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Mais famílias fecham mês "no vermelho"
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de famílias que têm
fechado o mês "no vermelho"
cresceu desde o início do ano, segundo dados colhidos pela Sondagem de Expectativa do Consumidor, da FGV (Fundação Getulio Vargas), divulgada na semana
passada. Em maio, 28,3% das famílias pesquisadas declararam estar terminando o mês endividadas. Em janeiro, o percentual era
de 24,6%, segundo Aloisio Campelo, coordenador da pesquisa.
Segundo ele, esse indicador costuma sinalizar aumento do nível
de inadimplência, como uma espécie de "indicador antecedente".
"Há um risco de descasamento
entre a evolução da renda e do
emprego com o endividamento
das famílias, o que pode levar ao
aumento da inadimplência", afirma Campelo.
Em maio, o nível de inadimplência das pessoas físicas ficou
em 6,6%, praticamente estável em
relação a igual período do ano
passado. Esse percentual diz respeito a atrasos de pagamento de
15 a 90 dias. Nos 12 meses encerrados em maio, a inadimplência
cresceu apenas 0,1%, segundo os
dados do Banco Central.
Para o consultor Mauro Halfeld,
"a história do endividamento das
famílias está apenas começando
no país". Ela começou a tomar
forma após o Plano Real, com a
maior oferta de crédito, que desaguou numa crise de inadimplência no segundo semestre de 1995.
Com a expansão da oferta de
crédito pelos bancos, desde o ano
passado, o endividamento voltou
a crescer. "Além disso, a popularização do cartão de crédito e do
cheque especial resultou numa
concentração do endividamento.
Com os juros estratosféricos, esse
processo levou ao comprometimento maior da renda", afirma.
Segundo estimativa da Anefac, as
despesas com juros consomem
cerca de 30% da renda familiar.
A recomendação dos especialistas para sair "do vermelho" é trocar dívidas caras por outras mais
baratas, como o empréstimo consignado, que cobrava taxa de
35,6% ao ano em maio, contra
147,6% do cheque especial.
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