia nos reservatórios.
Apesar do documento, entregue a
todos os ministros, o tema não foi
tratado como urgente pelo CNPE.
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