São Paulo, segunda-feira, 11 de julho de 2005

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Mais famílias fecham mês "no vermelho"

DA REPORTAGEM LOCAL

O número de famílias que têm fechado o mês "no vermelho" cresceu desde o início do ano, segundo dados colhidos pela Sondagem de Expectativa do Consumidor, da FGV (Fundação Getulio Vargas), divulgada na semana passada. Em maio, 28,3% das famílias pesquisadas declararam estar terminando o mês endividadas. Em janeiro, o percentual era de 24,6%, segundo Aloisio Campelo, coordenador da pesquisa.
Segundo ele, esse indicador costuma sinalizar aumento do nível de inadimplência, como uma espécie de "indicador antecedente". "Há um risco de descasamento entre a evolução da renda e do emprego com o endividamento das famílias, o que pode levar ao aumento da inadimplência", afirma Campelo.
Em maio, o nível de inadimplência das pessoas físicas ficou em 6,6%, praticamente estável em relação a igual período do ano passado. Esse percentual diz respeito a atrasos de pagamento de 15 a 90 dias. Nos 12 meses encerrados em maio, a inadimplência cresceu apenas 0,1%, segundo os dados do Banco Central.
Para o consultor Mauro Halfeld, "a história do endividamento das famílias está apenas começando no país". Ela começou a tomar forma após o Plano Real, com a maior oferta de crédito, que desaguou numa crise de inadimplência no segundo semestre de 1995.
Com a expansão da oferta de crédito pelos bancos, desde o ano passado, o endividamento voltou a crescer. "Além disso, a popularização do cartão de crédito e do cheque especial resultou numa concentração do endividamento. Com os juros estratosféricos, esse processo levou ao comprometimento maior da renda", afirma. Segundo estimativa da Anefac, as despesas com juros consomem cerca de 30% da renda familiar.
A recomendação dos especialistas para sair "do vermelho" é trocar dívidas caras por outras mais baratas, como o empréstimo consignado, que cobrava taxa de 35,6% ao ano em maio, contra 147,6% do cheque especial.

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