São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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FINANÇAS

Indicado para o BC deve ir ao Senado nesta semana; analistas já contam com alta dos juros na reunião do Copom

Investidor aguarda sabatina de Meirelles

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na última semana com cinco dias úteis de 2002, os holofotes estarão voltados para a sabatina de Henrique Meirelles, indicado para a presidência do Banco Central, para notícias sobre sua futura equipe de diretores e para a próxima reunião do Copom.
Inflação, rolagem da dívida pública e cenário externo continuam a preocupar, mas uma parcela de analistas diz que a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) pode começar a dar a tradicional melhoradinha de fim de ano.
Na tentativa de entender a linha de política econômica do novo governo, até aumento de juros pode vir a repercutir bem na Bolsa. Depois de uma primeira reação negativa à escolha para o comando do Banco Central, executivos do mercado já destacavam, no final da semana, o bom relacionamento internacional de Meirelles, que esteve à frente do BankBoston, nos Estados Unidos, por seis anos. A sabatina no Senado deve ocorrer nesta semana.
A crítica feita ao indicado de Lula é que Meirelles não seria um formulador de política econômica e geraria temor de uso político do BC, em razão de sua recente candidatura a deputado federal, apesar de sua desistência da diplomação.
"A nomeação melhora a percepção externa do Brasil. Linhas comerciais podem voltar em fevereiro, mas falta na nova equipe quem tenha as diretrizes estratégicas dos desafios macroeconômicos", diz o economista chefe do BBV, Octavio de Barros.
"Por isso, agora, o mercado quer conhecer a diretoria do BC", diz o consultor Alexandre Póvoa.
Os novos diretores do Banco Central, porém, só devem ser conhecidos em janeiro.
Na sexta-feira, era visível a melhora de humor. "Chegamos ao final do ano muito melhor do que imaginávamos", afirma Walter Mendes, da Schroder Brasil.
"O PT surpreendeu positivamente. O resultado pode ser a volta do crédito e a queda do risco Brasil gradualmente. A pressão cambial deverá ser inferior em 2003", diz Barros.
A bem sucedida rolagem de 92,9% do vencimento de US$ 1,7 bilhão em papéis cambiais na quarta-feira sugere que o dólar pode ficar menos pressionado.
"Mas o mercado pode tentar antecipar o próximo vencimento, marcado para o dia 2 de janeiro", diz Mendes.
Já há um consenso entre economistas de que o Copom (Comitê de Política Monetária) deverá elevar os juros básicos, (taxa Selic) na próxima quarta-feira. Mas há divergências quanto ao percentual de aumento: seria de um a três pontos percentuais.
"O aumento seria o caminho mais certo para diminuir juros lá na frente. Se houver ajuste mais forte, pode diminuir o peso nos ombros da política monetária", afirma Barros.

Inflação
Economistas estimam que os índices desta semana indicarão desaceleração da alta de preços.
Hoje sai o IGP-M de dezembro, que deverá apontar aumento de 3,4%, contra 3,8% do mesmo período em novembro. Amanhã será a vez do IPC-Fipe, que deve ter elevação de cerca de 2,3%, o que também indica queda em relação ao resultado anterior, assim como o IPCA-15, que deverá sinalizar redução de alta, apesar da elevação estimada em 2,8%.

Petróleo
A crise política na Venezuela, a tensão entre Estados Unidos e Iraque e, em menor medida, o anúncio de corte da produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) podem continuar a pressionar as cotações da commodity.


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