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FOLHAINVEST
BOLSA
Apesar da má fase da Bovespa, há papéis que chegaram a render 83% a mais que o Certificado de Depósito Interbancário
Ações mais rentáveis superam até o CDI
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar dos juros de quase 20%
ao ano e de a Bovespa estar no
vermelho, é possível encontrar
ações que batem o CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
Algumas ações subiram mais de
100% neste ano, enquanto o Ibovespa (Índice da Bolsa) acumula
no ano queda de 6,77%.
Em relação ao CDI, que é uma
taxa privada que os bancos negociam entre si ao trocar reservas, o
tombo do Ibovespa é bem maior,
de 14,68%. O CDI segue muito de
perto a Selic, a taxa de juros de referência do governo. O acumulado do CDI neste ano, até quinta-feira passada, está em 9,32%, e a
Selic, no período, está em 9,34%.
A pedido da Folha, a Economática elaborou uma lista com as 20
empresas mais rentáveis, que superaram o CDI, neste ano, até a
quinta-feira passada (veja quadro
ao lado). Só entraram na relação
papéis com boa liquidez (negociados com volume médio diário
de R$ 100 mil e que tiveram participação em pelo menos 70% dos
pregões da Bovespa).
Embora muitos tenham ganhado dinheiro com essas ações, nada garante a rentabilidade futura
desses papéis. Gestores recomendam analisar se as ações ainda
têm possibilidade de ganho, com
boas perspectivas de resultados.
Há, entretanto, na lista, empresas consideradas sólidas, com
boas perspectivas, como Petrobras, Bradesco, Unibanco, AmBev e Petroflex, entre outras.
"É preciso distinguir essas empresas que têm história de resultados de outras que tiveram algum
tipo de evento que provocou correção expressiva de preço", diz
Jorge Simino, da MS Consulting.
Das 20 ações selecionadas, 4 são
da área de energia elétrica. Mas o
setor é considerado complicado
por alguns analistas. Fundos nacionais e internacionais deixaram
de investir no setor por um tempo
e agora voltaram a vê-lo "com
bons olhos", segundo Valmir Celestino, gestor do Banco Safra (veja texto na pág. B5).
A número um da lista, a Transmissão Paulista ON, acumulou alta de 113,6% no período e expressivos 83% sobre o CDI. Foi impulsionada pelo anúncio de privatização da companhia.
A AES Tietê, também do setor
elétrico, é considerada de baixo
risco por alguns gestores porque
toda a sua geração de energia foi
vendida para a Eletropaulo, e a
um bom preço. "Por outro lado,
não tem muito potencial de crescimento, mas deve pagar bons dividendos", diz Celestino .
Bancos e teles
O segmento que mais se beneficiou, em 2005, com a melhor relação risco/retorno, segundo alguns
analistas, foi o de bancos.
O setor foi muito beneficiado
pela alta taxa de juros e pelo crescimento do crédito. Sem contar os
"spreads", que continuam altos,
lembra Celestino.
No caso do Unibanco, houve
enxugamento do quadro de funcionários, com corte de custos.
Havia a perspectiva de o banco
melhorar, o que foi comprovado
pelos resultados no primeiro trimestre. O Bradesco também teve
bom desempenho. Foi a instituição financeira com o maior crescimento na taxa de crédito. E teve
maior retorno em rentabilidade.
Segundo analistas, os resultados
desses bancos ainda devem vir
bem no terceiro trimestre deste
ano. "Mas, se o Banco Central
cortar juros mais agressivamente,
talvez não consigam a mesma
rentabilidade", diz Celestino.
Apesar de o setor de telecomunicações ter apanhado muito na
Bolsa no primeiro semestre, a Telemar Tele Norte Leste conseguiu
superar o CDI em quase 8%. As
ações preferenciais da companhia
estão negativas em 5% neste ano.
No caso da Tim Sul, "empresa-mãe da Telemar ON", a alta "resulta de especulação brava do que
ocorre no mercado de telecomunicações", afirma Simino.
Outros setores
Confira o panorama de algumas
empresas de outros setores, na
avaliação dos especialistas:
Guararapes: beneficiou-se da
taxa de crédito. Dona das lojas
Riachuelo, que vende muitos de
seus artigos, a companhia ganha
na produção, na comercialização
e no financiamento de clientes.
Tem boas perspectivas de crescimento, de acordo com Celestino.
Dasa: proprietária de laboratórios como o Delboni. Passou a negociar ações em Bolsa no ano passado. "Tem um histórico de crescimento por aquisições. A empresa prometeu entregar aumento de
20% dos negócios que tem, além
de agregar mais R$ 100 milhões
em novos negócios. Já comprou
dois laboratórios em 2005. O mercado acredita que continuará a
crescer com aquisições. "Não solta grandes resultados, mas deve
crescer, diz Celestino.
AmBev: problemas na Schincariol impulsionaram os papéis da
concorrente, pela possibilidade
de a companhia crescer em participação no mercado. A demora
na chegada do frio no Sudeste
também contribuiu para um bom
resultado nas vendas. A companhia também tem uma política de
recompra de ações.
Petrobras ON: ações subiram
também com a alta do barril de
petróleo, que nunca esteve tão alto. Mesmo que o repasse para o
consumidor não tenha acompanhado a elevação internacional, a
empresa beneficiou-se da queda
do dólar. Sem contar os sucessivos recordes na produção.
Net: o problema é a dívida. "Está em segmento que pode crescer,
mais em banda larga do que em
TV por assinatura. Se reestruturar
a dívida de forma salutar, é uma
empresa que pode crescer em
banda larga", afirma Celestino.
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