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Deputados taxam bônus da AIG em 90%
Decisão é resposta à revolta contra o pagamento de US$ 165 milhões a executivos da seguradora socorrida pelo governo dos EUA
Medida também afeta pagamentos de gigantes imobiliárias estatizadas, como a Fannie Mae, que planejava dar "superbônus"
DE NOVA YORK
Com uma rapidez nada
usual, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou ontem
por absoluta maioria lei que
permitirá ao governo americano recuperar quase a totalidade
dos US$ 165 milhões pagos em
bônus a executivos e funcionários da seguradora AIG.
A decisão, aprovada pela ampla margem de 328 votos contra 93, prevê o recolhimento
para o fisco de 90% do total dos
bônus pagos a executivos que
trabalhem em empresas que tenham recebido ajuda estatal.
Portanto, não vale apenas para
a AIG, embora a empresa tenha
provocado a medida. A decisão
vale para todos os bônus pagos
a partir de dezembro de 2008, o
que atinge diretamente a AIG.
A aprovação da medida foi
elogiada pelo presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, que disse que ela "reflete
exatamente o ultraje que vários
de nós sentimos em relação aos
exagerados bônus que a AIG
deu a seus funcionários".
O Senado dos EUA vinha trabalhando em uma decisão no
mesmo sentido, mas que prevê
recuperação pelo fisco de cerca
de 70% dos bônus pagos. Se
aprovado algo diferente no Senado, as duas Casas terão de
harmonizar as suas decisões.
A AIG foi estatizada pelos
EUA no ano passado (ainda na
administração George W.
Bush), quando um novo presidente, Edward Liddy, foi indicado pelo governo. Ela já recebeu US$ 173 bilhões em dinheiro público, e o Estado detém
hoje cerca de 80% da empresa.
Até aqui, a AIG é uma das
maiores beneficiárias de recursos estatais nesta crise. Ela se
converteu em ícone da revolta
dos contribuintes norte-americanos depois de anunciar pagamento de bônus mesmo tendo
acumulado prejuízo de aproximadamente US$ 99 bilhões no
ano passado -o maior da história corporativa dos EUA.
Como comparação, os bancos Merrill Lynch e Citigroup
perderam US$ 27,6 bilhões e
US$ 27,7 bilhões, respectivamente, no ano passado.
No caso da medida dos deputados, ela recai sobre executivos que tenham tido ganhos superiores a US$ 250 mil ao ano
(R$ 575 mil) em companhias
que receberam mais de US$ 5
bilhões de ajuda estatal. É o caso de Citigroup, Bank of America e de quase duas dezenas de
outras instituições. Ela também vale para a Fannie Mae e a
Freddie Mac, as duas gigantes
do financiamento imobiliário
estatizadas também em 2008.
A primeira, que perdeu US$ 59
bilhões em 2008, planejava pagar bônus de ao menos US$ 1
milhão a quatro executivos.
A autorização para o pagamento de bônus a executivos de
empresas socorridas com dinheiro público colocou em situação delicada o secretário do
Tesouro, Timothy Geithner.
Na semana passada, o governo Obama concordou em pagar
os bônus. Autoridades, inclusive o próprio Geithner, disseram em programas de TV no
fim de semana que não havia
mais nada a fazer. Diante da revolta geral, o presidente americano recuou, desautorizando as
declarações e dizendo que o pagamento de bônus pela AIG era
"inaceitável".
(FCZ)
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