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Maio é recorde em financiamento de imóvel
As 22.069 unidades contratadas são a maior quantidade dos últimos 20 anos; em valor, mês só perde para novembro
Dados da Abecip consideram financiamentos com recursos da poupança; no acumulado do ano, R$ 9,75 bilhões financiaram 95.956 unidades
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
As condições econômicas favoráveis ao financiamento habitacional, com prazos de pagamento que chegam a 30 anos e
juros em queda, levaram maio a
ter o maior número de unidades financiadas em um mês
(22.069), com recursos da poupança, dos últimos 20 anos.
Os dados são da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e
Poupança), que tem uma série
histórica desde 2000 e estimou
os números mensais anteriores
pelos resultados anuais. Em valores, os R$ 2,27 bilhões contratados só perderam para o
montante registrado em novembro. No acumulado do ano,
as 95.956 unidades financiadas
atingiram R$ 9,75 bilhões.
Para Luiz Antonio França,
presidente da Abecip, não há sinais de desaceleração. "O aumento dos juros não tem impacto tão representativo na TR
[Taxa Referencial], logo não
haverá grande aumento na
prestação", diz, referindo-se às
duas elevações da Selic no ano.
A opinião é compartilhada
por Teotônio Rezende, consultor da vice-presidência de governo da Caixa Econômica Federal. " A TR sofre impacto da
Selic, mas é muito pouco." Para
ele, mesmo se a taxa básica continuasse em declínio, os juros
dos financiamentos teriam
pouco espaço para cair, pois há
casos em que os empréstimos
com recursos da poupança já se
aproximam daqueles com dinheiro do FGTS -8,16% ao ano
mais TR para quem tem renda
familiar de até R$ 4.900.
Nos primeiros cinco meses
do ano, a Caixa financiou
75.273 unidades com recursos
do FGTS, totalizando R$ 3,69
bilhões. O valor é apenas 21%
maior que o de igual período do
ano passado devido a problemas com os empréstimos concedidos em parceria com Estados e municípios e com operações de material de construção.
Um dos destaques do PIB
(Produto Interno Bruto) no
primeiro trimestre, a construção civil puxou o crescimento
da indústria com alta de 8,8%
ante o mesmo período de 2007.
A alta foi a maior desde o segundo trimestre de 2004
(10,6%), considerando essa
mesma base de comparação.
Para Adalberto Cleber Valadão, vice-presidente da CBIC
(Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o segmento imobiliário vem alavancando o setor, mas, a partir do segundo semestre e principalmente no próximo ano, haverá
o impacto também das obras do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento).
Na avaliação do presidente
do SindusCon-SP (Sindicato da
Indústria da Construção Civil),
João Robusti, o crescimento no
primeiro trimestre deste ano é
muito mais significativo do que
o do segundo trimestre de 2004
porque, neste último caso, a base de comparação era fraca.
Uma preocupação para 2009 é
o efeito do aumento dos juros.
"O governo tem que rever essa
política de gasto público e o estímulo ao capital especulativo."
O presidente da Abramat
(Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), Melvyn Fox, concorda
que a alta dos juros é o único
freio para o setor.
Na opinião do economista da
FGV (Fundação Getulio Vargas) Paulo Gala, o governo deve
anunciar, em breve, medidas
para desacelerar a tomada de
crédito. Como as elevações da
Selic agravam a desvalorização
do dólar, diz, as restrições seriam uma forma de combater o
aumento da inflação sem piorar o problema cambial.
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