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Em 87, corte afetou mais Pernambuco e Bahia
ERILENE ARAÚJO
FREE-LANCE PARA AGÊNCIA FOLHA
Os Estados de Pernambuco e
Bahia foram os mais prejudicados
pelo racionamento de energia elétrica que aconteceu no Nordeste
entre 1� de março de 1987 e 18 de
janeiro de 1988, segundo um estudo feito pela Fiepe em 2000.
Para cumprir a determinação
do governo federal, as indústrias
dos dois Estados reduziram em
14% o consumo de energia.
Resultado: até 1998, Pernambuco não havia conseguido recuperar a produção industrial. A Bahia
levou quatro anos para retomar o
crescimento.
A assessora técnica da Fiepe
(Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco), Cláudia
Pereira, informou que o PIB (Produto Interno Bruto) da indústria
de transformação de Pernambuco caiu 20,2% entre 1986 e 1998.
No mesmo período, o consumo
de energia industrial caiu 26%.
Na Bahia, o PIB da indústria de
transformação cresceu apenas
22,03%, o segundo menor crescimento do Nordeste, enquanto o
fornecimento de energia industrial aumentou 4,73%.
Cláudia Pereira afirmou que "os
outros Estados do Nordeste não
sofreram um impacto tão forte
com o racionamento porque não
tinham um parque industrial com
a dimensão e a estrutura do de
Pernambuco e o da Bahia na época". A economista explicou que a
Bahia conseguiu retomar o crescimento industrial por conta do setor químico, ligado ao petróleo,
que é muito forte e responde por
mais de 60% do PIB industrial do
Estado.
"O setor químico de Pernambuco é ligado ao setor sucroalcooleiro, que sofreu uma queda na produção nesse mesmo período",
acrescentou Cláudia Pereira.
De acordo com o estudo da Fiepe, o PIB da indústria de transformação do Rio Grande do Norte
cresceu 99,3%, e o da Paraíba,
81,6%, entre 1986 e 1998. A oferta
de energia cresceu 121,05% e
155,1%, respectivamente, nesse
mesmo período.
Cláudia Pereira comentou que
"o crescimento da produção industrial nesses dois Estados coincide com a ampliação e a instalação de novas empresas no final da
década de 80 e durante a década
de 90".
O estudo da Fiepe mostra que,
no setor de transformação pernambucano, a indústria química
é a que mais consome energia
(21,7% do total), seguida pela de
produção de alimentos (20,2%),
têxtil (12,1%) e a de minerais não-metálicos (11,8%).
O racionamento de 1987 foi feito por cotas e, portanto, não houve apagão. Cerca de 5,3 milhões
de consumidores dos nove Estados do Nordeste, do sul do Pará e
do norte do Goiás (hoje Tocantins) foram atingidos, segundo informações da Chesf (Companhia
Hidro Elétrica do São Francisco).
O governo federal definiu cotas
fixas de redução de energia de
acordo com a classe. No primeiro
momento, o setor residencial teve
que reduzir 21% do consumo.
A indústria diminuiu 14%, o comércio, 20%, a zona rural, 15%, e
o serviço público, 10%. O percentual fixado para o poder público,
iluminação pública e consumo
próprio foi de 25%.
Em 1� de setembro de 1987 foram definidos novos percentuais.
Residências tiveram que economizar 15%, indústrias, 9%, comércio, 12%, serviço público, 5%.
A zona rural foi excluída do racionamento na segunda etapa. O
poder público, a iluminação pública e o consumo próprio tiveram que manter em 25% os percentuais de redução do consumo
de energia.
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